Apesar de ser a terceira cidade mais rica do estado, Jaboatão dos Guararapes amarga há mais de 50 anos na mão de uma direita conservadora e reacionária, negando coisas básicas para a sua população, como um transporte público de qualidade.
Clóvis Maia | Redação PE
BRASIL – No dia 18 de julho, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou que a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes suspendesse um processo de implementação de catracas no transporte complementar da cidade, além de instaurar uma auditoria especial para investigar se não houve nenhum processo de corrupção e irregularidades no processo.
O prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros (PL), queria destinar R$20 milhões para instalar a bilhetagem eletrônica no sistema de transporte complementar da cidade, composto por ônibus velhos, caindo aos pedaços e ainda privados. A tentativa aconteceu após um atropelamento envolvendo um micro-ônibus em abril desse ano, que deixou cinco pessoas mortas e mais 26 feridas durante uma procissão num Domingo de Páscoa.
Em maio deste ano o governo Federal destinou R$214,7 milhões do novo PAC Seleções, voltado para projetos dos governos estaduais e prefeituras para áreas como saúde, educação e mobilidade urbana. Mas como se vê, a prioridade do Prefeito bolsonarista é outra e está bem distante do povo trabalhador.
População sofre com a falta de serviços básicos
Jaboatão tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 13,295 bilhões (CONDEPE/FIDEM 2020) sendo atualmente o terceiro maior PIB do estado, perdendo apenas para a cidade do Recife e Ipojuca. No entanto, até o ano de 2019, Jaboatão era o segundo maior PIB do estado. Na contramão disso, a cidade amarga a 5.º posição do Índice de Desenvolvimento Humano em Pernambuco e está entre as 50 mais violentas do país.
Além disso, apenas 38,4% dos lares tem saneamento adequado, 48% da população vivem com meio salário mínimo, 6,1% com R$ 70,00 mensal. Serviços básicos como médicos nos postos de saúde, vagas nas creches municipais e ruas asfaltadas são alguns dos problemas enfrentados pelos jaboatonenses.
Por isso que em abril desse ano, durante a jornada nacional de luta contra a carestia e a fome, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) com as famílias da Ocupação Selma Bandeira organizou uma ocupação na Prefeitura para denunciar a situação do município. A resposta do governo municipal: destinar recursos públicos para o setor privado, no lugar de regularizar de fato o transporte municipal com ônibus de qualidade, passagens justas e passe livre para a juventude.