Um protesto organizado pela Frente Popular contra as Privatizações reuniu, em 6 de agosto, centenas de pessoas no Recife para exigir que a governadora Raquel Lyra (PSD) interrompa o plano de privatização do metrô e a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
Clóvis Maia e Jesse Lisboa | Redação PE
TRABALHADOR UNIDO – Convocado para o dia 06 de agosto pela Frente Popular Contra as Privatizações em Pernambuco, um grande ato marcou a capital pernambucana, exigindo da governadora do estado, Raquel Lyra (PSD), o fim de sua política de privatizações, que tem na mira o metrô do Recife e a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), que já possui parte dos serviços entregues ao setor privado por meio das Parcerias Público Privadas (PPP) com a empresa BRK Ambiental, que é canadense e tem feito um péssimo trabalho no saneamento básico, água e esgoto.
Não por acaso, em mais de uma década atuando na Região Metropolitana do Recife, a BRK Ambiental — uma das principais representantes das chamadas parcerias público-privadas — aumentou em apenas 8 pontos percentuais a cobertura de esgoto, saindo de 30% para 38%. Isso mesmo depois de anos de propaganda vendendo eficiência e modernização.
E pior: boa parte desse aumento nem foi fruto direto da PPP. Foram as próprias construtoras nacionais, ao erguerem novos empreendimentos imobiliários, que fizeram as ligações de esgoto e até construíram Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs). Ou seja, a iniciativa privada lucra com o dinheiro público, não cumpre sua parte, e ainda recebe crédito por avanços que nem realizou. É mais uma prova de que esse modelo serve aos interesses dos ricos — e não à dignidade do povo.
A proposta do governo do estado é entregar a COMPESA para um contrato de 35 anos para os empresários. A resposta dos movimentos sociais tem sido o diálogo com a população e as denúncias nas ruas.
Unidade e luta
Contanto com a participação dos sindicatos dos Urbanitarios (SINDURB-PE), dos Metroviários, e com grande adesão da Unidade Popular, Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Frente Negra Revolucionária, PSOL, PSTU, PCBR e POR e contou com a também com a participação de Leonardo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular.
O ato se concentrou nas escadarias da entrada da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), seguindo em caminhada até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, onde uma comissão foi recebida pelo secretário estadual de recursos hídricos e saneamento e o secretário da casa civil, onde foi entregue pelos militantes uma carta denúncia com as reivindicações das categorias e sociedade civil organizada.
Falta diálogo com o povo, sobra para os empresários
Apesar das mobilizações e denúncias que vem sendo feitas desde o anúncio da proposta de privatização do metrô e da água no estado, o governo do estado mostra-se cada vez mais irredutível, com o argumento de que “é preciso privatizar para garantir melhorias”. Raquel Lyra segue sem ouvir a população e as categorias envolvidas, insistindo com a velha política de socializar o prejuízo e privatizar o lucro.
Contra essa política antipovo, racista e reacionária, o caminho é continuar mobilizados e dialogando com a população pernambucana e contra todo esse retrocesso. Privatizar água e o metrô dos pernambucanos é roubo. Não nos calaremos.
Privatização ameaça qualidade de vida dos trabalhadores
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) está sendo colocada na mira da privatização — um ataque direto à classe trabalhadora de Pernambuco. A luta por água na torneira e saneamento básico digno vem de longe e sempre esbarrou nos interesses das elites, que nunca aceitaram que o povo pobre tivesse acesso a esse direito fundamental.
Usam o argumento de que o setor privado seria mais eficiente, mas escondem que a maioria dos serviços já é terceirizada — obras, manutenção, cobrança e novas implantações já estão nas mãos de empresas privadas, que acumulam reclamações da população. Ou seja, o que querem é oficializar um modelo que já falha, mas que pode dar ainda mais lucro para poucos.
O que está por trás desse projeto é a velha lógica: usar dinheiro público para garantir lucro a empresas privadas, que ainda mandam esses lucros para fora do país. É um roubo institucionalizado, feito à custa da sede e da dignidade do povo.