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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Bolsonaro gastou 47 milhões em propagandas para enganar o povo

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Nayara Ormalezi, analista de marketing e

dlkncJoão Gabriel, militante da UP em São Paulo  


Foto: Reuters

BRASIL – O fascista Bolsonaro, além de incentivar o fim da quarentena em seu pronunciamento recente e dizer que poderiam morrer 20 milhões desde que a roda do capitalismo se mantivesse girando, gastou questionáveis milhões de reais em recursos públicos com campanhas publicitárias criminosas contra o isolamento social e as medidas recomendadas pela OMS.

Na noite do dia 24 de março, Bolsonaro veio à público se posicionar a respeito da crise do COVID-19. De maneira irresponsável e criminosa, se opôs às medidas de isolamento social tomadas pelos estados que, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde e diversos cientistas, têm o objetivo de diminuir a exposição dos cidadãos ao vírus e “achatar a curva de contágios”. Com isso, Bolsonaro demonstrou seu descaso com a vida dos brasileiros e causou inúmeras reações nos mais diversos setores da sociedade. 

A própria mídia burguesa e políticos reacionários, comprometidos com a política neoliberal anti povo, como o tucano João Dória e Bruno Covas, reagiram em oposição a Bolsonaro. Por sua vez, populares inflaram os panelaços por todo Brasil e pelas redes sociais rechaçaram o discurso de morte do fascista Bolsonaro, reivindicando o fim desse governo com a palavra de ordem FORA BOLSONARO.

Apesar do discurso não poder impedir as medidas tomadas pelos estados, o governo Bolsonaro, mesmo em um cenário de crise, gastou R$ 4,8 milhões com uma propaganda nomeada de “O Brasil não pode parar”. A campanha tem como principal objetivo incentivar a população que não pertence ao grupo de risco a sair do isolamento recomendado pela OMS. Dessa forma, segundo o presidente, evitaria prejuízos à economia do país, colocando a manutenção dos lucros da burguesia à frente da vida de milhares de trabalhadores. Já na manhã do dia 28 de Março a Justiça Federal do Rio de Janeiro emitiu uma liminar que proíbe a veiculação da campanha.

Bolsonaro dessa vez retirou completamente a máscara de “pró vida” que ostentava em outros pronunciamentos, como no discurso realizado em 24 de Setembro de 2019 para abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no qual diz  “A vida é o mais básico dos direitos humanos”. Somando-se ao cinismo do governo, a ministra Damares Alves se manifestou em suas redes sociais afirmando: “Excelente o discurso de nosso presidente @jairbolsonaro. Palavras firmes e que atenderam aos verdadeiros anseios da população brasileira. Nosso país é soberano, pró-família e pró-vida”. 

Para o povo, que sofre na pele o desmonte do SUS ampliado pelo atual governo, essas palavras nunca esconderam que a saúde e a vida dos pobres é algo secundário para bolsonaro e seus ministros.

Não é de hoje que as campanhas veiculadas pelo governo de Jair Bolsonaro são de valores exorbitantes. 

Outra campanha milionária foi a “Agenda Positiva”, que custou R$ 40 milhões, veiculada em dezembro de 2019, na qual, em um comunicado distribuído à imprensa, Fabio Wajngarten, chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social, disse que a proposta da ação publicitária foi ecoar aos brasileiros os feitos do governo em seu primeiro ano de mandato. 

Além dessa campanha, o governo realizou em 2019 outra ação publicitária milionária para a divulgação da ID Estudantil, que na prática foi um ataque direto à política de auto financiamento de entidades estudantis que mostraram a disposição de luta do setor da educação após ataques do MEC às universidades e institutos federais. A medida provisória nem sequer foi apreciada pela câmara e perdeu a validade no dia 16 de fevereiro de 2020. A Folha de São Paulo mostrou que os gastos com a publicidade da ID Estudantil superaram R$ 2,5 milhões. 

Só com essas três campanhas publicitárias o governo jogou cerca de R$ 47,3 milhões no bolso dos donos de agências publicitárias e marketeiros.

Ainda não se sabe qual foi a agência responsável pela criação da campanha milionária mais recente. A agência Isobar, última agência a assumir campanhas do governo, que encerrou seus serviços no fim de março, negou a produção do vídeo da campanha. A próxima agência a assumir as campanhas será a iComunicação, tem o início do contrato a partir de abril de 2020. Em nota, a agência também negou a participação na campanha.

Ambas agências reúnem fatos que levantam desconfiança sobre os serviços prestados com custos tão altos. A primeira agência (Isobar), tem como diretor de atendimento e conteúdo o Elsinho Mouco, responsável pelas suas campanhas de Temer e do PMDB e presta serviços publicitários desde o governo Temer. Já a agência iComunicação tem seu CNPJ há apenas 18 anos, com a abertura em 29 de Abril de 2002, e no site oficial da agência, eles afirmam ter 37 anos de mercado – com diversos clientes como: Anatel, Caixa, Sebrae, entre outras empresas gigantes no mercado. 

Além disso, de acordo com o Jornal Extra Classe, Carolina Bazzi Morales aparece como proprietária da iComunicação, e no site Escavador, é apresentada como diretora celetista. Empresário experimentado no setor contábil, informou para o Jornal Extra Classe, que entende que, ao ser titular de uma empresa, Carolina não poderia ser registrada como funcionária.

O governo Bolsonaro emprega políticas de austeridade com a desculpa de não ter dinheiro, dizendo que o país está “quebrado” e só enxerga direitos do povo como alvos dos cortes de investimento, enquanto tem diversos ralos de dinheiro público dentro de seus gabinetes. Em um momento de pandemia mundial, o fascista Bolsonaro age de forma irresponsável em discurso e em prática. 

O momento exige que as recomendações da OMS sejam seguidas, que os mais pobres possam se proteger do contato com o vírus e ainda assim terem suas necessidades básicas, como alimentação e higiene, atendidas pelo estado.  Ao invés de pagar milhões de reais para agências que tem “rabo preso” disseminarem verdadeiras sandices, o governo precisa ampliar a renda mínima em quantidade de famílias atingidas pelo programa e em valor recebido por família.

Bolsonaro não está comprometido em assegurar a saúde do povo brasileiro, está preocupado com a saúde financeira de seus amigos empresários, já ricos. O que precisa “voltar à normalidade” é o rumo da política brasileira, e só tomará bons rumos nas mãos dos trabalhadores que são quem mais sofrem com esses descasos. Apenas um governo popular pode fazer a vida do povo ser prioridade no Brasil e esse momento deixa clara a urgência de construirmos essa alternativa, passo a passo.  

O poder popular nasce nos exemplos de solidariedade entre nós, trabalhadores pobres, como as brigadas organizadas por movimentos sociais nas periferias. Essas movimentações podem se fortalecer, tirar Bolsonaro do governo e trilhar novos rumos para a construção de um mundo verdadeiramente justo.

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