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terça-feira, 29 de abril de 2025

Após um ano e meio de genocídio, governo brasileiro se recusa a romper relações com Israel

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“Indiretamente, o Estado brasileiro se torna a cada dia cúmplice do genocídio, ainda que por omissão. Enquanto a população de Gaza é exterminada, Israel tem toda liberdade de apoiar e financiar os fascistas brasileiros, usar a mídia burguesa do Brasil para fazer propaganda de guerra e tenta silenciar vozes palestinas.”

Felipe Annunziata | Redação


O genocídio palestino cometido pelo Estado de Israel já deixou mais de 60 mil pessoas assassinadas, 100 mil feridos e 2 milhões de desabrigados. Mesmo assim, o governo brasileiro se recusa a romper relações diplomáticas e comerciais com Israel.

Entre os dias 25 e 26 de abril, cerca de 50 palestinos foram assassinados em bombardeios. Um dos ataques aéreos destruiu uma casa e matou dez pessoas da mesma família: dois homens, três mulheres e cinco crianças. Este ataque ocorreu no momento em que uma delegação do Hamas se dirigia ao Egito para negociar um novo cessar-fogo com Israel.

Um ano após o início do genocídio, em outubro, o chanceler Mauro Vieira foi taxativo sobre o não rompimento com o regime sionista. “Nós não rompemos relações diplomáticas porque nós acreditamos no diálogo e achamos que, conversando, sempre dialogando pelos canais diplomáticos, é melhor. Não está em consideração romper relações, o rompimento não leva a nada, somente ao acirramento da situação, que pode levar a conflitos maiores na região. Então, não está nas nossas considerações”, afirmou na cúpula dos Brics, na Rússia.

Ou seja, para o ministro de Relações Exteriores do Brasil não é suficiente o assassinato sistemático de dezenas de milhares de pessoas para romper com Israel. O presidente Lula, por sua vez, já condenou com palavras a matança em Gaza, mas, até agora, sem as ações concretas em apoio ao povo palestino.

Nem mesmo o caso dos 11 brasileiros-palestinos presos em centros de tortura de Israel, depois de o adolescente Walid Ahmad, de 17 anos, ter sido assassinado após meses de tortura numa prisão israelense, o governo daqui mudou de postura. Tornaram-se rotineiras as notas de “profunda consternação”, em que se condenam os ataques israelenses, mas não se indica nenhuma ação objetiva por parte do governo brasileiro.

Em novembro de 2024, a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) entregou uma carta diretamente ao governo federal defendendo o rompimento das relações diplomáticas com o regime neonazista de Benjamin Netanyahu. Após o assassinato do jovem Walid, novamente a Fepal cobrou uma posição neste sentido: “Se a orgia genocidária promovida pelos israelenses em Gaza não foi o suficiente para o Itamaraty tomar uma medida à altura, será que um adolescente brasileiro torturado até a morte em um campo de concentração sionista fará com que os diplomatas e o governo brasileiro enxerguem a necessidade civilizatória de romper com ‘israel’?”, questionava a nota.

Além disso, segundo informações divulgadas hoje (28/4) pela FEPAL, o governo sionista de Netanyahu se recusa a entregar o corpo de Walid para sua família. Trata-se de uma prática recorrente do estado de Israel, que nega sistematicamente o direito dos palestinos de enterrar seus entes queridos assassinados em prisões israelenses.

Não bastasse isso, desde de outubro de 2023, o governo brasileiro e o próprio presidente são alvos de ofensas e humilhações diplomáticas por parte de Israel. Este foi o caso da declaração de Lula como persona non grata no país sionista. Esta declaração significa que o presidente não pode entrar em Israel e é uma sanção nunca aplicada antes contra um presidente brasileiro.

Fascistas negociam livremente

A posição vacilante do governo deu espaço aos governadores e parlamentares fascistas para negociar acordos diretamente com Israel. Desde o ano passado, o Governo de São Paulo, do fascista Tarcísio de Freitas, fechou uma série de acordos com o Estado terrorista nas áreas de segurança, agricultura e ciência e tecnologia.

Já é conhecido o uso de armas israelenses de grosso e médio calibre pelas Polícias Militares do país. Além disso, durante o Governo Bolsonaro, programas espiões israelenses foram adquiridos para espionar militantes e partidos de oposição.

Já durante o Governo Lula, o reacionário Alto Comando do Exército, com apoio do Ministério da Defesa, tentou comprar armas israelenses no valor de R$ 1 bilhão. Diante do massacre palestino e da pressão, o Governo Federal cancelou a compra.

Petróleo do Brasil no genocídio

Segundo a organização Oil Change International, o Brasil foi responsável por 9% de todo petróleo consumido por Israel em 2024. Ou seja, se o Exército que mata palestinos é israelense, as armas são estadunidenses, podemos dizer que o petróleo usado nessa guerra também é brasileiro.

Se nosso país, desde o início do genocídio, tivesse rompido com Israel, o prejuízo à máquina de matança sionista teria sido considerável. No entanto, a regra daqui é só condenar em palavras, mas não em ações.

Na realidade, o que ocorre é que indiretamente o Estado brasileiro se torna a cada dia cúmplice do genocídio, ainda que por omissão. Enquanto a população de Gaza é exterminada, Israel tem toda liberdade de apoiar e financiar os fascistas brasileiros, usar a mídia burguesa do Brasil para fazer propaganda de guerra e tenta silenciar vozes palestinas aqui.

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