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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Teto de UTI infantil desaba em hospital no Recife

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O incidente ocorrido no hospital Barão de Lucena é uma demonstração da crise instaurada na saúde pública em Pernambuco. No início do ano a governadora Raquel Lyra (PSD) anunciou que daria uma reforma nos hospitais, mas a realidade que vemos no dia a dia é bem diferente.

Clóvis Maia e Evelyn Dionízio- Redação Pernambuco


 

SAÚDE- Na manhã da segunda-feira, 27 de outubro, parte do teto da UTI Neonatal do Hospital Barão de Lucena, no bairro da Iputinga, zona oeste do Recife, desabou. No local estavam seis leitos infantis e, felizmente, não houveram feridos. O ‘incidente’ deixa escancarado o abandono e o descaso na saúde em Pernambuco, especialmente por parte do governo estadual. O Hospital Barão de Lucena (HBL) é um dos maiores hospitais públicos de Pernambuco, que atua como hospital geral e maternidade, recebendo pacientes de todo estado e que no ano de 2024 atendeu mais de 100 mil pacientes. O HBL é hoje uma referência quando se trata de obstetrícia, residência médica e uma série de serviços especializados. Inaugurado em 1958, desde de 1992 o hospital é gerido pelo governo do Estado de Pernambuco e vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que vem sendo alvo de constantes ataques, mesmo no atual governo federal.

Descaso com a saúde da classe trabalhadora

No dia 13 de setembro de 2024 o Diário Oficial do Estado de Pernambuco anunciou a abertura de licitação para contratar empresa para realizar a manutenção preventiva e corretiva de diversos hospitais da rede do estado, incluindo o HBL, com valor estimado de mais de R$ 17 milhões. Na mesma licitação está o Hospital da Restauração, que, em agosto de 2025, passou o dia sem os elevadores, prejudicando pacientes e a equipe médica. O HR também faz parte dos “seis grandes” hospitais do estado.

Já em maio deste ano, mais um investimento: a governadora Raquel Lyra (PSD) anunciou um total de R$ 110 milhões para requalificar, ampliar e melhorar os serviços dos três maiores hospitais públicos de Pernambuco, além do Hospital da Restauração, o Otávio de Freitas, Agamenon Magalhães e o Barão de Lucena. Segundo anúncio do governo estadual, na época, o investimento no HBL seria de R$ 38 milhões para instalar 74 leitos novos, requalificar 10 antigos e construir um ambulatório pediátrico. Eis aí o resultado desse investimento.
O HBL teve um processo de licitação para uma das obras denunciado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) após uma das empresas envolvidas alegar problemas de condução do pleito por parte da Companhia Estadual de Obras e Habitação (Cehab).

O caos da terceirização da saúde pública

A realidade da saúde do estado é a preferência por encher os bolsos de empresas privadas e terceirizadas. A RM Terceirização, por exemplo, é responsável pela contratação de quase toda Secretaria de Saúde e de alguns cargos dentro dos diversos hospitais que a SES exerce gerência, como o Hospital Agamenon Magalhães, o Hospital Regional do Agreste (em Caruaru), Hospital Getúlio Vargas, Hospital Barão de Lucena e outros.

Para se entender como a transferência do dinheiro público para empresas privadas serve apenas para precarizar e beneficiar os ricos, os trabalhadores da limpeza da SES ficaram 2 meses sem receber salário após o processo de troca de empresas terceirizadas. Além disso, os terceirizados da RM estão passando por problemas em todo quinto dia útil: magicamente, ao receber o salário, o dinheiro dos trabalhadores ficam retidos no banco da empresa, chamada de BScash. A suspeita é de que há retenção proposital dos salários para o banco ganhar juros em cima do dinheiro dos trabalhadores. Nesse modelo de terceirização, os trabalhadores recebem 24,5% a menos que os servidores efetivados, conforme o DIEESE, além da enorme precarização e aumento das jornadas de trabalho pela dificuldade de fiscalização pela justiça do trabalho.

Além disso, o processo de compras a partir da licitação da Secretaria de Saúde é extremamente lento. Isso ocorreu após o Decreto Estadual 54.526 de março de 2023, que centralizou as aquisições de produtos pela SES, feita não mais pelos próprios hospitais, e com submissão a Secretaria de Administração. Isso faz com que os processos de compras de simples ataduras rolem há mais de 1 ano, além dos medicamentos, órteses e próteses e até de algodão.

 

Ricos se aproveitam do sofrimento da população

O colapso da saúde pública em Pernambuco e em todo o país é evidente. Pouco importa se a população pobre está morrendo, tendo que se deslocar, às vezes, até seis horas do interior para a capital, correndo risco de vida nas estradas de madrugada para conseguir tratamento.
As filas de pacientes nos corredores dos hospitais parecem não sensibilizar tais autoridades, que, obviamente, não utilizam o SUS para si ou para seus familiares. E essa é a ótica do sistema capitalista. Nem a recente pandemia mundial de COVID 19 ou as mobilizações e greves das enfermeiras denunciando esses absurdos parecem ser acolhidas, inclusive pela justiça.
No capitalismo, pobre morrendo é só um número. É um lucrativo negócio. Até quando vamos ver o teto dos hospitais caindo? Quanto vale a vida dessas crianças, mães e idosos na conta do capitalista?

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