Leonardo Péricles
Unidade Popular Pelo Socialismo
BELO HORIZONTE (BH) – Nestas eleições, a Unidade Popular (UP) enfrentou uma legislação antidemocrática, com a cláusula de barreira, que impediu que o partido tivesse tempo de rádio e TV e acesso ao Fundo Partidário. Dessa forma, o tempo destinado aos partidos maiores e mais ricos favoreceu a que estes mantivessem, em termos gerais, a hegemonia nas prefeituras e câmaras municipais.
Em Minas Gerais, a campanha da UP se realizou com candidaturas próprias em três cidades: Itabirito, Nova Lima e Belo Horizonte. Em Itabirito, lançamos Sara Boratti como candidata a prefeita e Thomas Toledo como vice. Para vereador e vereadora, a UP lançou as candidaturas de Bella Mayrink, Felipe Martins, Kiko da Vila Alegre, Karlo da Radio e Tais Correia.
A companheira Sara destacou a importância da participação da UP nas eleições afirmando que historicamente a cidade é marcada pelo conservadorismo e pela conformação de apenas dois grupos políticos que dominam e controlam as leis da cidade. “As eleições em Itabirito foram um grande desafio. Primeiro pela situação da pandemia e segundo porque a Unidade Popular é um partido novo, com 11 meses apenas, e trouxe candidaturas populares, coletivas e combativas. Assim, apresentar uma chapa declaradamente antifascista, anticapitalista e socialista foi um ato revolucionário para a conjuntura municipal. Diferente das campanhas milionárias da direita, nosso trabalho foi marcado pela coletividade, disposição e coragem dos militantes de se colocarem nas ruas e ampliar o diálogo com um povo esquecido e explorado”, afirmou.
Em Nova Lima, houve uma aliança da UP com o PSOL para a Prefeitura. A UP lançou como candidato a prefeito o trabalhador eletricitário Jobert Jobão e o PSOL indicou a professora Roberta Zanon como vice. Para vereador e vereadora, a UP lançou as candidaturas do ambulante Anderson DVD; do trabalhador informal Guru; do policial rodoviário Edu Leite; da mãe e mulher negra Danda; da trabalhadora Eva Nunes e de Dona Lígia. A chapa obteve 1,45% dos votos válidos no município.
Para Anderson, “o mais importante da campanha foi a forma carinhosa com que fomos recebidos na cidade, com o medo do candidato atual vencer. A experiência mostrou que é possível fazer uma campanha honesta, uma campanha em que mostramos para a cidade o que é fazer campanha de verdade, criticando, apresentando propostas. O importante agora é dar continuidade. O objetivo da UP na cidade é construir um governo popular, dar voz e vez para os que não têm. Mesmo sem termos sido eleitos, continuaremos esse trabalho”.
Em Belo Horizonte, para disputar a Prefeitura, a UP participou da Frente de Esquerda BH em Movimento, aliança da UP, PCB e PSOL. A disputa para a Prefeitura foi encabeçada pela deputada federal Áurea Carolina (PSOL), tendo Leonardo Péricles, presidente Nacional da UP, como vice. A chapa obteve 103.115 votos, ficando na quarta colocação, com 8,33% dos votos válidos. Para vereador, a UP lançou oito candidaturas. Poliana Souza, líder do MLB e candidata a vereadora, considerou que “foi uma vitória, com os recursos limitados que tivemos, com o partido mais novo do Brasil, conseguirmos a quantidade de votos que tivemos, vindos principalmente das periferias. Enfrentamos a direita, os candidatos do fascismo, dos ricos, e tivemos maior votação que a maioria deles. O poder do povo ainda vai vencer o poder do capital, do dinheiro!”, concluiu.
Preparar Novas Lutas
Todos os companheiros e companheiras avaliaram que as eleições serviram para projetar novas lideranças, resgatar o trabalho de base de casa em casa, rua a rua, priorizando as periferias e tendo boa receptividade do povo. Embora as eleições tenham sido marcadas por um contexto de muitas restrições, essas novas lideranças têm muito futuro e ganharam respeito junto ao povo. Outro fator foi a pandemia do novo coronavírus, que trouxe diversas dificuldades e cuidados para que a campanha pudesse se desenvolver e tornaram mais difícil para as campanhas populares fazerem seu trabalho de forma integral, como passagem de casa em casa, panfletagens e reuniões.
Para consolidar o crescimento da UP é necessário garantir que o jogo não se dê apenas no campo das eleições. É necessário que as lutas e mobilizações sociais e populares aumentem. Para isso, as propostas levantadas nas campanhas precisam se tornar verdadeiras bandeiras de luta e as lideranças que se candidataram devem levantar essas bandeiras e organizar lutas concretas junto ao povo para conquistar vitórias.
Esse processo é fundamental para deixar claro que a UP não aparece na época de eleições e depois some. Para fazer frente ao poder econômico que impera nas eleições, precisamos ter poder popular, poder de mobilização, influência junto às principais lideranças, estarmos presentes nas associações de bairros, nos sindicatos, nas coordenações das ocupações, nos grupos culturais, nos grupos de mulheres e no conjunto dos movimentos populares existentes. Isso exige um trabalho mais amplo, com grande propaganda do partido com a impressão de milhares de panfletos, jornais, agitação permanente nos bairros e regiões com uso de megafones, caixas e carros de som, etc.
Deste modo, a coragem e a disposição da militância da UP foram grandes diferenciais no processo eleitoral. A crise econômica continua e nenhuma medida concreta vem sendo tomada para resolver esse problema que, com o fim do auxílio emergencial, tende a se agravar. Com isso, a fome, o desemprego, a radicalização das contradições do capitalismo e a tendência à violência, militarização, fascistização e à guerra são potencializados.
Seguir crescendo o partido em MG e no Brasil, atuando em todos os campos sociais, levando o nosso programa à maioria da população, apontando para uma mobilização além da ordem capitalista, que faça a propaganda do socialismo em ligação com as lutas locais e econômicas. Poderemos avançar e muito nos próximos anos.