No mesmo mês, os fascistas Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes buscam despejar a Favela do Moinho, a Casa Laudelina de Campos Melo e a Ocupação Chaguinhas. População e movimentos prometem resistir em defesa do direito do povo trabalhador de viver no Centro da capital paulista
Redação SP
Os fascistas Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo, e Ricardo Nunes, prefeito da cidade, têm se empenhado para fazer de São Paulo um grande balcão de negócios. Além das privatizações criminosas, o foco agora é entregar o Centro nas mãos da especulação imobiliária, com grandes e milionários acordos e expulsando de forma ilegal e vergonhosa o povo pobre e trabalhador que vive nesse território.
Estão na mira: a Favela do Moinho, última favela do Centro, que é construída há mais de três décadas por mais de 2.500 famílias; a Ocupação Chaguinhas, construída pelo MLB na Bela Vista, com mais de 50 famílias que foram desabrigadas pelas chuvas de janeiro, além de imigrantes, crianças e idosos; e a Casa Laudelina de Campos Melo, ocupação realizada em 2021 pelo Movimento de Mulheres Olga Benario no Canindé, e que já realizou até aqui mais de 10 mil atendimentos de mulheres em situação de violência.
Casa de Mulheres Laudelina de Campos Melo
Completando mais de 4 anos de luta e resistência, a ocupação Laudelina de Campos Melo foi realizada em resposta ao aumento da violência por conta da pandemia da COVID-19 e frente ao fechamento dos serviços públicos nos momentos em que as mulheres mais precisavam. A Laudelina presta um serviço fundamental na região do Centro, visto que infelizmente as políticas de combate e prevenção a violência contra as mulheres tem sido desmontadas, ano após ano, pela Prefeitura e Governo do Estado.
Por conta dessa alta demanda, a Casa Laudelina, que funciona de forma voluntária com uma completa equipe técnica e social, já realizou mais de 10 mil atendimentos de mulheres em situação de violência, e constrói relação com escolas, abrigos e diversos serviços públicos, fazendo encaminhamento, atendimento e formações com as mulheres da região.
Mesmo com todo esse histórico, alguns meses atrás a Laudelina foi ameaçada por uma reintegração de posse. Porém, graças à pressão popular a justiça suspendeu o processo, que segue paralisado desde então. Isso significa que o Movimento de Mulheres Olga Benario tem o direito legal de seguir no espaço fazendo o trabalho.
No entanto, na última semana, capachos de grandes ricos que querem desapropriar as mulheres, buscaram as mulheres para uma tentativa de intimidação, e em sua última abordagem, ameaçaram promover no próximo sábado (19/4), a demolição ilegal e violenta do imóvel, com as mulheres dentro, para forçar uma remoção criminosa.
Favela do Moinho
A Favela do Moinho é a última favela que ainda resiste no Centro de São Paulo. Na luta há mais de 40 anos, o Moinho é construído por mais de 2.500 famílias de trabalhadores e trabalhadoras que com alionsolidaram suas moradias, formando um bairro popular no Campos Elíseos, investindo ali todo o fruto do trabalho de uma vida inteira.
A área ocupada, agora em posse das famílias, está legalmente atrelada à SPU (Secretaria de Patrimônios da União). Contudo, a ordem de remoção vem diretamente de Tarcísio de Freitas, Governador fascista de São Paulo, que visa entregar a área para o avanço da especulação imobiliária e justifica a remoção das famílias para fins da construção de uma nova sede do Governo e de um Parque Estadual.
Compreendendo a clara tentativa de ataque a seu direito à moradia digna, as famílias negaram a criminosa proposta de remoção, que está atrelada a uma carta de crédito no caso de reassentamento em novas unidades habitacionais que serão supostamente construídas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo). Além da expulsão das famílias do Centro, a proposta visa endividar essas famílias e jogá-las na rua.
Ocupação Chaguinhas
Completando um mês de resistência, a Ocupação Chaguinhas, na Liberdade, é a 3° ocupação do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) no Centro de São Paulo. A ocupação organiza mais de 50 famílias trabalhadoras, que buscam seu direito constitucional de morar dignamente, construindo além de moradia, um território livre da fome e da violência.
A ocupação, composta por famílias que perderam tudo na Zona Leste e na Zona Sul durante as chuvas do último período — incluindo mães, crianças imigrantes e pessoas autistas — reivindica um prédio que está abandonado há mais de 10 anos por um grande ricaço e está localizado entre os bairros da Liberdade, Sé e Bela Vista.
Contudo, assim como tantas outras ocupações no Centro, a exemplo da Ocupação dos Imigrantes Jean-Jacques Dessalines, a Chaguinhas está sofrendo também um processo de reintegração de posse que ignora a realidade das famílias e da população imigrante. A pressão ignora também a Lei do Desejo Zero, que visa sempre, nos casos de remoção, diálogo e envolvimento das partes e do poder público para uma solução habitacional que vise a dignidade destas famílias.
Esse ataque às ocupações de moradia se entrelaça ainda com o avanço da violência contra toda a comunidade de imigrantes africanos e latino-americanos que trabalham como ambulantes no Centro de São Paulo. Essa onda de truculência das forças do Estado persegue, agride e foi responsável pelo assassinato de Ngange Mbaye, trabalhador senegalês que morreu com um tiro da polícia ao tentar defender outra trabalhadora.
A saída é a luta
Todos estes ataques fazem parte de um projeto fascista, racista e machista de expulsão dos pobres do Centro de São Paulo, com claros objetivos: entregar a cidade nas mãos dos grandes ricos, vender o que é do povo e abrir caminho para a especulação imobiliária.
Essas disputas pelos territórios do Centro de São Paulo são uma expressão da luta de classes, em que os ricos querem tudo para explorar o povo enquanto a maioria, principalmente mulheres e crianças, sofrem com o aumento da violência, da fome, da falta de moradia digna e tantos outros direitos fundamentais.
Portanto, a única resposta possível é a luta! Na Favela do Moinho os moradores têm construído grandes manifestações e já se preparam para uma nova ofensiva na próxima terça-feira (22/04), para resistir e impedir que os tratores comecem com a demolição imediata de mais de 800 casas.
Os ambulantes do Centro e vários trabalhadores imigrantes têm avançado também na sua organização e fizeram na última semana um grande ato para denunciar a polícia sanguinária e seus crimes.
Na Casa Laudelina e na Ocupação Chaguinhas, os movimentos já organizam também uma grande jornada de lutas, atos, vigílias às ocupações e principalmente o porta a porta e as brigadas do jornal A Verdade para organizar mais e mais mulheres, trabalhadores e imigrantes. O objetivo é não só fazer recuar os planos fascistas, como também ocupar ainda mais o Centro e construir uma nova sociedade, a sociedade socialista!
Em todas essas mobilizações, as trabalhadoras e trabalhadores gritam alto a palavra de ordem “Tirem as mãos do nosso território! O Centro de São Paulo é do povo trabalhador!”. Com o povo organizado, não se mexe. Tarcísio, Nunes e seus capachos verão a força do povo.