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terça-feira, 26 de agosto de 2025

“Temos que fazer muito para gerar a consciência de classes”

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A Verdade entrevistou, durante o 29º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina, em Quito, Equador, o camarada Juan Batista. Ele é professor e secretário-geral da União Classista dos Trabalhadores da República Dominicana. Entre 25 e 28 de setembro, seu país sediará o 13º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas (Elacs).

Claudiane Lopes | Redação


A Verdade – A República Dominicana sediará o 13º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas. Como surgiu a ideia desse encontro e quais são seus objetivos?

Juan Batista – A Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas tomou a decisão de construir esse encontro depois de uma análise da realidade internacional, sobretudo, da classe trabalhadora.

Em 1998, realizamos o primeiro encontro com o tema dos impactos da política neoliberal na América Latina e no Caribe. A República Dominicana já foi anfitriã de várias edições do encontro, inclusive da primeira à quinta edição, de maneira consecutiva. Depois tivemos no Equador, na Venezuela, no México, no Brasil (em 2015) e na Colômbia. O tema deste ano é “O mundo do trabalho hoje”.

Quais são os principais desafios para a classe trabalhadora na América Latina e Caribe?

São muitos, na medida em que a exploração capitalista se aprofunda e se amplia com novas modalidades. Os sindicalistas em geral, mas, de forma particular, os revolucionários e militantes marxistas-leninistas dentro do movimento operário e sindical, devem dar respostas não apenas à situação concreta de cada um dos nossos países, mas também de modo global, já que a exploração se globalizou de uma maneira selvagem.

O capital se unifica, sua exploração é cada dia mais terrível, mais horas de trabalho. O imperialismo norte-americano, em primeiro lugar, tem gerado em nossa região toda uma ofensiva contra a classe trabalhadora e, nesse sentido, devemos continuar respondendo com uma visão muito mais unitária, com uma unidade de ação na região.

O avanço tecnológico no capitalismo está ligado ao aumento da exploração da classe trabalhadora?

A modalidade de trabalho virtual foi aproveitada pelo capitalismo para explorar ainda mais a classe trabalhadora. Além do trabalho forçoso que isso significa, física e mentalmente, ocorreu também que o salário diminuiu porque os trabalhadores, em casa, precisam gastar com energia e ferramentas de trabalho. Trabalhando de casa, então, há mais exploração. A exploração é dupla.

Mas é preciso destacar, obviamente, que a tecnologia é o resultado do desenvolvimento científico das classes trabalhadoras. Quer dizer, nós não temos por que maldizer a tecnologia, mas temos que ver como parte do avanço.

Qual é a importância de construir uma consciência internacionalista da classe trabalhadora? Deixe um recado para os companheiros do Brasil.

Adquirir consciência de classe é aumentar o compromisso para lutar pela transformação da sociedade. Fundamentalmente, a transformação por uma sociedade mais justa, de maior progresso e bem-estar para a classe trabalhadora e os povos. A consciência, tal como a estabelece o marxismo-leninismo, chega à classe trabalhadora de fora.

A partir do partido do proletariado que lhe chega a consciência política e ideológica. Do ponto de vista da luta econômica, o trabalhador e a trabalhadora são conscientes da explotação em que vivem. Então, para nós, tem muita significação do ponto de vista do propósito da transformação social, econômica, política e cultural das sociedades, a consciência da classe.

É um grande desafio também que tem o sindicalismo de classe revolucionário trabalhar a parte ideológica e política dos trabalhadores e trabalhadoras. Temos que fazer muito para gerar essa consciência, porque isso é o duradouro na luta de classes. Quando uma trabalhadora, ou um trabalhador adquire consciência de classe, não só econômica, mas consciência ideológica e política, milita imediatamente, sai das garras das orientações burguesas e assume compromisso de transformação.

As organizações dirigidas pelos sindicalistas revolucionários não só devem existir para lutar pelas reivindicações econômicas, mas também pelas reivindicações sociais e denunciar constantemente os níveis de explotação em que os trabalhadores e as trabalhadoras estão submetidos à classe exploradora.

Essa é a garantia para que os partidos marxistas-leninistas se fortaleçam, para que lutemos de forma consequente não só representando os demais setores oprimidos, mas, fundamentalmente, na medida que ingressem nas fileiras de nossos partidos, a classe operária. Nessa mesma medida, então, nossos partidos se fortalecem.

Os partidos marxistas-leninistas são tais não só por sua ideologia, mas também por sua composição orgânica. Então, é uma tarefa constante gerar a consciência de que os mais avançados da classe operária se organizam politicamente. Isso é a garantia para nosso triunfo.

Matéria publicada na edição impressa  nº318 do jornal A Verdade

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