DCE da UFPR organiza estudantes em ato antifascista para barrar evento que promovia anistia para o fascista Bolsonaro e sua corja de golpistas. O evento foi cancelado e estudantes foram duramente reprimidos pela polícia militar
María Victoria e Felipe Tubiana | CURITIBA (PR)
JUVENTUDE – No dia 21 de agosto, estudantes da UFPR foram surpreendidos pela divulgação de uma palestra intitulada “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”, organizada pelo vereador de extrema-direita Guilherme Kilter (NOVO), que tinha o claro intuito de descredibilizar as ações do STF frente ao julgamento e punição aos fascistas do 8 de Janeiro, em especial o fascista Jair Bolsonaro.
Na própria divulgação do evento, o palestrante exibia foto com camisetas com os dizeres “Free Bolsonaro” (Bolsonaro Livre, em inglês) e “Fora Moraes”, referindo-se ao juiz do STF, Alexandre de Moraes.
Ao saber do evento, o DCE da UFPR, dirigido pelo Movimento Correnteza e outras forças políticas, convocou um ato antifascista em frente ao Prédio Histórico da UFPR, chamando todos os estudantes e entidades estudantis da universidade a denunciar o evento golpista e antidemocrático.
Fora fascistas da UFPR
No final da tarde, dezenas de estudantes e membros de movimentos sociais foram chegando para o ato. Do lado de fora do prédio, estudantes puxavam palavras de ordem. Depois de uma hora, ocuparam o local, formando uma corrente em frente ao salão onde aconteceria o evento. A agitação política se intensificou e os “palestrantes” foram recebidos pelas palavras de ordem “Recua fascista, recua!”, “Sem Anistia” e “Eu quero ver Bolsonaro na prisão”.
Graças à grande mobilização, o evento foi cancelado, mas os fascistas e sua equipe insistiram em permanecer no prédio. Começaram a insultar e ameaçar os estudantes, empunhando celulares com o intuito de fazer filmagens para seus famosos “cortes”. “Um segurança ameaçou quebrar meu braço, estou com o ombro todo machucado e todo roxo”, relatou Gabriel, estudante de Geografia e coordenador estadual do Movimento Correnteza.
Após a gigantesca pressão dos manifestantes, um dos provocadores foi expulso e colocado para fora da universidade. Enquanto isso, outro se escondeu em uma das salas do prédio. Aos prantos, ele alegou, falsamente, que havia sido sequestrado, com o objetivo de obter ajuda da polícia militar.
Repressão policial
Apesar de não ter autorização para entrar na universidade, a polícia invadiu o prédio e reprimiu com truculência os estudantes. Usando balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral contra a manifestação pacífica, atingiu várias pessoas. Um jovem negro, estudante de Ciências Sociais, foi arbitrariamente espancado até desmaiar, levado à delegacia e detido injustamente.
“Eles me pegaram com o escudo, me seguraram pela mochila e me jogaram no chão, me segurando pelas costas. Só pararam de me bater quando falei que era assessora parlamentar. Foram vários os tiros de chumbo, pois houveram estilhaços, só depois percebi o sangue”, relatou Ana Clara, estudante de Filosofia.
Mais uma vez, a polícia mostrou para que serve: ser o aparato de repressão e de violência de classe do Estado, para defender o interesse de fascistas provocadores e antidemocráticos ao invés de proteger os direitos da classe trabalhadora e dos estudantes. Depois da pressão do DCE junto à Reitoria, o estudante detido foi acompanhado pela equipe da universidade e solto no mesmo dia.
O ato foi concluído com uma enorme plenária, que denunciou a violência policial e declarou a vitória do movimento estudantil, que expulsou os fascistas da UFPR delimitando claramente que na UFPR fascista não se cria!