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sábado, 22 de fevereiro de 2025

Moradores de Teresina (PI) denunciam descaso da Equatorial Energia

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Moradores da zona rural de Teresina fazem manifestação em denúncia ao descaso da Equatorial Energia com a população. Moradora da zona urbana relata caso de desligamento por cobrança indevida e 30 dias sem energia.

Nimbus Pinheiro | Teresina (PI)


 

Na quarta-feira (22/1), fortes chuvas atingiram a capital piauiense, provocando diversos danos à rede de distribuição da empresa Equatorial, atual responsável pelo fornecimento de energia no estado do Piauí. Os danos, causados pela queda de árvores sobre as estruturas, deixaram milhares de moradores sem eletricidade, em especial os moradores do povoado Boa Hora, na zona rural de Teresina, que passaram cinco dias sem atendimento.

“Vivemos esse período sem energia, comprando água para beber e tomar banho”, relata João Pedro, líder comunitário de Boa Hora. “Nós só temos água por causa da energia, que abastece o nosso povoado, na zona rural.”

Até sábado da mesma semana, a população permaneceria desabastecida. Para aqueles que não tinham condição de comprar água, foi somente o apoio de comunidades vizinhas e de carro-pipa que os possibilitou suprir suas necessidades mais básicas. Assim como a desidratação, a ausência de ventilação elétrica foi uma grande preocupação para os residentes, visto que o aumento da sensação térmica traz riscos aos sistemas respiratório e cardiovascular. Para os enfermos e acamados, a tendência era o agravamento do quadro de saúde.

Povo revoltado se organiza

Além da falta de resolução, o relato evidencia o descaso da Equatorial com seus consumidores, que obtiveram pouco ou nenhum retorno da empresa durante a semana. Na tarde da quinta-feira, João Pedro tentou entrar em contato com o diretor-geral da distribuidora, e não obteve resposta. No sábado, sofrendo com a precariedade gerada pela negligência empresarial, a população organizou sua revolta.

“A manifestação ocorreu pelo período de meio-dia, quando a população não estava aguentando mais. Porque vinha carro da Equatorial, só que não resolvia. Entrava e saía”, explica o líder comunitário. “Então, a população, de modo geral, se uniu, e fechou todas as ruas que dão acesso. Pra que eles não saíssem daqui até quando dessem resposta.”

Durante a manifestação, as estradas foram bloqueadas pelas chamas da queima de galhos e pneus. A polícia militar, em uma tentativa de intimidação, levou um dos manifestantes preso. “A polícia não entendia a manifestação. Só abria o acesso das ruas se [a Equatorial] desse uma resposta. Até que deram uma resposta para a população, de fato.” Afirma João Pedro.

Apesar disso, os moradores resistiram, e, no mesmo dia, conquistaram a normalização do fornecimento de água e energia no povoado. Segundo o atendimento da distribuidora, havia um defeito na fiação elétrica da região, e por isso “precisavam de bastante tempo”.

A demora, entretanto, não se restringe ao período de chuvas. Em casos de atraso da fatura, são comuns as reclamações sobre a espera pela religação depois de efetuado o pagamento. Para Ana Selma, moradora do Parque Brasil III, o retorno só veio após um mês de solicitações.

“Foi trinta dias sem energia. Eu tive que me mudar da minha casa pra casa da minha mãe”, conta a professora, sobre o episódio de 2024. “Perdi até minhas carnes, porque eu, pensando que ia [voltar], deixei. Aí fui pra casa da mamãe, levando o que sobrou. Resistindo pra ver se dava certo, e nunca deu certo.”

Empresa lucra com débito indevido

O desligamento, como alega a Equatorial, foi ocasionado por uma dívida da cliente. A consumidora, porém, refuta a justificativa, apontando que seus atrasos já estavam pagos, e que o débito era inadequado.

“Eles cortaram dizendo que eu tô devendo R$42 a eles. Aí o que a gente colocou: que R$42 é esse? Esses 42 já é outra parcela, indevida, que eles colocaram no meu talão. Até hoje eu pago esses R$42, que a gente tá tentando tirar”, denuncia a cidadã.

Ana Selma aponta, ainda, discordâncias entre as cobranças feitas na época do atraso original, no final de 2022, e as cobranças atualmente registradas no sistema da distribuidora. Além de desconsiderar o pagamento da dívida, quitada em agosto de 2023, a empresa teria realizado um parcelamento sem autorização da usuária. Logo, por não pagar uma conta que estava fora de seu conhecimento, a consumidora teve seu fornecimento de energia cessado por cerca de um mês.

O caso foi levado à justiça, e diversas multas foram aplicadas à empresa, que permaneceu sem dar resposta. Segundo a professora, o caso só foi resolvido sob ameaça de denúncia na imprensa. No dia seguinte, sua energia foi religada.

Enquanto o governo do Piauí segue vendendo a ilusão do progresso através da privatização de estatais, o povo de Teresina mostra que, para conseguir o mínimo de qualidade em serviços essenciais à população, é necessária a organização popular e a denúncia da negligência empresarial, motivada pela ganância capitalista.

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