Creche Tia Carminha, creche popular construida pelo Movimento de Mulheres Olga Benario em Belo Horizonte (MG). Foto: Claudiane Lopes/JAV.
Na cidade de Parnamirim, as mães se veem sem oportunidade de trabalho devido a falta de escolas de período integral para seus filhos.
Malu Rodrigues | Parnamirim (RN)
MULHERES – É garantido pela constituição federal que todos têm direito a educação, e independente de gênero, raça e classe, porém, sabemos que esses direitos na maior parte das vezes não saem do papel. Nem todos têm seus direitos básicos supridos, e nem todos os gêneros têm as mesmas oportunidades. E na luta pela creche, e por período escolar integral que percebemos como existe essa diferenciação de gênero, principalmente o que remete a criação e trabalho. Dados do último censo demográfico realizado pelo IBGE apontam que as mulheres são a maioria dos desempregados, o que nos leva a refletir o motivo dessas mulheres não estarem no mercado de trabalho.
Em Parnamirim, município do Rio Grande do Norte, podemos observar nitidamente que uma grande parte das mulheres que estão desempregadas são mães, e a maior parte delas não contam com rede de apoio, ou seja, não tem com quem deixar seus filhos. O número de creches públicas são extremamente restritas, e não abrangem toda a população, além do mais, nenhuma delas é de tempo integral, apenas meio período, já no ensino médio, Parnamirim conta com algumas escolas de período integral ou semi integral, o que ainda é insuficiente, e é o que leva essas mulheres saírem do mercado de trabalho e viverem na insegurança alimentar, na pobreza extrema, muita vezes tendo que viver apenas do bolsa família, que não é suficiente muitas vezes nem para o aluguel.
Em uma conversa com uma funcionária da educação que também é mãe na comunidade Mestra Elizete Chagas, do município de Parnamirim, ela relata a falta de escolas de período integral no município, e explica que a única escola que tinha tempo integral de educação infantil (CMEI) acabou sendo fechada por falta de estrutura. Precisamos ter em mente que esse espaço que foi fechado não foi apenas por falta de estrutura, e sim por falta de interesse, de cuidado, e de zelo com as mulheres e crianças parnamirinenses, a prefeitura prefere investir em campanhas com shows de cantores que custam 300 mil, do que investir em suas crianças e garantir uma vida financeira estável para as mães.
Quando falamos de crianças da educação infantil, de 0 a 6 anos, percebemos a falta que essas políticas públicas fazem. É de extrema importância que as mães e crianças Parnamirinenses tenham acesso pleno à educação e ao mercado de trabalho, e cabe a prefeitura se intencionar a cumprir com essa tarefa, é inadmissível que as mães continuem nessa peleja para conseguir uma vaga para seu filho estudar, e ainda assim sabendo que será apenas um horário, que será longe da sua casa, e vai precisar depender do escolar (que só vai o motorista e nenhum monitor para acompanhar as crianças) para levar seu filho todos os dias para a escola. Por isso, programas efetivos de creches integrais são de extrema importância para comunidade, pois garante às mães uma segurança enquanto as mesmas estão no trabalho.
A relação da falta de creches e do desemprego entre as mulheres está diretamente relacionada. Na antiga União Soviética, as mulheres eram dadas as condições materiais de se emanciparem das relações de subordinação com o homem e poderem ser trabalhadoras independentes de fato. O trabalho do cuidado das crianças era completamente socializado, havendo creches populares em todos os locais de trabalho e lavanderias coletivas. Voltando para o Brasil, vê-se que para que as mulheres consigam ter o direito ao trabalho sem haver as tarefas domésticas completamente jogadas sob suas costas como escravas do lar, é necessário o socialismo.