Secundaristas ocupam a secretaria da educação e exigem revogação do Novo Ensino Médio e melhoria da educação no estado do Ceará.
Ignis Medina e Victor Davidovich | Fortaleza
JUVENTUDE – Na tarde de 13 de agosto, estudantes secundaristas de múltiplas escolas de Fortaleza e Caucaia ocuparam a secretaria de educação do estado do Ceará em manifestação contra a falta de estrutura e a implementação do novo ensino médio em seus colégios e para denunciar os projetos em curso no país de militarização e privatização da educação.
Dia 11/08 é o dia nacional dos estudantes, mas apesar dessa data comemorativa, não há nada a se comemorar para a categoria estudantil no Brasil. Com cortes bilionários, Novo Ensino Médio, precarização sistemática, militarização e venda de mais de 200 escolas públicas para a iniciativa privada no sul e sudeste. Pensando nisso, a Rebele-se Ceará, junto da União dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de Fortaleza (UESM) Convocaram escolas para a realização de um grande manifestação, ocupando a secretaria de educação do seu estado, reivindicando a melhoria da estrutura de seus colégios e a revogação do Novo Ensino Médio, que já no ano passado havia sido duramente criticado por meio de mobilizações estudantis.
O ato mobilizou centenas de estudantes e conquistou uma reunião com o secretário executivo da Secretaria de Educação, junto com as lideranças dos movimentos e representações estudantis das escolas e dos grêmios presentes. Na reunião, foi denunciada principalmente a situação de precarização estrutural das escolas – são inúmeras salas sem climatização adequada, escolas sem quadra poliesportiva, banheiros sem porta e sem insumos como papel e sabonete, etc.
Quando entrevistados pelo Jornal A Verdade, alguns dos secundaristas trouxeram suas exigências e suas histórias. Rafa, estudante do ensino técnico, da Escola Jaime de Alencar, falou sobre o teto da escola, que caiu com a temporada de chuva de Fortaleza, salas sem ar-condicionado e extremo descaso da coordenação pedagógica quanto ao contexto de bullying e violência vivido pelos seus estudantes. Isso tudo, em uma escola premiada pelo Ministério da Educação, por sua excelência.
Situação de violência parecida foi descrita por Julia, estudante do CE Adauto Bezerra, que expressou sua decepção com o trato da escola quanto aos assédios, principalmente quando vindo dos próprios professores.
Em um estado que se vangloria pela qualidade de sua educação, a manifestação feita pela UESM e o Rebele-se no Ceará escancaram uma realidade não trazida pelas propagandas de um “estado líder em educação”. Por trás de todos os números de sucesso e comemorações, os estudantes vivem em escolas públicas sem qualidade, em regimes de horas extensivos e abusivos, cansaço, mal preparo e ensino técnico que cada vez mais gera mão de obra mais barata para o mercado de trabalho, um novo ensino médio que prejudica estudantes e professores, com um currículo e educação pensada por empresários.
Por isso, a União Juventude e Rebelião, o Rebele-se e a FENET convocam atos nacionalmente pela educação e seus estudantes, pela revogação do NEM, e enquanto houver quem lucre com a educação no Brasil, haverá educação pública de má qualidade. É preciso da organização e da luta não só dos estudantes brasileiros, mas também dos trabalhadores do nosso país, uma luta que paute a derrubada do sistema que cria essa realidade de precarização pelo lucro.