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domingo, 14 de setembro de 2025

O problema da moradia em Petrolina-PE

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Mesmo sendo uma das cidades mais ricas do nordeste brasileiro, Petrolina, no sertão pernambucano, sofre com a especulação imobiliária e o déficit habitacional promovidos pela especulação capitalista. 

Redação Petrolina


BRASIL- Em 2024, um estudo da Macroplan, empresa de consultoria, definiu Petrolina em primeiro lugar em qualidade de vida no Nordeste, e entre as 50 melhores do Brasil. Mas não é bem isso que vemos no mundo real. 12º maior PIB de Pernambuco e a cidade mais rica do fora interior, Petrolina fica às margens do Rio São Francisco, localização essa que permitiu o desenvolvimento de uma agricultura voltada ao cultivo de frutas, principalmente de mangas e uvas. Assim como é comum em outras cidades nordestinas, grandes famílias e empresários do agro lucram bilhões extraindo toda a riqueza para si. Um dos grupos que mais tem lucrado na cidade e região, são os imobiliários, que usam essa falsa impressão de uma “cidade dos sonhos” para subir o valor dos aluguéis e aumentar ainda mais o déficit habitacional local.

De acordo com dados apresentados pela Fundação João Pinheiro, em parceria com o Ministério das Cidades, com base em dados de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fator que mais influencia no déficit habitacional no Brasil é o valor exorbitante dos aluguéis. Em Pernambuco, o déficit habitacional atinge 143.634 lares (65%), do total de 221.115 incluídos no déficit habitacional. Em Petrolina, o último dado oficial da própria prefeitura, de 2021, aponta um déficit de mais de 50% nas moradias da cidade. Hoje, nas regiões mais próximas do centro da cidade, o aluguel subiu 68% nos últimos 4 anos.

 

Quem mais sofre é a classe trabalhadora

 Residente no Bairro João de Deus, Zona Oeste de Petrolina, a comunitária Poliana dos Santos é mãe de quatro filhos – um garoto de 12 anos e três meninas (de 8, 3 e 1 ano, respectivamente). Poliana foi contemplada em 2015 com uma unidade no Bairro Jardim Guararapes. No entanto, sua esperança em conseguir seu tão sonhado lar foi dando lugar ao desespero. O primeiro baque sofrido por ela foi saber que já havia uma família na casa pela qual tinha sido sorteada pela prefeitura. “Fiz contrato com o Banco do Brasil, estou pagando essa casa até hoje. Vai fazer sete anos no dia 17 de setembro que estou pagando essa casa, e nunca tive acesso, a não ser no dia da vistoria”, desabafa Poliana.

Poliana é apenas um dos vários casos de pessoas que não receberam suas casas. E como se isso não fosse suficiente, ainda existem golpes sendo aplicados. Denúncias sobre supostos representantes da Secretaria Executiva de Habitação de Petrolina explodiram em 2020. Os golpistas estariam visitando ocupações na cidade para oferecer facilidades no programa Minha Casa Minha Vida. Os farsantes estariam cobrando o valor aproximado de até R$1000,00.

Enquanto vemos as limitações de programas como o Minha Casa Minha Vida, e o crescimento das pessoas em situação de rua, atitudes como a jornada do último sete de setembro, tomada pelo MLB e tendo apoio da Unidade Popular e os movimentos que a constroem, mostram uma solução definitiva: um dos pontos do programa da UP defende: “Garantia de moradia digna, saneamento e coleta de lixo para todas as famílias brasileiras; destinar os imóveis abandonados para resolver o déficit habitacional; realização de uma profunda reforma urbana.”. Em Petrolina temos pelo menos 257 terrenos e imóveis abandonados de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Sustentabilidade (número subnotificado). Para além disso, a história arquitetônica da cidade está em risco por falta de tombamento. Ou seja, não bastasse o abandono da população, não há o cuidado com a própria história da cidade.

Depois de todos esses dados é importante perguntarmos: o que está errado? Como é possível que, mesmo com uma quantidade de imóveis superior à quantidade de famílias sem moradia, as pessoas ainda não tenham casa? Isso se deve pela lógica do capital. Na sociedade capitalista, a moradia é só uma mercadoria. Por ser uma mercadoria é mais lucrativo manter prédios e casas desocupadas para gerar o aumento do valor dos imóveis, uma escassez artificial, que faz o valor dos alugueis subirem sem nenhuma justificativa real. Apenas um governo formado pela classe trabalhadora, voltado para organizar a sociedade em torno de uma verdadeira reforma popular pela moradia, é que conseguiremos garantir casa para todos os trabalhadores e suas famílias, moradia digna e o direito básico de casa ser humano de morar dignamente. Enquanto isso não é possível, os movimentos continuarão ocupando terrenos abandonados pelo poder público, dando a eles a sua verdadeira função social. Independência é ter onde morar.

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