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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

MLC/RS realiza debate virtual sobre Educação na Pandemia

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por Lucas Neumann*

Na última quinta-feira (11), o Movimento Luta de Classes (MLC) do Rio Grande do Sul (RS) realizou uma plenária virtual sobre “A Educação após um ano de pandemia – Desafios da organização dos trabalhadores da Educação de todos os níveis de Ensino” na qual foram convidados trabalhadores de Ensino Infantil, Médio, Técnico e Superior para compartilharem suas visões a respeito desses desafios e quais as perspectivas de enfrentamento.

Para abrir o debate foi convidada Alessandra da Rosa Sikora, professora de Educação Infantil da rede municipal de Passo Fundo. Segundo ela, um dos principais aspectos negativos era ver pais e mães tratando as escolas como mero depósito para seus filhos enquanto eles se dirigiam aos seus locais de trabalho. Além disso, destacou com tristeza a falta que faz a socialização no desenvolvimento das crianças, como no aperfeiçoamento da fala e da percepção.

A respeito do Ensino técnico, Stefan Bonow, professor de História e coordenador do campus Restinga do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) foi chamado para dar sua contribuição. Segundo ele, é preciso pensar na dimensão do trabalho na formação do ser humano, tendo em mente que forma e conteúdo são moldados através de circunstâncias históricas, e as atuais, de pandemia e governos genocidas, geram enormes contradições, questionando que conteúdos seriam esses que demandam a retomada de aulas presenciais em meio a todo esse caos? Além disso, também relatou a situação de sua Instituição de Ensino, cujo calendário acadêmico está congelado, e seus estudantes, que não tem as melhores condições de acesso à Internet, que costuma ser de péssima qualidade, sem falar que também precisam contribuir com suas famílias, logo questões como notas e frequências deixam de ser prioridades.

Convidada para trazer a perspectiva dos trabalhadores do Ensino Médio, Thainá Battesini Teixeira, do diretório estadual da Unidade Popular no RS e Professora de Sociologia da rede estadual, foi além e começou citando matéria do escrita por Rafael Pires para A Verdade, na qual ele discorre sobre como impor a volta às aulas iria agravar a pandemia, mencionando os dados a respeito do processo de retomada gradual das atividades de ensino nas escolas ao redor do mundo, na qual países como França e EUA foram retornando à medida que indicadores como a diminuição nos números de contágio e a garantia de melhores condições sanitárias iam sendo impostas. Contudo, ela destacou como esta situação está muito longe de ser a realidade do Brasil, tendo em vista o governo negacionista de Bolsonaro e os militares, que tem feito esforços para impedir o povo de ser vacinado e disseminado as maiores mentiras a respeito da pandemia, como a invenção do comprovadamente ineficaz tratamento precoce, mencionando também o desastre que foi a retomada das aulas no Estado do Amazonas, o qual resultou na contaminação de centenas de professores.

Em meio ao debate, os participantes levantaram diversas questões, como a situação dos professores da rede privada, que passam por uma situação muito delicada devido à pressão econômica que a lógica capitalista impõe, na qual os patrões ao verem minimamente diminuir a margem de seus lucros, aumentam ainda mais a pressão sobre as costas dos trabalhadores, introjetando neles a lógica da escola enquanto espaço de apenas despejar crianças para os pais poderem ir trabalhar. Nisso, pressionados por governos genocidas e pais desesperados por aulas presenciais, diretores de escola são tensionados a abrirem as Escolas e os professores têm que abraçar a responsabilidade de se expor em aulas presenciais.

Além disso, foi comentado sobre o “teatro da higienização” que acontece nestes espaços, onde medidas que não são suficientes para barrar o contágio (e os números provam isso) são adotadas e a propaganda das escolas privadas é de que “estamos prontos para receber seus filhos”. Por outro lado, professoras do ensino público trouxeram a realidade da falta de estrutura que impossibilita a tomada dos cuidados necessários (falta de água, papel higiênico, sabonete, janela que não abre, etc).

Outro ponto levantado foi acerca das especificidades do ensino durante a pandemia para educandos indígenas e também no EJA para pessoas privadas de liberdade, com alguns professores presentes compartilhando suas vivências e desafios.

Quanto a discussão girou em torno da organização dos trabalhadores, Deomar Dias, do Diretório Municipal da UP em Passo Fundo e militante do MLC foi enfático: “A gente fica nessa situação de se perguntar ‘qual a saída?’ E a gente sabe que a saída é pela esquerda, a saída é construir o socialismo!”. A necessidade de mobilizar os sindicatos para que os trabalhadores se sintam representados nos mesmos também foi trazida à tona!

Por fim, a plenária encaminhou a necessidade de iniciar a organização dos professores no RS através do MLC, criando um grupo para acompanhar os desmandos dos governos e propor ações práticas de enfrentamento, além de servir também de espaço para compartilhar a realidade de cada um, seja com o Ensino Remoto ou com o retorno forçado às aulas presenciais.

Só a luta muda a vida. Professor, organize-se no MLC!

*Militante do MLC e da Unidade Popular/RS

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