Helena Paegle | Rio de Janeiro
OPINIÃO – Este mês completa-se um ano da pandemia do coronavírus, contabilizando quase 380.000 mortes no Brasil. Há pessoas morrendo por falta de oxigênio em hospitais e nas ruas por falta de leitos. Caos é o que define o momento pelo qual o Brasil vem passando nesse último ano, mas é a indiferença que parece gritar mais alto.
O genocida Bolsonaro, que desde março de 2020 subestimou o que ele chama de “gripezinha”, agora parece não se importar com as mortes desenfreadas pelo país. “Não sou coveiro, tá?” disse o presidente quando o país chegava a marca de 2.575 mortes. Desde então, mais de 370 mil vidas foram perdidas. A solução? Um “lockdown” pouco eficaz e um auxílio emergencial de 150 reais. Os milhões trabalhadores que veem a morte diariamente de coronavírus serão agora deixados para morrer de fome em suas casas, e o presidente segue com suas mãos sujas de sangue no Palácio da Alvorada.
Trabalhadores são os mais atingidos pelo genocídio
Não há dúvidas de que os mais expostos à essa pandemia são os trabalhadores, aqueles que não têm opção senão utilizar o transporte público lotado. Buscando não só sua sobrevivência, mas também de suas famílias, o proletariado não têm a possibilidade de abandonar seus empregos para se proteger do vírus. A única forma eficaz de proteger a classe trabalhadora nesse cenário, seria um lockdown bem fiscalizado, junto a um auxílio emergencial de, pelo menos, um salário mínimo.
Há também uma parcela da população, pertecente às classes ricas, que mesmo em perfeitas condições de realizar o isolamento, prefere ignorar o momento pelo qual o país vem passando. Muitos que anos atrás foram às ruas em apoio ao golpe à presidenta Dilma, agora assistem a um genocídio patrocinado pelo próprio Estado. Este fato deixa ainda mais claro todo o esquema que levou ao golpe em 2016, no qual muitas pessoas foram massa de manobra para que em 2018 um fascista fosse eleito presidente.
O descaso com a morte não é de hoje
O descaso com a morte, que agora parece ser tão gritante, certamente não é de hoje. Os ricos que apoiam o fascista Bolsonaro sempre foram indiferentes às centenas de vidas perdidas diariamente por covid-19, dizendo que era o famoso “mimimi”. Num país onde a cada 23 minutos um jovem preto morre e nada se faz a respeito, o que se apresenta é um descaso com não só com a morte, mas com a vida. Quanto vale a vida de um jovem preto no Brasil? E a vida de um trabalhador?
Pretos e pardos têm, respectivamente, taxa de mortalidade 81% e 45% mais alta que pessoas brancas, apontou o estudo Social Inequalities and Covid-19 Mortality in the City of São Paulo (Desigualdades sociais e mortalidade Covid-19 na cidade de São Paulo). Esse genocídio já vem acontecendo há tempo demais, mas não parece nunca haver um limite. Ao que parece, os ricos só se indignam quando a mídia burguesa fala alguma coisa, a qual não tem interesse nenhum em tirar do poder aquele que a fortalece.
Não há solução se não o levante popular. É necessária a libertação das amarras da mídia burguesa, que tenta alienar e domesticar os indivíduos a um sistema que os mata todos os dias. Se libertar da alienação e se organizar construindo uma unidade popular é a única saída da situação na qual o Brasil se encontra. Bolsonaro, o genocida, jamais permitirá ao povo seus direitos básicos e o genocídio perdurará, da forma como já pedura há anos. Já passou do limite as mortes pelas mãos do Estado burguês capitalista, e não podemos jamais permitir que esse sistema saia impune.