Com a presença de dezenas de militantes de seis países europeus e da vice-presidente do partido, Samara Martins, a Unidade Popular (UP) realizou seu 2° Encontro Internacional na Europa entre os dias 21 e 24 de agosto, em Lisboa, Portugal.
Caroline Sabino e Leonardo de Souza | Lisboa (Portugal)
INTERNACIONAL – Entre os dias 21 e 24 de agosto, aconteceu o 2° Encontro Internacional da Unidade Popular (UP) na Europa. O evento ocorreu em Lisboa, Portugal, e contou com a presença de 60 militantes organizados em Portugal, Holanda, Áustria, Alemanha, Polônia e Irlanda. Entre os participantes, estava a vice-presidente da UP, Samara Martins.
O Encontro foi inteiramente organizado pelos próprios militantes, destacando o trabalho das companheiras, que foram fundamentais na organização, programação e logística. O evento também só foi possível por conta da grande campanha de autofinanciamento, composta por vaquinhas, rifas, vendas de bottons, livros, camisetas e artesanatos feitos pelos militantes, que, coletivamente, conseguiram viabilizar o aluguel do espaço e infraestrutura, bem como possibilitaram a vinda de todos os camaradas que precisaram de apoio para participar, sem importar sua condição financeira e em que país estivessem, incluindo nossa convidada especial do Brasil.
As refeições oferecidas no evento também representaram o avanço da luta. Todas elas foram preparadas por aliadas da Cova da Moura e Casal da Boba, bairros periféricos das comunidades de origem africana em Lisboa. Uma delas, Cláudia Simões, que cozinhou sua famosa cachupa (prato típico de Cabo Verde), é uma mulher negra que sofreu violência policial e foi condenada a oito meses em regime aberto e a uma multa de 400 euros por ter mordido o policial enquanto levava um mata-leão.
A construção internacional
“Vai avançar! A Unidade Popular!”. Foram com essas palavras de ordem que teve início o Encontro. A presença forte e calorosa da camarada Samara, com suas falas inspiradoras, rapidamente fez com que todos se sentissem mais à vontade. As falas que se seguiram foram emocionadas, com lágrimas e testemunhos dos militantes que tinham no Encontro a oportunidade de conhecer camaradas e compartilhar suas experiências. Ao final do primeiro dia, já estavam todos cantando as palavras de ordem como se fossem um só, e esse sentimento de camaradagem se estendeu por todos os dias.
A conjuntura internacional foi guiada pela leitura do texto da CIPOML. As guerras imperialistas, o genocídio em Gaza e a política expansionista dos EUA, China, Rússia e União Europeia sobre as nações e suas riquezas, além da situação na América Latina, foram o cerne das avaliações, que abordaram a importância da construção do partido nos diversos países da Europa. Além disso, foi debatida a precarização do trabalho, o crescimento do fascismo e os ataques aos direitos das mulheres e das pessoas LGBTIA+.
Samara também trouxe acúmulos dos movimentos sociais, presentes, por enquanto, apenas no Brasil. As experiências das ocupações do MLB, a formação do Movimento de Mulheres Olga Benario e suas casas de referência, o trabalho sindical do MLC, a combatividade da UJR e a recém-formada Frente Negra Revolucionária (FRN) ajudaram no entendimento da militância internacional sobre a importância dessas organizações que constroem a UP. Além de histórias incríveis, como a da camarada Valdete Guerra, que é homenageada em Lisboa dando nome a um dos núcleos.
Ao longo dos dias, também aconteceram diversos grupos de trabalhos temáticos. “A libertação da mulher numa perspectiva de classe”; “Colonialismo digital e a luta pela soberania” e “A vida dos revolucionários e a importância da saúde mental e física”, foram alguns dos 12 temas debatidos e que trouxeram diversas propostas para o trabalho internacional.
Luta internacionalista
O crescimento do número de participantes entre o primeiro e o segundo encontros; a consolidação do trabalho local em Portugal (Lisboa, Porto e Coimbra) e na Alemanha (Berlim); mais países com reuniões virtuais regulares e ainda outros com ao menos um militante são avanços da nossa luta internacionalista.
Um dos projetos apresentados foi o de soberania digital. Principalmente após a derrubada das redes do jornal A Verdade, tornou-se urgente nos libertarmos das BigTechs, seus algoritmos e IAs. A segurança de dados é um passo importante na luta internacional.
Outro ponto levantado foi a oportunidade de expandir o trabalho de A Verdade na Europa. Como dizia Lênin, “o jornal é um organizador coletivo”, é a voz da classe operária que desenvolve a revolução de forma consciente. Por isso, essa possibilidade vem sendo estudada, já que é de grande valor ter essa ferramenta na luta.
É importante ressaltar o aumento de mulheres na militância. Atualmente, a maioria das nossas camaradas estão na coordenação, como era possível ver nas mesas das plenárias e nas comissões do evento. O resultado foram falas de extremo valor das camaradas, algumas recém-filiadas, e a ampliação de formações baseadas na cartilha do Movimento de Mulheres Olga Benario. Entretanto, esse trabalho é permanente e não deve ser feito somente pelas mulheres.
Formação dos militantes
Muitos militantes não tiveram o acúmulo da luta de base e da formação revolucionária quando ainda moravam no Brasil. Inclusive, alguns ainda se encontram sozinhos em suas cidades, e a solidão é uma marca da vivência imigrante. No encontro foi possível sentir-se pertencente a algo maior, trocar experiências, dores e alegrias. Vínculo que vai além da amizade, pois é camaradagem.
O 2º Encontro Internacional foi um ponto fundamental na formação dos camaradas que vivem no estrangeiro. As trocas e o trabalho coletivo trazem um acúmulo valioso para a luta. A presença de camaradas que atuam no Brasil também traz um reconhecimento para o trabalho internacional, que tem sido feito com muito orgulho.
Aos camaradas do Brasil, queremos levar a mensagem que nossa luta avança e que a Unidade Popular, mais do que nunca, pode se considerar um partido internacionalista.
Avancemos, camaradas!
Matéria publicada na edição impressa nº320 do jornal A Verdade