A juventude brasileira esteve presente no 25º Acampamento Internacional da Juventude Antifascista e Anti-imperialista (Eijaa), realizado entre os dias 3 e 10 de agosto de 2016, em Santo Domingo, República Dominicana, com uma a combativa delegação da União da Juventude Rebelião. Lá, tivemos a oportunidade de apresentar ao mundo os problemas de nosso país e denunciar os ataques fascistas do governo aos direitos do povo brasileiro e relatamos nossas experiências de lutas dos últimos anos, o extermínio da juventude negra, as greves da educação e a rebeldia dos jovens secundaristas que ocuparam escolas em todo o Brasil em defesa da educação pública.
Além do compromisso de promover lutas e intensificar a solidariedade entre os povos, saímos do acampamento com a tarefa de fortalecer o próximo acampamento, que desde já exige nossa preparação e trabalho. A seguir a declaração final aprovada pelas centenas de jovens presentes no Eijaa.
Kate Oliveira e Douglas Lamounier, UJR
Declaração final do XXV Acampamento Internacional da Juventude Antifascista e Anti-imperialista
Em 10 de agosto de 2016 terminou o XXV Acampamento Internacional da Juventude Antifascista e Anti-imperialista (Eijaa), que começou no dia 3 de agosto, em Santo Domingo, na República Dominicana, sob o lema “Pela solidariedade, a paz e a liberdade”, e no qual centenas de jovens democráticos, progressistas, ambientalistas, de esquerda, feministas, antifascistas, anti-imperialistas e revolucionários se reuniram para analisar as realidades de cada povo, provenientes de Porto Rico, Equador, Haiti, Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Inglaterra, Venezuela, Turquia, Alemanha, Brasil e México.
Foram dias de importantes trabalhos e análises aprofundadas sobre as questões tratadas que, junto às atividades culturais e esportivas, promoveram a integração dos países e dos povos participantes. Uma parte fundamental das juventudes que protagonizam as mudanças no mundo e que lutam em diferentes continentes e regiões do planeta se concentrou na República Dominicana para discutir suas realidades, difundir suas demandas e acordar as tarefas internacionais dos jovens que anseiam profundas transformações para seus povos.
Os debates realizados durante o acampamento refletiram os problemas comuns que têm os jovens do mundo: desemprego, exploração, falta de acesso à educação, discriminação e criminalização, entre outros, que o sistema capitalista nos coloca de forma permanente, assim como a outros setores sociais de cada um dos nossos povos.
As reflexões realizadas durante o acampamento nos mostram que os inimigos das juventudes e dos povos do mundo são comuns: a classe dominante de cada um dos nossos países, a burguesia; as potências imperialistas que procuram em todos os momentos afirmar a dependência econômica, cultural e política de nossos povos; os monopólios internacionais que se instalam em nossas terras para saquear nossos recursos naturais e condenam os trabalhadores a jornadas de trabalho de baixa remuneração. Declaramos então que os adversários fundamentais dos direitos e interesses das juventudes e dos povos do mundo são o capitalismo e o imperialismo.
Em diferentes países, a sede de lucros do imperialismo promove uma tendência ao fascismo em determinados Estados e para isso empregam a violência mais reacionária, promovem a criminalização do protesto social, o terrorismo, o tráfico de drogas, o paramilitarismo, e, através destes mecanismos de intimidação e opressão, procuram conter a decidida luta que é realizada nos diferentes países onde ocorrem e se agravam estes fenômenos.
Neste contexto, em 10 de outubro de 2015, em Ancara, Turquia, ocorreu um atentado a uma mobilização de setores democráticos que rejeitam a política repressiva e antipopular do regime de Erdogan, deixando 245 feridos e 95 mortos, quatro dos quais eram companheiros jovens que dois anos antes fizeram parte do XXIV Eijaa realizado em Izmir, Turquia.
Em 3 de fevereiro de 2014, um militante comunista do estado de Morelos, México, Gustavo Alejandro Salgado Delgado, que iniciou sua ação política no XIX Eijaa, foi assassinado pelo Estado mexicano. Hoje, as juventudes do mundo levantam as bandeiras da justiça desses companheiros caídos, denunciam as ações repressivas destes regimes e sua fascistização, reflexo de sua fraqueza, porque as instituições perderam a hegemonia e já não têm a capacidade de continuar a governar como faziam antes.
Durante a realização do XXV Eijaa, os jovens da Venezuela, organizações populares e setores da esquerda sofreram o desaparecimento forçado e o posterior assassinato do camarada Julio Blanco, que fazia parte dos colaboradores e organizadores do XXIII Acampamento Internacional promovido naquele país em 2012.
Para os nossos camaradas caídos em meio à luta, que conosco e com milhares de homens e mulheres sonhavam e sonham com um mundo diferente, no qual todos e todas seremos verdadeiramente livres, elevamos nossas vozes e levantamos nossos punhos exigindo justiça e prisão para os responsáveis. Assumimos o compromisso férreo de continuar seus combates em cada um dos nossos países até alcançar a vitória.
Nós, que participamos do XXV Eijaa, viemos de diferentes rincões do planeta e discutimos nossas lutas e combates: na Europa, centenas de milhares de jovens tomaram as ruas para rejeitar as reformas trabalhistas neoliberais destinadas a cortar direitos dos jovens trabalhadores, submetendo-os a jornadas de trabalho cada vez mais fortes, com a diminuição dos salários, num contexto em que os estados capitalistas reforçam suas políticas de ajuste antioperárias, antipopulares, e buscam que o seu peso recaia sobre os povos e as suas consequências sejam assumidas pelos povos, os trabalhadores e as juventudes. Na América são levantadas as bandeiras pela defesa de uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade e de livre acesso, contra os regimes de direita corruptos e discriminadores da juventude que nos regem; exigimos mais orçamento para as áreas sociais, rejeitamos as leis e as políticas antipopulares que nos diferentes países cortam os direitos e liberdades da juventude. Em todos os cantos do globo sonhamos e lutamos permanentemente para conquistar um mundo radicalmente distinto ao que nos dá o capitalismo e nos sujeita o imperialismo; lutamos pela vida e pela liberdade, por uma democracia real para que aqueles que geram a riqueza sejam os que possam definir o futuro de nossos povos.
Com a mesma força e intensidade com que discutimos nossos problemas, expressamos nossa solidariedade com os povos que lutam por sua independência, pelo reconhecimento de seus territórios como a Palestina e o povo curdo, contra os deslocamentos forçados, as políticas discriminatórias que legitimam as guerras e a fome a que o capitalismo e o imperialismo submetem milhões de homens e mulheres em países como Quênia, Somália ou Haiti.
Expressamos nossa solidariedade e apoio aos homens e mulheres do mundo que se encontram em condição de refugiados, produto das agressões promovidas pelas potências imperialistas, que ocorrem em regiões como o Oriente Médio. Condenamos as guerras imperialistas que procuram saquear os recursos dos povos; rejeitamos as intervenções das potências mundiais que procuram expandir suas zonas de influência e aumentar seus níveis de submissão; não queremos mais guerras nas quais os jovens são forçados a ser buchas de canhão da violência do sistema; exigimos paz e autodeterminação para os povos do mundo.
Destacamos o papel das mulheres como sujeito essencial das transformações sociais e do desenvolvimento produtivo dos povos; reconhecemos e rejeitamos as condições de superexploração e violência estrutural das quais são vítimas. Rechaçamos todas as expressões de discriminação e opressão de gênero, as mesmas que condenamos por seu caráter patriarcal e misógino, próprios do sistema capitalista-imperialista.
A unidade dos trabalhadores do mundo é fundamental para que nossas demandas e aspirações sejam cumpridas. Para deter as políticas de terror dos Estados capitalistas é essencial reforçar o princípio do internacionalismo, promover a solidariedade entre os jovens do mundo. A unidade dos jovens, dos trabalhadores e dos povos se constrói através da troca de experiências, da discussão ampla e democrática de nossos problemas, da construção de acordos políticos que denunciem os males do capitalismo e do imperialismo em todos os cantos do planeta, do acompanhamento e apoio às lutas que se dão nos diferentes países e, principalmente, da luta e da mobilização que desenvolvemos em cada um dos nossos países em defesa dos nossos direitos, interesses e os de nossos povos. Só assim poderemos parar o saque, a guerra, o fascismo e toda a política imperialista imposta contra amplas maiorias submetidas e exploradas pelo capitalismo e o imperialismo.
Este acampamento é um reflexo da alegria e da rebeldia das juventudes do mundo, do caráter renovador daqueles que se sentem insatisfeitos e exigem transformações profundas em cada um dos nossos países. Todas as energias dos jovens do mundo, todos os combates que realizamos devem ser dirigidos em uma só direção, contra o capitalismo e o imperialismo, para quebrar as cadeias de exploração, dominação, opressão, discriminação e dependência que nos submetem. E devem ser dirigidas a mudanças profundas, que garantam a vitória dos processos de emancipação de cada um dos nossos povos. O curso que devem assumir os jovens do planeta que lutam contra o capitalismo, o imperialismo e o fascismo deve ser a revolução e a construção de uma nova sociedade, uma sociedade socialista.
Que se levantem a voz, a luta e a unidade da juventude antifascista e anti-imperialista do mundo!
Santo Domingo, República Dominicana, 10 de agosto de 2016.
Coordenação Nacional Estudantil
Juventude Revolucionária do Equador (JRE)
União da Juventude Revolucionária do México
Movimento de Organizações Populares – Haiti
União da Juventude Rebelião (UJR) – Brasil
Federação de Estudantes Camponeses Socialistas do México
Delegação de Porto Rico
Corrente de Jovens Antifascistas e Anti-imperialistas
Juventude Caribe – República Dominicana
Frente Estudantil Flavio Suero – República Dominicana