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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Queimadas provocadas pelo agronegócio destroem a natureza e prejudicam a população

95% das terras agricultáveis no DF pertencem a grandes propriedades do agronegócio, cujas práticas predatórias, como as recentes queimadas, ameaçam não apenas a flora e fauna locais, mas também a saúde das comunidades.

Pedro Gheventer | Brasília (DF)


BRASIL – Em entrevista ao Correio Braziliense, publicada no dia 22 de setembro, o juiz Carlos Maroja afirmou que “o maior causador do problema ambiental no DF é a grilagem”. Sem dúvidas, quando uma grande parte de nossas florestas vira cinzas, o roubo de terras para uso privado se torna fácil.

Em artigo publicado na revista Territorial neste ano, Fernando Carlos Alves da Silva fez uma análise da territorialização do agronegócio no Distrito Federal. Usando dados do IBGE, ele mostra que, em 2017, 95% das terras agricultáveis no DF eram de médias e grandes propriedades, que utilizavam do modelo do agronegócio. Além disso, praticamente metade da produção no DF é de soja e de milho, e uma grande parte é destinada ao mercado externo, como China e União Europeia.

Nesse cenário, a principal forma de expansão do agronegócio é pela destruição de florestas. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio), quase metade da Floresta Nacional de Brasília (Flona) foi destruída pelas chamas nos recentes incêndios, além das queimadas que ocorreram em outras reservas, como o Parque Nacional e a Reserva da Contagem. O objetivo dos latifundiários é se apropriar ilegalmente das áreas queimadas através do processo da grilagem.

As consequências de tal modelo de destruição são imensas. A Flona abriga diversas nascentes de água, que agora foram contaminadas por fuligem. Em poucos dias, o DF bateu recorde de dia mais quente do ano, com umidades relativas chegando à casa dos 11%. Além disso, diversos animais foram expulsos de seus habitats, sofreram ferimentos e morreram devido às queimadas e à fumaça. As populações indígenas e ribeirinhas tradicionais também são afetadas, perdendo suas casas e seus territórios.

A fumaça tóxica trazida pelas queimadas também prejudica a população que mora na cidade, e quem mais sofre é a população pobre. Com um sistema de saúde público que já está sucateado pelas ações do governador Ibaneis Rocha (MDB), sobrecarregando os servidores públicos.

Vale ressaltar que, no ano passado, o Cerrado foi o bioma com maior área desmatada no Brasil, de acordo com o MapBiomas Alerta. O maior responsável por isso foi a expansão da agropecuária. O bioma é considerado o berço das águas brasileiras por abrigar os três principais aquíferos da América do Sul e as principais nascentes que abastecem grandes rios no Brasil. Ainda assim, segundo estudo da USP, enfrentamos no bioma a pior seca em 700 anos, em grande parte causada pela ação humana.

Nosso futuro está em risco devido a um modelo que busca ao máximo expandir seus lucros e que, ao mesmo tempo, nunca conseguiu solucionar o problema da fome em nosso país. A ganância dos capitalistas nunca será saciada e, portanto, devemos lutar pela expropriação da propriedade latifundiária e das grandes empresas agroindustriais, com controle social sobre esses importantes meios de produção. Somente assim, poderemos interromper a destruição do meio ambiente e garantirmos um futuro para nós e nossos filhos.

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