Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, 246 jornalistas foram mortos em ataques israelenses desde o início do conflito na Faixa de Gaza, número que supera as mortes de jornalistas em ambas as Guerras Mundiais.
Felipe Annunziata | Redação
INTERNACIONAL – Nas guerras é comum o que é chamado de “censura militar”, um conjunto de regras impostas pelos exércitos para limitar o trabalho de jornalistas em noticiar conflitos armados. Israel, no entanto, adotou outra forma de censurar jornalistas palestinos: assassinar todos os que denunciam o genocídio na Faixa de Gaza.
Desde o início dos massacres, são 246 jornalistas assassinados em bombardeios direcionados, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas Palestinos. É o maior número de mortes de profissionais da imprensa de toda a História. Nem nas duas guerras mundiais morreram tantos jornalistas quanto agora, em Gaza.
Trabalhadores da imprensa de órgãos internacionais morreram porque denunciaram as atrocidades do Exército sionista. A maioria das imagens, das reportagens e dos dados do que ocorre na Faixa de Gaza o mundo só conhece graças a estes profissionais.
Um dos últimos massacres foi no Hospital Nasser, no dia 25 de agosto. Em quatro ataques, Israel matou mais de 20 palestinos, entre eles, cinco jornalistas. A desculpa desta vez é que as câmeras seriam do Hamas, quando eram da agência de notícias inglesa Reuters. O ataque foi televisionado ao vivo para todo o mundo através do canal al-Jazeera. Nas imagens, é possível ver as equipes de resgate sendo atingidas por um míssil israelense.
Esse massacre não foi o único que chocou o mundo. Um dos casos mais emblemáticos é o do jornalista Anas al-Sharif, que publicava na rede al-Jazeera e em vários veículos. O governo sionista de Israel comemorou sua morte, acusando o profissional de ser um “terrorista”. Mas a verdade é que as reportagens de al-Sharif eram as que tinham maior repercussão na imprensa mundial.
Essa é mais uma tática do genocídio, censurar palestinos assassinando seus porta-vozes. O ataque à imprensa palestina é mais uma prova de que, longe de ser a “única democracia do Oriente Médio”, como a mídia burguesa fala no Brasil, o regime sionista é autoritário e criminoso.
Povo é contra o massacre
Outro fato que marcou as últimas semanas foi o avanço da opinião negativa do povo brasileiro sobre Israel. Após dois anos de genocídio, segundo a pesquisa do Instituto Quaest, divulgada em 26 de agosto, 50% da população tem uma opinião desfavorável sobre Israel, enquanto que apenas 35% tem uma opinião favorável.
O resultado da pesquisa não é um fato isolado ou pequeno, mas resultado de meses de luta política encampada por movimentos sociais, organizações palestino-brasileiras, partidos de esquerda e da imprensa popular em esclarecer o povo brasileiro do caráter genocida da agressão que o povo palestino sofre. O regime sionista israelense conta, no Brasil, com importantes aliados na grande mídia, nas grandes igrejas, no mercado financeiro e dentro do Estado brasileiro.
É por isso também que Israel continua sua campanha para assassinar jornalistas palestinos, afinal, são eles que dão aos povos do mundo as verdadeiras informações do que ocorre em Gaza.
Matéria publicada na edição impressa nº320 do jornal A Verdade