Trabalho do Comitê Operário de Diadema tem mostrado resultados no avanço da agitação revolucionária entre a classe trabalhadora do ABC.
Redação SP
PARTIDO – Há cerca de um ano, o Partido no Estado de São Paulo decidiu formar um Comitê Operário no Município de Diadema (ABC Paulista), direcionando todas as atividades para a disputa política entre os operários da cidade, que tem um longo histórico de organização e luta. A partir dessa orientação, o trabalho de mulheres foi direcionado para as operárias, o trabalho de moradia para os operários sem-teto e assim por diante. Nas eleições, todo nosso esforço foi para direcionar o trabalho da Unidade Popular para combater o fascismo, representado na campanha do bolsonarista Takaharu Yamauchi (MDB).
Dessa forma, e em unidade com o propósito principal do Partido, durante a campanha eleitoral utilizamos do espaço das portas de fábrica não só para angariar votos, mas também para trazer a classe operária para o debate e apontar as contradições latentes dos programas políticos em disputa na cidade. E fizemos isso da forma mais eficiente possível, com brigadas diárias do jornal A Verdade.
O trabalho nas fábricas
Uma das primeiras ações do Comitê Operário foi começar um trabalho regular de brigadas em algumas empresas metalúrgicas da cidade a fim de apresentar o programa do socialismo para o operariado e estabelecer contato e vínculo com os trabalhadores e trabalhadoras. Esse trabalho se mostrou muito exitoso e contou com a atuação aguerrida da nossa militância, que conseguiu manter uma constância firme das brigadas.
“No princípio, achei que não seria possível realizar as brigadas tão cedo e depois ir pro trabalho, mas logo virou uma rotina, pois era preciso ter muita disciplina e convicção”, relata o brigadista Gabriel Matias, membro do Comitê Operário, que de terça a sexta faz brigada do jornal em diferentes fábricas.
Gabriel lembra que “na Papaiz, os operários achavam que era o jornal do sindicato, e já demonstravam rejeição. Mas depois de explicar o que era o jornal A Verdade, muitos deles foram bem receptivos. A maioria não comentava muito sobre a situação na empresa. Algumas mulheres que trabalhavam na cozinha de uma das fábricas demonstraram bastante apreço pelo nosso trabalho e comentaram sobre a jornada cansativa. Em todos os encontros, a líder da cozinha carregava um aspecto de exaustão, pois trabalhava 12 horas por dia em escala 6×1. Muitos relembravam as lutas sindicais dos anos 1980, outros, mais jovens, acreditavam que a organização e coletividade são necessárias para combater a retirada de nossos direitos”.
Bruno Cordeiro, outro brigadista, nos conta que nas eleições “fizemos campanha nas portas de fábrica contra o candidato do bolsonarismo. Os operários com quem conversávamos reafirmavam a importância de manter essa corja fora de Diadema. Lembro que o porteiro de uma fábrica disse: ‘Prefiro votar no cachorro do vizinho do que nesse Taka’. Outros faziam críticas à atual gestão da prefeitura, reclamando da taxa do lixo e dos radares e que não sentiam confiança para votar novamente no prefeito. Muitos também diziam como a nossa campanha lembrava as lutas antigas da cidade, quando a luta política era muito mais presente em Diadema”.
Comitê Operário nos bairros
Diadema é uma cidade de grande densidade demográfica. Lá, espaço que não é fábrica, é espaço de moradia, com muito trabalhador amontoado. Os comunistas do Comitê Operário também estão presentes nas favelas da cidade. Nossa agitação tem forte presença nos bairros. O MLB constrói um trabalho sólido em algumas regiões. A percepção que tivemos fazendo a campanha dentro dos bairros é que o povo está descontente com os rumos que a situação política tem tomado e começa a entender que é preciso mudar radicalmente. Nossa campanha foi muito bem recebida pelos moradores, que concordam com a linha política da Unidade Popular e cobraram uma candidatura própria.
Novos desafios
Paralelamente a esse trabalho nas fábricas de Diadema, o Comitê Operário também ficou responsável de apoiar a candidatura revolucionária da professora Carol Vigliar e consolidar o trabalho da Unidade Popular na região da Zona Sul de São Paulo. Essa tarefa só pode ser cumprida devido à disciplina operária incorporada pela militância que, com agitação diária nos bairros, de porta em porta, conversando olho no olho, conseguiu conquistar a confiança de milhares de trabalhadores da região que depositaram seu voto na nossa candidatura.
O Comitê Operário teve um papel fundamental nesse trabalho, conseguindo garantir panfletagens e agitações nos bairros da região do Jardim Miriam que, além dos votos conquistados, agora também tem um trabalho fortalecido da Unidade Popular com um núcleo ativo que já tem construído lutas na região.
Durante a luta eleitoral, houve uma tentativa de fechamento de salas de aula da Escola Estadual Maria Augusta, que pegou a comunidade de surpresa. Imediatamente, a Unidade Popular mobilizou professores e moradores, que responderam de prontidão e barraram esse ataque a um importante espaço da região.
Outro saldo positivo é a construção de um coletivo do Movimento Olga Benario, que tem se reunido regularmente e crescido a cada nova reunião, mostrando como a agitação durante a luta eleitoral foi bem recebida e de fato atende uma demanda da comunidade que tem fome de luta.
No segundo turno das eleições municipais, o candidato bolsonarista venceu por uma margem minúscula dos votos. Há uma denúncia protocolada pela campanha petista contra Taka por compra de votos. O que avaliamos disso, a partir da nossa experiência em campanha é que, para além do desgaste cada vez maior da social-democracia, o poderio econômico da burguesia mais uma vez passa por cima da vontade popular. A população diademense não é a favor do fascismo representado pelo Taka, prova disso é a forte atuação dos movimentos sociais na cidade. O que sentimos na fala das trabalhadoras e trabalhadores é uma necessidade muito grande de mudanças, profundas e estruturais.
Por isso, é papel central do Comitê Operário em continuar avançando na agitação, propaganda e organização do operariado na nossa região, pois a mudança tanto desejada nunca virá das eleições, muito menos pelas mãos de um candidato fascista, mas da luta organizada da própria classe trabalhadora rumo ao poder popular e o socialismo.
Matéria publicada na edição n°305 do Jornal A Verdade.