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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Trabalhadores de tecnologia da informação se organizam para colocar seu sindicato na luta

Os núcleos do Movimento Luta de Classes (MLC) dos trabalhadores de tecnologia da informação do Estado de São Paulo decidiram disputar as eleições sindicais deste ano, denunciando a atual gestão do SindPD-SP como antidemocrática.

Movimento Luta de Classes (MLC) | São Paulo


TRABALHADOR UNIDO – Durante uma assembleia ocorrida em maio de 2023, nas vésperas do 2º Congresso Nacional do Movimento Luta de Classes (MLC), foram fundados os primeiros núcleos do MLC entre os trabalhadores de tecnologia da informação no Estado de São Paulo. Após amplo debate, ficou claro que somente com muita organização, orientados por um sindicalismo classista e revolucionário, esses profissionais seriam capazes de responder às políticas burguesas de retirada de direitos, como a Reforma Trabalhista, que só facilitou as demissões em massa e a contratação desenfreadas em modelo PJ (pessoa jurídica, portanto, sem direitos trabalhistas).

Durante todo o ano de 2023, os núcleos fizeram um intenso trabalho, com reuniões quinzenais, organizando brigadas do jornal A Verdade e panfletagens nas portas das empresas, dialogando com a categoria em plenárias, assembleias, cursos dentre outras atividades, que permitiram ampliar o acúmulo sobre a realidade da categoria.

Assim como em diversas outras categorias, o sindicato (Sindicato de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, SindPD-SP) está tomado por uma direção pelega e conciliadora. Seu presidente, Antonio Neto (filiado ao PDT e também presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, CSB), faz mais questão de promover cursos online e divulgar a sua colônia de férias do que responder aos trabalhadores, convocar assembleias, promover greves, ir até os locais de trabalho. Em resumo, uma direção completamente afastada e com nenhum reconhecimento entre a categoria.

Não à toa, o número de sindicalizados vem caindo ano após ano, reflexo de uma política afastada da base, dentro de uma estrutura que investe grandemente em ações na Justiça, esperando que as suas súplicas sejam atendidas, ou que rebaixam sua política para evitar a luta de classes e promover a conciliação com os patrões.

Frente a esse cenário no SindPD, chegamos à conclusão de que era necessário disputar as eleições sindicais neste ano de 2024 e colocar o sindicato nas mãos da categoria, no rumo da luta.

Oposição sindical

Uma vez que nossos camaradas entenderam a importância dessa tarefa, fizemos um verdadeiro trabalho diário, sistemático e contínuo por todo o Estado de São Paulo. Desde maio deste ano, quando decidimos iniciar o processo da construção da nossa chapa de oposição, passamos em inúmeras empresas de tecnologia, principalmente nas empresas públicas de processamento de dados (Prodam, Prodesp, Serpro, Prodesan, Dataprev, IMA), conversando olho no olho com cada trabalhador e trabalhadora, que nos relataram as diversas mazelas sofridas diariamente

Na Prodesp, por exemplo, existem trabalhadores que estão há mais de seis anos sem férias por conta de frequentes mudanças nos contratos com prestadoras de serviço, que fazem com que nunca se complete o período mínimo de um ano para as férias. Ao buscarem o sindicato, nada foi feito para organizar os trabalhadores e escutar as suas demandas, tanto que a situação continua até hoje.

Diariamente, apresentamos para a categoria a perspectiva de que é possível construir uma oposição a essa direção, de que é possível que o trabalhador de tecnologia, reconhecendo a sua condição de explorado, busque se organizar. Isso se refletiu no número de trabalhadores que decidiram se organizar no Movimento Luta de Classes, sendo necessária uma nova organização dos núcleos.

Já sabíamos que não seria fácil a tarefa de inscrever a nossa chapa. Tínhamos clareza de que este sindicato é estruturado sobre uma política que, além de pelega, também é antidemocrática. A começar pelo estatuto que, dentre inúmeros absurdos, estabelece uma comissão eleitoral formada apenas pela atual gestão e por sua presidência. Mesmo com o sindicato escondendo o edital de convocação nas notas de rodapé da Folha de São Paulo, sem nenhuma postagem sequer em seu site ou redes digitais, conseguimos quase 50 documentos de companheiros e companheiras que se dispuseram a enfrentar essa política do sindicato.

Ao chegarmos à porta do sindicato, seus representantes sequer recolheram nossos documentos, alegando que havia informações faltantes. Nossa chapa de oposição sequer foi impugnada para que os documentos fossem regularizados. Os documentos foram simplesmente rejeitados.

Decidimos, então, produzir cinco mil jornais da oposição e fazer uma ampla denúncia sobre esse processo antidemocrático em cada empresa, mostrando para cada trabalhador quem é a gestão do sindicato. Além disso, ingressamos com pedido judicial pela anulação da eleição, resultando numa audiência marcada para outubro.

No dia da votação (26 de julho), realizamos um ato em frente ao sindicato contra a fraude eleitoral e pela democracia nas eleições, demonstrando que os trabalhadores não querem “tumultuar as eleições”, como afirma o sindicato, mas sim exigir um processo eleitoral democrático, que permita a participação da categoria e que possibilite de uma vez por todas o expurgo dessa direção pelega para transformar o sindicato em uma verdadeira trincheira de luta da classe trabalhadora.

Em uma sociedade onde a tecnologia está cada vez mais submetida aos interesses dos monopólios capitalistas, é urgente que os trabalhadores de tecnologia se organizem e que sejam representados por um sindicato capaz de obter conquistas econômicas, mas que possa ser também uma ferramenta da classe trabalhadora para a construção do socialismo.

O desenvolvimento tecnológico não pode ser guiado pelos interesses de um punhado de bilionários, que nos exploram diariamente para produzir as tecnologias e que nos matam e nos adoecem. É necessária uma sociedade onde a produção tecnológica esteja nas mãos dos trabalhadores para, assim, criarmos tecnologias capazes de considerar o bem-estar coletivo como prioridade, ao invés da máxima produção que apenas cria novas e novas crises.

A classe operária tudo produz, a ela tudo pertence! Viva a oposição sindical do MLC!

Matéria publicada na edição nº 296 do Jornal A Verdade

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