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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Prisioneiras políticas paraguaias se levantam novamente contra a impunidade, o confinamento e a tortura

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Em greve de fome desde o final de novembro, militantes paraguaias denunciam perseguição, tortura e o fascismo por parte do governo. 

Redação


INTERNACIONAL- Após nove dias de greve, as prisioneiras políticas paraguaias Carmen e Laura Villalba e Francisca Dino retomaram uma nova greve de fome desde 27 de novembro. Não é um gesto simbólico: é o grito de quem enfrenta um cerco duplo repressivo. Por um lado, as condições desumanas e degradantes das prisões, típicas de um sistema que pune a pobreza, a insurgência e a militância comunista. Por outro, o isolamento político, que busca romper a organização da solidariedade humanitária e a capacidade de denunciar o desaparecimento de Lichita, o duplo infanticídio de María Carmen e Lilian, bem como as anomalias legais nos casos das três presas políticas.

A violência que enfrentam não é uma exceção, é a política prisional de um Estado que reproduz a lógica da contrainsurgência e a “Doutrina Bukele” exportada para toda a América Latina. Prisões superlotadas, suspensão de direitos básicos, punição coletiva, isolamento prolongado, negação de atendimento médico, proibição de estudo e leitura, censura das visitas, obstáculos administrativos para as visitas, tudo enrolado em um discurso de “segurança” que não é mais que governar pelo medo.

Esse modelo repressivo é a ferramenta do capitalismo dependente para lidar com as revoluções vivas. O aparato prisional funciona como um laboratório onde formas extremas de disciplina e desumanização são testadas — a mesma máquina que é então aplicada em territórios indígenas, bairros pobres e comunidades organizadas.

No entanto, nenhum regime de força apaga obrigações sob o direito internacional.

O Paraguai está violando abertamente:

  1. Regras Mandela: proibição absoluta da tortura, isolamento prolongado, punição coletiva e negação de assistência médica.
  2. Convenção Interamericana contra a Tortura: obrigação de prevenir, investigar e punir práticas degradantes.
  3. Convenção sobre Desaparecimento Forçado: dever de garantir a busca sem obstrução – incluindo a participação das famílias, que agora é negada a Carmen.
  4. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos: direito à integridade, à vida, à comunicação com o exterior, à educação, à defesa.

A nova greve de fome deixa claro que as presas políticas não estão apenas lutando para sobreviver, mas para desmontar um regime de terror institucional que visa a se tornar a norma continental. Em um país onde uma menina – Lichita – ainda está desaparecida, onde a mãe é proibida de participar da busca e onde prisioneiros são punidos por ler, estudar ou receber visitas, a responsabilidade política e histórica é quebrar o silêncio.

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