Nos dias 29 e 30 de novembro, a Unidade Popular de Minas Gerais realizou o 1º Encontro Estadual de Coordenadores. O objetivo foi preparar todos para as lutas do próximo período, compartilhar experiências e tornar coesa a formação e organização dos coordenadores.
Rafael Fumero e Karoline de Melo | Minas Gerais
A UP não é apenas mais um partido de esquerda no Brasil, afirmou o Diretório Estadual de Minas Gerais em sua última Resolução Política. Para tornar essa afirmação real, estabeleceu-se que é responsabilidade do Partido Antifascista do Brasil dirigir todas as lutas da classe trabalhadora no estado, o que só será possível com a organização funcionando de forma planejada, capaz de orientar a ação e ampliar o número de filiados, fortalecendo nossa construção rumo ao poder popular e ao socialismo.
Portanto, para estimular a campanha de filiações que estabeleceu a meta de dobrar o número de filiados mineiros, nos dias 29 e 30 de novembro foi realizado o 1º Encontro Estadual de Coordenadores, que reuniu mais de 30 pessoas de Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Itaúna, Nova Lima, Sete Lagoas, Montes Claros, Itabirito, Viçosa, Lavras, Uberlândia, Uberaba e Venda Nova.
O objetivo do encontro não era apenas formativo, mas um momento de socialização de experiências, exercício da análise de conjuntura e reflexão, compreensão da estrutura e organização do partido e confraternização.
Em um estado imenso, que conta com 853 municípios, o encontro foi essencial para demonstrar que essa diversidade não torna a luta da UP difusa, pelo contrário, a fome, a miséria e a exploração estão presentes em todos os locais, e só conseguiremos combatê-las se a Unidade Popular se tornar o partido da nossa classe.

A conjuntura e a nossa tarefa
Para iniciar o primeiro dia, compreendendo que as lutas são fundamentais na formação política, todos foram convocados a participar do ato de 29 de novembro, Dia Internacional de solidariedade com o povo palestino. Durante a atividade, os coordenadores de cidades do interior puderam vivenciar um ato de grande porte, conhecendo os desafios e potencialidades das diversas abordagens possíveis, os contratempos para filiar as pessoas nas lutas, a importância do planejamento dos nossos atos e manifestações, e a prestação de contas do jornal, juntamente dos contatos, após o término da atividade.
O trabalho com o Jornal A Verdade foi essencial para contextualizar o genocídio palestino e disputar a consciência da classe trabalhadora de Belo Horizonte, prova disso é o fato de termos vendido mais de 80 jornais e angariado vários contatos, que foram convidados para participarem de uma Plenária Antifascista (plenária de apresentação da UP).
A segunda etapa foi iniciada à tarde, para debater a conjuntura internacional. A partir da leitura da última nota da Unidade Popular, assimilou-se que ela está intimamente ligada com a realidade estadual, uma vez que a corrida armamentista para as guerras interimperialistas depende da exploração dos nossos minérios, como o lítio, que é utilizado nas baterias dos drones em Gaza e na favela da Penha, por exemplo.
Analisar a realidade é fundamental no acirramento da luta de classes. A partir disso, organizamos como, quando e onde iremos intervir para transformá-la.Nesse sentido, o conjunto dos participantes avaliou autocriticamente que devemos crescer entre as mulheres, pessoas pretas e trabalhadores operários, para sermos um partido de milhões, capaz de tocar todas as lutas.
A construção material, tarefa fundamental
“Se soubermos economizar a nossa mão de obra, os nossos bens e o nosso tempo, poderemos, com o que dispomos, multiplicar a nossa produção e a nossa possibilidade em todos os domínios”. Ho Chi Minh, 1952.
Ainda na tarde do dia 29, iniciou-se o debate sobre como devemos financiar as lutas que planejamos. Porque para agir, sobretudo no sistema capitalista, precisamos dispor de recursos e é a contribuição individual de cada filiada e filiado da Unidade Popular, garantida no 62° Artigo do Estatuto do partido, que mantém vivo todo o nosso trabalho. A Presidenta Municipal de Belo Horizonte afirmou: “as contribuições dadas ao nosso partido são os únicos recursos que não alimentam o sistema capitalista, mas sim a luta dos trabalhadores”.
Por isso, é papel de todo coordenador controlar politicamente esse pagamento, controle esse que não depende apenas de planilhas, mas de acompanhamento fraterno, da camaradagem e da disputa cotidiana para que todos compreendam que esses fundos garantem a autonomia política do partido e serão transformados em bandeiras, panfletos, fichas de filiação e demais materiais.
Outra tarefa fundamental é o financiamento de viagens intermunicipais, atividades de formação e das sedes, que serão o sustento que permitirá o crescimento da UP no estado.
Para cumprir o objetivo formativo do encontro, uma dinâmica foi proposta ao plenário: cada coordenador recebeu uma folha de papel e pode relatar dificuldades que sente ao desempenhar suas funções. Essas perguntas foram lidas e respondidas pelos membros do Diretório, buscando coletivizar os aprendizados.
A iniciativa se provou importante também para o próprio Diretório, que melhor compreendeu quais são os problemas enfrentados nas várias regiões do Estado e, propôs a solução: caso os núcleos continuem desenvolvendo um trabalho cotidiano de coletivização das tarefas e amplo contato com a população, as soluções serão compreendidas pelos filiados graças à aplicação da ciência do materialismo histórico-dialético ao trabalho cotidiano.
Sem organização não há revolução
No segundo dia do encontro, os debates foram direcionados às formas de melhor organizar o funcionamento dos núcleos, organismos de base do partido e essenciais para a construção das lutas no estado.
Iniciou-se com os informes de Agitação e Propaganda, que no ano de 2025, estiveram no centro dos debates da UP em Minas Gerais. Foi graças ao reconhecimento de que é necessário planejar a atuação dos filiados com o Jornal A Verdade, que as regiões puderam expandir o número de cidades em que atuamos, de núcleos funcionando, tudo isso alinhado ao crescimento do Jornal.
Para expor o exemplo do Centro-Oeste, Fernando Lopes, coordenador da região e membro do Diretório Estadual defendeu: “primeiro nós reunimos os filiados de todas as cidades da região, acompanhamos eles e entendemos quem eles eram e onde estavam, junto à isso, lemos matérias do Jornal, compreendemos sua importância, e incentivamos que cada um recebesse ao menos 15, para compensar o valor do frete. Assim, pudemos planejar para quais novas cidades enviaríamos jornais, expandindo nosso trabalho e, ao mesmo tempo, formando os camaradas”.
Em janeiro a região contava com apenas dois núcleos, que juntos contemplavam 30 jornais por quinzena, quando Fernando foi informado do plano de aumentar a cota de jornais para 300 em dezembro, iniciou as ações necessárias para alcançar a meta ousada.
Relatou: “hoje, nós temos mais de catorze cidades que recebem o Jornal, sendo seis toda quinzena e as demais esporadicamente. Entendemos também, que brigadas intermunicipais, contando com pessoas mais experientes de cidades com maior número de filiados, têm o potencial de expandir nossa atuação, porque a partir delas pegamos contatos, convidamos eles para as Plenárias Antifascistas e filiamos, formando assim esses novos núcleos”.

A Campanha de filiações: ainda é possível dobrar nosso partido de tamanho
Por fim, foi informado aos coordenadores que o objetivo de dobrar o número de filiados em Minas Gerais ainda é alcançável até o final de dezembro. Já ultrapassamos 50% da meta e, sobretudo graças às próximas lutas, a tarefa de filiar até alcançarmos mais de 2.000 filiados é um sonho que devemos sonhar na prática.
Para alcançá-lo, é necessário um duplo movimento: filiar direcionadamente a parcela mais explorada da nossa classe: mulheres, mães, negros e negras, operários, trabalhadores da 6×1, ou seja, proletarizar. Isso só será possível se unirmos as lutas ao processo.
É também preciso aprimorar a técnica, agilizar o preenchimento e registro das fichas e desburocratizar. Porque se a UP quer ser o partido do povo, suas portas devem estar sempre abertas à ele.
A segunda dinâmica formativa realizada, que também deu consequência à autocrítica percebida no primeiro dia, foi sugerida na edição nº 320 do A Verdade: “A comissão se dividiu em categorias representativas da classe trabalhadora: uma estudante; mãe trabalhadora da saúde com jornada de 12×36 e dois empregos; professora com dois empregos afastada das reuniões de núcleo; operária da indústria têxtil chegando na fábrica; e caixa de supermercado na escala 6×1”.
Cada coordenador exercitou a argumentação, o acolhimento e teve a oportunidade de aprender na prática como relacionar A Verdade, com as reuniões, plenárias de apresentação e acompanhamento individualizado dos filiados.
A camaradagem e o trabalho coletivo
“Só viverá o homem novo
não importa quando, um dia,
se os que por ele sofremos
formos capazes de ser
semente e flor desse homem”
Thiago de Mello
Tanto no decorrer da dinâmica e da confraternização, que eram atividades planejadas, quanto nos momentos de descanso e alimentação, a camaradagem e a coletividade se provaram aliadas do desenvolvimento do partido.
Dividir as trincheiras da luta antifascista e anticapitalista com a classe trabalhadora precisa ser reconhecido por cada filiado da Unidade Popular como um ato de solidariedade e acolhimento, sem demagogia ou presunção.

É urgente a necessidade de conhecermos cada um dos nossos camaradas, não permitindo que a ideologia burguesa individualista e os vícios capitalistas cooptem aqueles que um dia acreditaram na luta pelo Socialismo.
Precisamos manter juntos de nós cada filiado e filiada que está passando pelas mais profundas dificuldades do capitalismo, impedindo sua saída.
Não basta dobrar nosso partido, devemos transformar os núcleos no espaço em que exercitamos o Poder Popular; a contribuição financeira na materialização da tarefa histórica da classe trabalhadora; a venda do Jornal na propaganda pela sociedade sem exploração e; o ato de filiar no ato de unir nossa classe sob a bandeira que derrotará o capitalismo. É na medida em que fazemos isso, que alcançaremos todos os objetivos da Unidade Popular.