A maior e mais cruel estratégia que a burguesia tem sobre o nosso povo é a sua capacidade por meio de sua propaganda ideológica de responsabilizar cada indivíduo sobre suas dores. Sendo assim, é essencial fazer o debate com nossos companheiros sobre cuidado físico e psicológico, mas não individualizá-lo, de modo que se nossos problemas são coletivos a solução também deve ser.
Mary Araújo | União da Juventude Rebelião (MA)
JUVENTUDE – Olhar em retrospecto para a história da humanidade é perceber que todos os povos oprimidos do mundo estão destinados a serem extraordinariamente livres, não por favor da corja de exploradores, mas pela revolta presente em cada indivíduo que experimenta as desigualdades e injustiças que o capitalismo impõe ao povo.
A dor dos chamados excluídos transpõem as barreiras territoriais, nacionais, continentais e inunda a cada pessoa que sofre com a expropriação da riqueza, o vil pensamento do lucro acima da vida. Lutar em tais condições do capitalismo global é mais do que um brado de liberdade, é um ato de amor profundo (por si mesmo e pelos outros), é quebrar um ciclo de silenciamento e ódio que aprisiona o povo trabalhador que tudo produz na desesperança. É querer mais do que uma promessa de conciliação e um pedaço do bolo, é querer “o bom, o justo, o melhor do mundo” e o bolo inteiro.
A juventude tem, dentro desse cenário, um papel significativo já que a revolta está inata dentro de cada jovem, como diria o Che “ser jovem e não ser revolucionário, é uma contradição genética”, por isso, cabe a juventude estar apta para exercer o seu papel em organizar a rebeldia e em transformar cada jovem em um quadro revolucionário e fazer de cada luta um passo a mais para a esperança da nova sociedade.
De todas as maravilhas do mundo o socialismo, de todas as lutas travadas a maior que os comunistas fazem é pela vida. Não baseada na sobrevivência de aguentar para lutar mais uma vez, não em morrer pela revolução, mas viver por ela. Doar todos os melhores e mais importantes dias para construir uma nação de novo tipo onde a aurora já começou a surgir.
Desse modo, é imprescindível que façamos o debate e acompanhamento sobre a importância do trabalho de cuidado consigo e com os outros em cada espaço, já que em uma sociedade que individualiza cada vez mais as mazelas que são coletivas o que sobra para nós, os jovens, é o desânimo e o adoecimento -seja ele emocional, físico ou mental. Devemos fazer a disputa de nossos companheiros não só ao nível de ganhá-los para estarem na luta, mas para decidirem viver além das dificuldades que esse sistema nos impõe.
Cuidado coletivo
A maior e mais cruel estratégia que a burguesia tem sobre o nosso povo é a sua capacidade por meio de sua propaganda ideológica de responsabilizar cada indivíduo sobre suas dores, de apresentar salvações individuais para questões coletivas e secundarizar os reais motivos para o adoecimento do nosso povo, o cansaço, falta de produtividade e descontentamento é automaticamente patologizado, a solução nós apresentada é a de remédios que não acabam, quando nossas necessidades são por vezes causadas pelo déficit vitamínico por alimentos de baixa qualidade, pela falta de tempo para exercícios físicos, pela dificuldade no acesso a lazer, cultura e entretenimento.
Sendo assim, é essencial fazer o debate com nossos companheiros sobre cuidado físico e psicológico, mas não individualizá-lo, de modo que se nossos problemas são coletivos a solução também deve ser. Devemos formar grupos de caminhada, datas para praticar exercícios físicos coletivamente, fazermos o acompanhamento sistemático de como está o acompanhamento psicológico dos companheiros e se eles fazem, como anda sua alimentação, seu sono, seus estudos gerais e sobre o marxismo-leninismo.
Devemos disputar a vontade de viver de nossos companheiros, pois se organizar é um ato de amor. Mas viver por isso é um ato de resistência.