A secretaria sob o comando de Léo Voigt, o mesmo que quer acabar com a Casa de Referência Mulheres Mirabal, além de não desenvolver nenhuma política pública para as pessoas em situação de rua, informou em reunião aos representantes do projeto Prato Feito o desejo de transferir para bairros mais afastados para que o espaço seja revitalizado.
Bruna Radke e Carla Castro, militantes do núcleo zona norte da Unidade Popular pelo Socialismo de Porto Alegre
PORTO ALEGRE (RS) – Conhecido por ser um local onde abrigava, até então, dezenas de pessoas em situação de rua, o Viaduto do Brooklyn, em Porto Alegre, foi bloqueado por um container colocado pela Prefeitura de Porto Alegre, que tem hoje à frente o fascista Sebastião Melo.
Contraditoriamente, a Secretaria que tem no nome Desenvolvimento Social foi a pasta que promoveu essa ação completamente arbitrária, no dia 11 de janeiro, foi sem nenhum tipo de aviso prévio para os grupos que organizam ações como a entrega de marmitas e que cuidam da saúde dos animais de estimação da população de rua.
Entre os projetos que atuam na região está o Prato Feito das Ruas que distribui café da manhã e almoço para cerca de 700 pessoas em vulnerabilidade social. Para muitos, essa é a única alimentação garantida durante a semana. Há grupos que prestam atendimentos gratuitos em diversas áreas, como: médicos, cabeleireiros, barbeiros e veterinários que também não foram comunicados.
A secretaria sob o comando de Leo Voigt, o mesmo que quer acabar com a Casa de Referência Mulheres Mirabal, além de não desenvolver nenhuma política pública para as pessoas em situação de rua, informou em reunião aos representantes do projeto Prato Feito o desejo de transferir para bairros mais afastados para que o espaço seja revitalizado.
Sabemos que no contexto do contexto fascista do governo Melo revitalizar é sinônimo de entregar mais um espaço da cidade para a especulação imobiliária explorar e ao mesmo tempo expulsar a população pobre das áreas centrais e deixá-las à mercê. Não é novidade que o atual prefeito é um entreguista e que dia a dia vem entregando o patrimônio da população porto- alegrense nas mãos de grandes corporações que visam única e exclusivamente o lucro em troca do próprio benefício.
A limpeza social é uma ferramenta da burguesia há muito tempo. Em Porto Alegre, por exemplo, bairros como Cidade Baixa e Menino Deus foram originariamente constituídos por negros, mas com o passar do tempo, a população preta foi sendo expulsa aos poucos.
Edital fala em “embelezamento e revitalização”
Localizamos um edital com data de agosto de 2022 no site da Prefeitura, onde consta que o objetivo é promover o embelezamento e a revitalização dos espaços públicos da cidade, garantindo uma melhor interação, zeladoria e convivência da população com o bem coletivo.
Ainda cita que por meio de parcerias, a prefeitura já entregou melhorias em diversas outras construções, como os viadutos Tiradentes, Loureiro da Silva e Dom Pedro I, além de intervenções e restauros no Sítio do Laçador, no Muro da Mauá e na Travessa Mário Cinco Paus. Todos os espaços citados foram entregues à iniciativa privada e hoje a população precisa pagar para acessar os locais.
Dados desencontrados
Recentemente, o grupo de trabalho Passa e Repassa, uma parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com a Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS) contesta dados da prefeitura de Porto Alegre que divulgou a diminuição da população de rua em plena pandemia. Gabriela Godoy, professora que integra a iniciativa, chegou a afirmar que existe uma falsa narrativa de que as pessoas não vão para abrigos por vontade própria.
Como o governo Melo não se debruça na problemática que atinge centenas de pessoas que não tem onde morar, ter acesso aos dados desse tema é uma tarefa difícil. Em 2021, a Fundação de Assistência Social (FASC) divulgou que havia 3850 pessoas em situação de rua na capital gaúcha. Logo em seguida, a mesma entidade torna público que eram 2500 pessoas, isso em meio a pandemia do novo coronavírus.
Mesmo sem dados oficiais, a especialista destaca que recorda que diversas entidades passaram a fazer trabalho voluntário com essa população, sendo unânime o relato do visível aumento do número de pessoas nessa situação.
Nesse sentido, o Centro Social da Rua (CSR) apontou que em uma amostra de 800 pessoas em situação de rua atendidas, cerca de 20% havia ido para a rua depois do início da pandemia.O próprio censo contratado pela FASC e que foi realizado pela UFRGS nos anos anteriores leva a desconfiar que essa população tenha diminuído em plena pandemia.
Organização popular é o caminho!
Por isso, organizações como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) lutam pelo direito à cidade há mais de 20 anos no país. Uma das formas é a construção de ocupações urbanas nas áreas centrais justamente para fazer o debate do acesso aos serviços básicos como educação, saúde, lazer, transporte para os trabalhadores e trabalhadoras.
Enquanto Melo, Bolsonaro e outros fascistas negaram a falta de moradia e a existência de uma pandemia, o MLB realizou mais de 20 ocupações pelo Brasil para centenas de famílias, mostrando que a organização é o único caminho do povo.