“Se é verdade que lutar pela moradia digna, contra a fome, em defesa das creches e por saúde de qualidade é lutar pelo fim da violência contra a mulher, é verdade também que as pessoas responsáveis por organizar e assumir esse papel de direção dessas lutas revolucionárias são as mulheres do MLB e do Movimento de Mulheres Olga Benario”
Coordenação Nacional do MLB
No último mês de novembro, aconteceu o Encontro Nacional de Mulheres Dirigentes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), em Recife. Com o objetivo de aprofundar o debate sobre a importância das companheiras do movimento se enxergarem enquanto direção do trabalho entre as mulheres para além do MLB, o encontro contou com a presença das companheiras Larissa Vanessa e Vitória Ohara, da Coordenação do Movimento de Mulheres Olga Benario de Pernambuco.
O trabalho de massas e a organização das mulheres trabalhadoras, a necessidade de uma formação política mais profunda para uma ação ainda mais consequente e a organização de creches em defesa da infância foram temas trabalhados durante os dias de Encontro.
Na sociedade capitalista, a maioria das mulheres não se enxerga enquanto liderança. A falta de autoestima e de confiança em si, consequências da falta de estímulo externo ao longo da vida, além da própria falta de tempo, devido as várias jornadas de trabalho impostas, fazem com que as mulheres se deparem com mais obstáculos do que facilidades para cumprir essa tarefa.
Para isso, foi levantada a necessidade de uma formação política ainda mais intensa entre as companheiras mulheres e mães. Para embasar esse debate, foi lido o texto de Samora Machel, líder do povo moçambicano, que aborda o projeto capitalista de preservar a ignorância ao invés de incentivar os questionamentos e o conhecimento. A ignorância leva à passividade e essa faz com que não se possa imaginar a possibilidade de uma libertação. Por isso, o conhecimento pode conduzir à liberdade, comprovando que, quanto mais consciência temos sobre nossa realidade, mais entendemos que os responsáveis por uma mudança somos nós mesmos.
Durante as falas, as companheiras presentes, em sua maioria negras, vindas de ocupações, mães e avós, reafirmavam a mudança de vida após conhecer o MLB e como elas, vivendo essa mudança, se sentiam no dever de apresentar a possibilidade de uma vida diferente para outras mulheres, também atravessadas por violências, miséria e fome.
Nesse sentido, a necessidade da organização de mais mulheres e o trabalho de massas entre as mulheres operárias e trabalhadoras foi reafirmada em todas a falas. Pois, se é verdade que lutar pela moradia digna, contra a fome, em defesa das creches e por saúde de qualidade é lutar pelo fim da violência contra a mulher, é verdade também que as pessoas responsáveis por organizar e assumir esse papel de direção dessas lutas revolucionárias são as mulheres e homens que hoje se organizam no MLB e no Movimento de Mulheres Olga Benario.
“Senti que o encontro marcou a vida das companheiras presentes. A partir de então, vão assumir ainda mais o papel de direção, tendo mais confiança e dando mais qualidade a sua militância”, avaliou Vitória Ohara, do Movimento Olga Benario.
Um espaço como esse, onde as mulheres possam compartilhar suas experiências de vida e o que enfrentaram até chegar aonde estão é fundamental. Porém, é importante também pontuar que esses espaços sirvam para que essas mulheres cultivem o espírito fraterno de camaradagem e se encontrem na luta comum, ou seja, na luta contra esse sistema opressor e violento.
Ainda nesse final de ano, o MLB realiza uma de suas lutas mais importantes, que é a luta do Natal Sem Fome. As companheiras e companheiros presentes no Encontro Nacional saíram ainda mais convencidos de construir essa mobilização, destacando o esforço necessário de cada militante para visitar os bairros e cadastrar mais famílias.
Vamos juntos construir o maior Natal Sem Fome do MLB, com a presença massiva das mulheres trabalhadoras, mães e operárias do nosso país.
Justiça por Maria Maianara! Maria Maianara presente! Agora e Sempre!
Matéria publicada na edição impressa nº 304 do jornal A Verdade