Com uma proposta antipopular e contrária a tudo que tem sido feito e debatido no mundo em relação ao uso e o direito à água, a governadora do estado, Raquel Lyra (PSD), segue com o plano de privatizar a água em Pernambuco. Onde se privatizou, o serviço ficou pior e a conta mais cara, mas parece que não é do interesse do poder público, incluindo o governo federal, que apoia essa política que vai penalizar nosso povo, que olha apenas garantir os lucros para os empresários.
Airton Soares| Redação Pernambuco
Um recente relatório sobre o ano de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo IBGE em 22/08/2025, ficou constatado o que todos os pernambucanos já sabiam: Pernambuco tem um péssimo sistema de esgoto e distribuição de água. Pernambuco ocupa a 21ª colocação nacional em fornecimento de água e segue entre os estados com maiores fragilidades em saneamento básico. 39,7% dos lares dependem de fontes alternativas, como rios, açudes e caminhões-pipa e apenas 51,4% dos domicílios pernambucanos possuem ligação à rede ou fossa séptica conectada à rede geral.
Os dados assustadores, que provam que praticamente metade dos habitantes de nosso estado não tem ligação de esgoto, mostram o descaso histórico dos governos estaduais em conceder para a população pernambucana um bem básico, além de escancarar as contradições com o processo de privatização que está sendo conduzido pela governadora Raquel Lyra (PSD). A COMPESA é uma empresa milionária, possui um vínculo com o setor privado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) mas ainda assim, a maioria do povo pernambucano não tem acesso a água encanada e esgoto de qualidade.
A mídia burguesa esconde a verdade
Diante desses fatos vem a pergunta: se o serviço hoje que já é privatizado, ainda assim é ruim, qual o argumento para privatizar tudo? Mas não é essa a pergunta feita pela grande imprensa, pertencente a pequenos grupos interessados em defender os empresários. Pouco se fala dos problemas enfrentados pelos mais pobres em relação ao saneamento básico. Em artigo feito para o Jornal A Verdade, Daniel Albuquerque (técnico ambiental na cidade do Recife), vemos um histórico da COMPESA, suas origens nas lutas da classe trabalhadora e da participação popular para que tal serviço fosse regulamentado. Porém, o que vemos hoje são medidas de corte de investimento intencionais e incentivadas pela pressão internacional, que fizeram com que o serviço só fosse se deteriorando.
Por meio da PPP a empresa BRK Ambiental (canadense), tem feito um péssimo trabalho no saneamento básico, água e esgoto. Em mais de uma década atuando na Região Metropolitana do Recife, a BRK Ambiental aumentou em apenas 8 pontos percentuais a cobertura de esgoto, saindo de 30% para 38% a cobertura do serviço a que foi contratada. Pior: a empesa é uma das mais interessadas no processo de privatização de toda a empresa. Esses fatos a imprensa hegemônica simplesmente não mostra.
Privatizar é piorar o serviço e deixar a conta mais cara
A partir de 2013, a Agência Tocantinense de Saneamento (ATS), pública, passou a controlar os serviços de saneamento de 78 dos 139 municípios do estado. Quatro anos depois, em 2017, a chamada Odebrecht Ambiental foi vendida para a Brookfield Business Partners LP, uma empresa líder global em gestão de ativos, que em conjunto com outros investidores, assumiu hoje o controle de 70% da Companhia. Hoje, a empresa chama-se BRK Ambiental. A empresa privada segue responsável por 47 cidades tocantinenses, incluindo a capital Palmas, que, por serem mais populosas, são também as mais rentáveis. Mesmo com o vaivém e com a divisão público-privada, um levantamento feito pelo IBGE apontou que 70% dos tocantinenses vivem sem os serviços de saneamento básico. A mesma política ocorreu no Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo, Rio Grande do Sul e até o amazonas, entre outros.
Os dados de saneamento básico e distribuição de água em Pernambuco nos deixa indignados com tamanho descaso. Por isso que as mobilizações e as atividades organizadas pela Unidade Popular, junto aos servidores e o sindicato dos urbanitários contra essa política privatista mostra que só a mobilização é possível de mudar essa realidade. Do mesmo modo que a criação da COMPESA foi uma conquista do povo pernambucano, a sua manutenção, pública, de qualidade e com melhorias para a classe trabalhadora será garantido por meio dessa luta. Privatizar água é um crime contra o povo!