O combate as fake News e o negacionismo passa pela chamada “pós-verdade”, negação dos fatos mesmo que objetivamente comprovados, é preciso ser combatida, especialmente na luta em defesa da classe trabalhadora. Nesse sentido, continuar com um bom trabalho de base é fundamental e cada vez mais urgente e necessário.
Misa Aribel | Paraíba
OPINIÃO – A história prova que as revoluções nunca surgiram de lutas isoladas. Elas nasceram de ações organizadas e da consequência da luta de classes e suas contradições. Como Marx observou, a história de toda a humanidade é a luta de classes. E essa é uma das grandes verdades descobertas pela ciência e defendida pelo socialismo científica, que volta e meia é alvo de ataques pela extrema direita e pelo fascismo em todo o mundo, numa clara tentativa de manter a alienação e afastar a classe trabalhadora da verdadeira luta diária e cotidiana por uma revolução. O povo trabalhador tem seu potencial justamente em sua união enquanto classe, e é exatamente essa união que sempre foi alvo das mentiras, difamações e as atuais fake News para separar os trabalhadores do socialismo.
Fake News e a pós-verdade
Nos EUA, mesmo país responsável por matar líderes fundamentais para a luta de libertação como Martin Luther King e Malcolm X, a mais recente atualização da indústria das mentiras surgida e aperfeiçoada como uma verdadeira indústria e método promovida por nomes como Steve Bannon, que passou de um editor da Alt Right, organização de extrema-direita, em 2012, até ser escolhido chefe da campanha presidencial de Donald Trump em 2016, além de espalhar tal método pelo mundo. A criação e divulgação em massa das chamadas notícias falsas (fake News em inglês) não é uma tática nova, mas a forma de organizar esse método e sua difusão, sobretudo com a ascensão das redes sociais, gerando esse ambiente que se chamou de pós-verdade, ou seja, a negação da verdade e da realidade, mesmo que essa seja comprovada ou não.
Foi essa distorção da realidade, tendo como tônica o negacionismo. Foi assim que as mortes pela Covid-19, o uso das vacinas ou mesmo todos os golpes militares promovidos e apoiados pelos governos americanos foram (e são) negados até hoje. E é essa forma de distorcer a realidade para sustentar o fascismo, característica aliás, já denunciada por Geórgi Dimitrov em seu informe ao 7º Congresso da Internacional Comunista, em agosto de 1935. Articulada para a era digital, a nova forma de espalhar mentiras hoje é articulada pelo fascismo tem o mesmo objetivo de antes: A manipulação da informação que cria narrativas falsas para mobilizar as massas. Diferente da mentira comum – que ainda reconhece uma realidade objetiva –, a pós-verdade destrói o próprio conceito de verdade. Tudo vira subjetivo.
Trump soube usar isso em 2016 com a teoria conspiratória do “birtherism”, acusando Obama de não ser americano – alegando que sua eleição havia sido manipulada por ‘forças maiores’. A razão é substituída por “minha opinião” ou ” isso é sua versão”. Não há mais fatos, só opiniões. Essa relativização volta já era combatida por Marx e Engels quando reforçavam a ciência ao dizer que “é a vida material que molda nosso pensamento”. O que vivemos no dia a dia – trabalho, salário, propriedade – é que define nossas ideias. A verdade está nas condições reais, não nos sentimentos. Mas são esses sentimentos que estão sendo manipulados pelos fascistas, com a tática de dar respostas fáceis para questões complexas. E é essa a postura adotada por Trump em seu novo mandado, dessa vez, mais abertamente fascista, perseguindo imigrantes, minorias e atacando quem ele ache ser um entrave para seu projeto de manter os EUA no topo da disputa entre os países imperialistas.
Como já destacamos em O fascismo de Trump contra os imigrantes nos EUA, seu novo inimigo são os imigrantes latino-americanos, especialmente mexicanos e centro-americanos, transformados em bodes expiatórios para repetir a mesma estratégia de manter a ‘identidade nacional americana’, as custas de manter a narrativa do ‘inimigo externo’ ou de estar, sem precisar de provas, ‘protegendo os americanos de traficantes, bandidos e outras acusações infames aos imigrantes, a maioria classe trabalhadora e mantenedora dos serviços básicos utilizados no país.
Dois exemplos recentes mostram bem o quanto essa política é nociva: o presidente americano tem simplesmente tentado contra o governo da Venezuela, usando como desculpa mentira de que Nicolás Maduro teria ligação com o narcotráfico. Em solo americano, acusou, também sem provas, Lisa Cook, do Federal Reserve (o banco central americano) de fraude imobiliária, simplesmente por ela ser contra as medidas unilaterais dele. Não foi à toa que Bolsonaro negou aqui a fome e as mortes na pandemia, atacou as urnas eletrônicas e só passou a falar hipocritamente dos direitos humanos, quando condenado pela justiça. Ou seja, é o mesmo método nos EUA, Argentina, Brasil e outros países que adotaram o método de Steve Bannon.
A Verdade sempre mostra o caminho
Enfrentamos tempos difíceis. A extrema direita avança, o capital se expande e a desinformação é a moeda de troca desses influenciadores fascistas. Mas o sonho de justiça persiste no povo. Pulsa nas periferias, nas linhas de produção, nas fabricas, nas salas de aula, a necessidade e a urgência de superar do capitalismo. Isso exige de nós ter os pés na realidade. A importância da formação, da leitura e do diálogo entre nosso povo são armas fundamentais. Por isso é tão importante ferramentas como o Jornal A Verdade, que pelo simples fato de ser um jornal impresso, chegando quinzenalmente em todas regiões do país, além de manter um profundo diálogo com aquilo de mais urgente e importante ocorre em nossa sociedade, produz uma luta em defesa da leitura, do senso crítico, da reflexão crítica e do conhecimento.
O jornal denuncia quem explora, lucra e mente, quem são os explorados e oprimidos. Mostra as contradições gritantes entre fome e desperdício, desemprego e lucros recordes, quem de fato está ou não ao lado do povo. A Verdade expõe a violência do sistema. Fortalecer a verdade é afirmar fatos concretos: Há exploração, injustiças, mas há também caminho para superação. Essa é a força real que alimenta nossa chama revolucionária.