UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 23 de novembro de 2024

Dia dos Professores: reflexões e lutas a construir

Outros Artigos

O dia dos professores têm como referência,15 de outubro de 1827 durante a recém proclamada independência do Brasil, quando D. Pedro I, ordena a criação de estabelecimentos de ensino básico pelo país. O ato do imperador definia, entre outras coisas, um critério de um salário base e métodos de contratação dos profissionais e o conteúdo que se deveria ensinar. Mas a data ganhou caráter oficial durante o breve governo de João Goulart através da Lei federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963 que decreta:

“Para comemorar condignamente o Dia dos Professores, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias.”

A partir de então, esta data passou a ser considerada feriado pelas milhares de escolas espalhadas pelo país além de um período de felicitações, elogios e principalmente reflexões por parte de nós, profissionais do ensino sobre a importante do papel por nós desempenhado, mas,ao mesmo tempo sobre como tem se tornado penosa a continuidade de nosso oficio. Diversos estudos apontam estas dificuldades que vão desde os baixos salários, a desvalorização profissional, os adoecimentos dos mais diversos causados pelo exercício, etc. Para nós cabe a breve reflexão sobre alguns destes pontos.

Sob a perspectiva salarial nossa luta é histórica. Diversos são os governos,tanto a nível municipal, estadual e federal, que negligenciam a reposição salarial adequada. E, diante de crises economias como a que estamos enfrentando, eles – os governos – infelizmente, priorizam a destruição de nossos planos de carreira, o congelamento ou parcelamento dos salários, enfim. A luta pela implantação do Piso Salarial Nacional foi longa, mesmo tendo passado mais de dez anos de sua aprovação. Diversos estados e municípios ainda não o implementaram, e além disso as condições para sua efetivação se tornaram mais incertas com as recém medidas aprovadas pelo governo Temer.Destacam-se especialmente, neste caso, o leilão do Pré-sal, que originalmente garantiria gordos investimentos para as áreas sociais, entre elas a educação, e a aprovação da Projeto de Emenda Constitucional (PEC) da morte – atual Emenda Constitucional (EC) 95 – que congela os gastos sócias por 20 anos. De fato, uma pesquisa internacional divulgada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alerta que o “professor no Brasil ganha menos e trabalha mais que os de outros países”.

A questão salarial em conjunto com as difíceis condições de trabalho leva os profissionais a desenvolverem uma série de doenças físicas e psicológicas. Para se ter uma ideia, um estudo realizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP)aponta que “40% dos professores afastados por saúde têm depressão”, ocasionados por salas de aula lotadas, excesso de trabalho, abandono por parte do Estado, péssimas condições de trabalho, além de o “Brasil liderar o ranking de violência contra professores”. Estes fatores têm contribuído para que cada vez mais profissionais abandonem a profissão e que,49% dos docentes não indiquem a carreira para um jovem”.

O caminho de lutas é a alternava

Mesmo com todas as adversidades citadas acima, os profissionais em ensino lutam diariamente dando o seu melhor primeiro, para construir uma educação de qualidade; segundo pela conquista e avanço de mais direitos, alguns previstos em lei; e terceiro, sendo protagonistas nas lutas nacionais e locais denunciando a retirada de direitos tanto dos educadores quanto as demais categorias profissionais. Esses elementos que provam o não corporativismo dos professores, pois quando lutamos por exemplo, contra a terceirização queremos impedi-la em nosso meio assim como não desejamos que nossos alunos e amigos sofram em função dela. Nas lutas contra a Reforma da Previdência também estivemos presentes em todo o país, denunciando seu caráter maléfico e extremamente prejudicial para nossa profissão. E assim também se deu nas lutas contra as Reformas Trabalhistas, PEC da Morte e tantas outras.

Se há algo para se comemorar neste dia dos professores é nossa capacidade de organização e disposição de luta, pois sempre estivemos presentes nas ruas e mais do que nunca precisamos ocupar estes espaços. O atual momento político, econômico e social pelo qual passamos ilustra a crise de valores e um cenário de intolerância precedentes à regimes totalitários. Por isso, defender uma educação de qualidade em uma escola laica que respeite as diversidades e atenda os interesses da maioria da população é uma luta não somente dos professores, mas de todos aqueles que desejam e lutam por uma sociedade justa.

Guilherme Amorim, professor de História e militante da Unidade Popular

FONTES:
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp)
Movimento Todos Pela Educação

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes