Estudantes ocupam sala abandonada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em jornada de luta contra o assédio
Yasmin Chagas | Coord. Estadual do Mov. de Mulheres Olga Benario
MULHERES – No dia 8 de outubro, estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em conjunto com o Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza, ocuparam uma sala abandonada no Campus do Vale da UFRGS, em Porto Alegre. O espaço, desativado desde antes da pandemia, foi transformado em um local de acolhimento e organização das mulheres estudantes, servidoras, professoras e terceirizadas.
A iniciativa surgiu como resposta a uma realidade preocupante vivida pelas alunas e trabalhadoras da UFRGS. Relatos de agressões na moradia estudantil, falta de iluminação nos campi e denúncias de assédio por parte de professores e alunos compõem um cenário de insegurança recorrente no ambiente universitário.
Organização e mobilização
Diante deste contexto, o Movimento de Mulheres Olga Benario iniciou uma campanha de enfrentamento ao assédio na instituição. Um dos primeiros passos foi a criação de uma ouvidoria popular, por meio da qual foram denunciados diversos casos de assédio ocorridos na universidade.
A mobilização cresceu rapidamente. Uma das ações que fortaleceram a rede de apoio entre as estudantes foi a criação de um grupo no WhatsApp com objetivo de documentar relatos de assédio, situações de insegurança e denúncias de negligência institucional.
O grupo reuniu mais de 390 mulheres de diferentes cursos e campi da Universidade. Como resultado da organização coletiva, no dia 2 de outubro foi realizado um ato em que as estudantes entregaram uma carta de reivindicações à chefe de gabinete da Reitoria. O documento solicitava a criação de um espaço institucional de acolhimento para mulheres vítimas de violência de gênero, assim como a abertura de creches para as mães estudantes e trabalhadoras, o afastamento e expulsão imediatos de todos os assediadores, ações permanentes de prevenção e formação voltadas à comunidade universitária, além da implementação de um canal de denúncias seguro e acessível.
Nasce a nova Ocupação
No dia 08 de outubro nasceu, então, a Ocupação de Mulheres Sarah Domingues, a 1ª ocupação de mulheres dentro da UFRGS. O espaço cumpre o papel fundamental de prestar assistência às universitárias e denunciar a inércia da Instituição, atuando como um ambiente seguro para todas as mulheres que trabalham e estudam na Universidade.
Na sociedade capitalista, que vê a mulher como um objeto, uma propriedade, espaços como a Ocupação de Mulheres Sarah Domingues tornam-se vitais para a nossa sobrevivência. A única maneira de acabarmos com a opressão sistêmica que sofremos é nos organizando para superar o modo de produção capitalista, que nos violenta dia após dia e nos impede de estudar com segurança e qualidade. Essa ocupação é mais um passo para a construção coletiva de uma sociedade livre de violências, uma sociedade socialista. E ainda, é a continuação de nossa camarada, Sarah Domingues, uma estudante comunista que será sempre lembrada por sua combatividade.