Pesquisa do Dieese revela que a cidade do Recife, capital pernambucana, registrou a maior alta dos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. Isso mostra que, mesmo com um governo progressista, só uma revolução pode mudar a realidade de nosso país, que só coloca na conta do pobre trabalhador o prejuízo das crises.
Jesse Lisboa| Recife
BRASIL- A política econômica dos governos a serviço dos ricos cobra seu preço, e quem paga a conta, como sempre, é a classe trabalhadora. Dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Dieese/Conab) revelam que o Recife registrou a maior alta no preço da cesta básica em 12 meses: 19,52%. Na prática, isso significa que comer ficou R$ 107 mais caro para o trabalhador recifense, que agora vê o conjunto de itens básicos custar R$ 655,46.
Os números do levantamento expõem um ataque ao poder de compra do povo. Além de liderar o ranking anual, Recife também apresenta a maior alta nos primeiros sete meses de 2025 (11,41%) e a maior variação mensal entre junho e julho (2,8%). Enquanto o tomate, a banana e o arroz disparam, o salário mínimo se mostra cada vez mais insuficiente para garantir o direito mais básico: a alimentação.
Este cenário não é um desastre natural, mas um projeto. É o resultado direto da política econômica neoliberal, que entrega o controle de preços à ganância das grandes empresas de supermercados e à especulação do agronegócio, mais interessado em exportar commodities para garantir o lucro de bilionários do que em colocar comida na mesa do povo brasileiro.
Trabalhador vende mais tempo de vida para poder comer
A forma mais cruel de medir essa exploração é o tempo de vida que o trabalhador é forçado a vender para não passar fome. Segundo o Dieese, em julho, um trabalhador recifense que recebe um salário mínimo precisou trabalhar 94 horas e 59 minutos apenas para comprar os itens da cesta básica.
Isso representa uma piora em relação ao ano anterior. Em julho de 2024, eram necessárias 85 horas e 27 minutos. Ou seja, em apenas um ano, o trabalhador pernambucano passou a vender nove horas e 32 minutos a mais de sua vida por mês simplesmente para adquirir a mesma cesta de alimentos. É a prova de que, sob o capitalismo, a vida do pobre vale cada vez menos.
A resposta para esse problema não virá de gabinetes ou de promessas eleitorais a cada dois anos. A solução está na organização popular e na luta, como já demonstram movimentos sociais combativos em todo o Brasil.
Enquanto os números da fome avançam, a luta do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) aponta o verdadeiro caminho. Diante da ganância dos grandes empresários, o povo organizado tem ocupado as grandes redes de supermercados — os mesmos que lucram com a alta dos preços — para exigir e conquistar milhares de cestas básicas para as famílias que mais precisam.
O alimento que o povo precisa se encontra estocado nos depósitos dos grandes atacadistas e nas prateleiras dos supermercados. Se o salário não pode comprar, a luta organizada pode conquistar. A única saída para barrar este projeto de miséria é fortalecer os movimentos populares, organizar a revolta e ir para cima dos verdadeiros responsáveis, mostrando que a classe trabalhadora não aceitará morrer de fome para garantir o lucro da burguesia.