O Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, celebrado em 25 de novembro, reforça a luta por justiça, memória e reparação, homenageando mulheres como as irmãs Mirabal, símbolos da resistência contra opressões e ditaduras.
Indira Xavier | Redação
MULHERES – A violência é uma das formas de as classes dominantes se manterem no poder, oprimindo e amedrontando o povo trabalhador. Dessa maneira, a violência é algo muito presente na vida da humanidade, com guerras e genocídios normalizados e televisionados. Todos os dias, são várias as notícias de mais um assassinato de trabalhador ou jovem negro. Crianças vivem com o medo da violência policial ao passo que também se habituam a ela.
Nesse cenário, a violência de gênero é a realidade de mais de 736 milhões de mulheres em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa dizer que uma em cada três mulheres sofrerá violência ao longo da sua vida em todo o mundo. Somente em 2023, mais de 85 mil mulheres foram assassinadas, segundo relatório da ONU publicado recentemente. Ou seja, uma mulher é assassinada a cada 10 minutos em algum lugar do planeta.
25 de Novembro
Para denunciar com mais força essa matança, foi criado o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25 de Novembro). E por que nesta data?
O ano era 1960 e elas se chamavam Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal, jovens irmãs que lutavam contra a ditadura militar fascista de Rafael Leonidas Trujillo, na República Dominicana. Foram barbaramente assassinadas por lutarem por justiça, liberdade e por uma vida digna para o seu povo.
As “Mariposas”, como eram chamadas carinhosamente pelo povo, lutavam de forma ousada e destemida, rompendo o medo, mas também levando esperança para mulheres e trabalhadores da cidade e do campo. Estiveram à frente do seu tempo, rompendo os preconceitos sociais de que mulheres não devem estudar, instruir-se e tão pouco fazer política.
A data é uma justa homenagem instituída por mulheres presentes no primeiro Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho, em 1981, em Bogotá, na Colômbia e, posteriormente, em 1999, assumida pela ONU, em sua Assembleia Geral.
Esse dia que marca a luta contra a violência é, também, uma reafirmação da luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação de todos aquelas mulheres que, durante os anos de 1960, 1970 e 1980, lutaram contra as diversas ditaduras militares que se instalaram nos países da América Latina e Caribe. Foram mulheres que fizeram temer a ordem ditatorial, pois ousaram sonhar e lutar por um mundo novo, onde a violência e opressão não fossem a regra.
Mulher, não se cale!
Décadas depois, e o Brasil contabilizou, só em 2023, 1,2 milhão de mulheres vítimas de violência. O único caminho que nos é possível é o da organização e da luta das mulheres para pôr fim a essa escalada de violência e medo que vivemos. Por isso criamos o Movimento de Mulheres Olga Benario e por isso lutamos.
Somente no último dia 25 de novembro, o Movimento realizou, no Estado de São Paulo, três novas ocupações para a construção de casas de referência a mulheres em situação de violência. A Ocupação Casa da Mulher Trabalhadora Alexina Crespo, em Suzano; a Ocupação Sala Lilás Janaína Bezerra, dentro da USP; e a Ocupação da Mulher Operária Alceri Gomes, em São Caetano do Sul. O Movimento também ocupou, no mesmo dia, em Salvador (BA), a Casa de Referência e Atenção Loreta Valadares, fechada pela Prefeitura Municipal.
Tudo isso prova que sim, que é possível ser mais forte, mesmo na dor e no medo. Não porque as mulheres são super-heroínas e estão fadadas ao sofrimento. Mas porque a força e a certeza da vitória vêm de dentro do processo de organização e de luta.
Como nos ensina o hino mundial da classe trabalhadora, A Internacional: “Façamos nós, por nossas mãos tudo que a nós nos diz respeito”.
Por isso, eu convido você, leitora, a ouvir esse chamado, a ingressar nas fileiras do Movimento de Mulheres Olga Benario e a lutar conosco! Lutar pela sua vida, pelo seu futuro, pelo futuro dos que você ama. Lutar pela humanidade. Lutar como nos ensinou Olga Benario: “Pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo!”.