Se a situação do transporte coletivo na região metropolitana já é terrível, no interior do estado a situação é ainda pior: passagens caras, estradas ruins, insegurança e rotas que dificultam a vida da classe trabalhadora ainda mais.
Isabella Morais e Clóvis Maia| Redação Pernambuco
BRASIL- Dentro do sistema capitalista tudo vira mercadoria e visa apenas o lucro de uma minoria. Quando o tal do lucro é ameaçado, vemos medidas ainda mais mesquinhas sendo tomadas para manter esse individualismo. É assim que podemos resumir bem a situação do transporte intermunicipal em Pernambuco e nas grandes cidades do país. Mesmo com milhares de trabalhadores precisando fazer uso do transporte intermunicipal na zona da mata, agreste e Sertão Pernambucano, seja para estudar, trabalhar ou mesmo para fazer um lazer cultural, temos visto uma outra realidade.
Empresas responsáveis pelo transporte para o interior estão defasando o serviço, o que deixou 80 cidades do interior com linhas de ônibus suspensas, horários reduzidos, frotas diminuídas, mais de 2 mil trabalhadores desempregados e paisagens mais caras. Tudo isso porque o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros de Pernambuco (SERPE), está pressionando o governo estadual para obter subsídios, isenções e garantias de manutenção de seus lucros com dinheiro público, enquanto oferecem um serviço de péssima qualidade para os usuários, que pagam pelo prejuízo.
O transporte intermunicipal é operado por sete empresas (Progresso, 1002, Borborema, Rodotur, Astrotur, Coletivos, Joalina e Logo Transporte) que transportam 1,3 milhão de passageiros por mês, segundo informações do próprio sindicato. Mas na verdade, o que se tem em jogo é a manutenção de um velho monopólio, onde famílias tradicionais locais repartem entre si a região para continuarem mantendo seus lucros.
Governo do estado não tem proposta de melhoria para o transporte intermunicipal
De família ligada a empresas de transporte, a governadora Raquel Lyra (PSD), entregou ao Progressistas (PP), de nomes como Ciro Nogueira, a direção do Departamento Estadual de Transito (DETRAN), o mesmo partido que, coincidentemente, tinha indicado também a presidência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos do Recife (CBTU-Recife), ambos cargos indicados por Eduardo da Fonte, figura conhecida da extrema-direita pernambucana. Enquanto isso a classe trabalhadora tem que pagar passagens caras, em ônibus sucateados e de péssimas qualidades e sem segurança.
Empresas como a Progresso, por exemplo, é uma das mais denunciadas no Procon em Pernambuco, e cobram passagens que custam R$240, em média, de Recife para Petrolina, ou R$130 para Serra Talhada, outro polo educacional no estado, que possui grande média de passageiros que estudam ou trabalham na cidade e região. Enquanto a governadora segue sucateando o transporte coletivo na região metropolitana- sem melhoria nos serviços e ainda subsidiando empresários com milhões dos cofres públicos- e tenta privatizar o metrô com apoio do governo Lula, temos que pagar o prejuízo de um transporte intermunicipal também sucateado. É sempre assim no capitalismo: socializam o prejuízo e privatizam o lucro. Por isso, quando os movimentos que compõem a Unidade Popular defendem tarifa zero, auditoria nos contratos dessas empresas e passe livre para estudantes e desempregados tentam esconder de todo jeito essas propostas. Na cara dura, os mesmos parlamentares e empresários que defendem a PEC da bandidagem ou são financiados com dinheiro público apresentam que a única solução é privatizar tudo. Querem, de toda forma, negar ao povo o acesso a essas informações e conhecimento.
Mas não é nada justo continuarmos sofrendo com um transporte de péssima qualidade para enriquecer um punhado de empresários e seus lacaios. Enquanto isso, usando a desculpa de que o transporte alternativo tem atrapalhado o serviço, os empresários oferecem um serviço sucateado, chantageando o poder público para obter mais lucros, igualando as mesmas benesses do já precarizado transporte coletivo da região metropolitana, que está longe de ser público, ao contrário, no capitalismo, só aumenta a possibilidade de adoecimento para a classe trabalhadora e mais lucros para uma elite, que ironicamente, simplesmente não usa o serviço que eles mesmos oferecem.