Trabalhadores da limpeza urbana, convocados pelo Sindlimp-PB organizam paralisação contra a escala 6×1 e mais dignidade para a categoria. Paralisação é vitoriosa e conquista redução da jornada de trabalho
Redação PB
TRABALHADOR UNIDO – Iniciada na última semana de março, a campanha salarial dos trabalhadores e trabalhadoras da limpeza urbana da Paraíba segue firme na luta por valorização e dignidade, com a inclusão na pauta de reivindicações do fim da escala 6×1. No último dia 23 de abril, o sindicato da categoria, Sindlimp-PB, coordenou uma paralisação de duas horas na porta de três empresas nas cidades de João Pessoa e Santa Rita para dialogar com os agentes de limpeza e se somar ao Dia Nacional de Luta convocado pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e pela Unidade Popular (UP).
“Precisamos falar sobre a exaustiva jornada de trabalho, as horas-extras e a escala 6×1, pegando cedo no batente, faça chuva ou faça sol. Enquanto isso, os patrões seguem em casa, ganhando contratos milionários, e nós só temos apenas um dia de folga na semana”, declarou Radamés Cândido, presidente do Sindicato.
Atualmente, a jornada dos trabalhadores da limpeza urbana é de sete horas e vinte minutos por dia, seis dias por semana. Como é considerado serviço essencial, funciona com turnos e equipes que trabalham praticamente 24 horas por dia nas grandes cidades. É comum ainda a implementação das horas-extras. Com o acelerado crescimento da capital paraibana nos últimos anos, o trabalho só cresce e, o que deveria ser ocasional, torna-se cotidiano. Assim, muitos agentes de limpeza vivem jornadas superiores a 50 horas por semana, especialmente nas equipes de coleta de lixo domiciliar, em que os trabalhadores correm por quilômetros atrás do caminhão.
A proposta de redução da jornada e fim da escala 6×1 vem sendo construída junto à categoria desde o ano passado e é fruto do acúmulo das últimas campanhas salariais vitoriosas. Além de sucessivos reajustes acima da inflação, a categoria obteve o pagamento de 40% de insalubridade para todos os trabalhadores, conquista inédita no país, provando que é possível conquistar mais direitos por meio da luta organizada e combativa.
Por tudo isso, somada às pautas econômicas da categoria (reajuste nos salários e no vale-alimentação, plano de saúde, auxílio-creche, pagamento do vale-alimentação a trabalhadoras em licença maternidade e afastados por acidente de trabalho), a proposta apresentada pelo Sindlimp-PB às empresas e ao Ministério do Trabalho foi de redução da jornada semanal de 44 para 40 horas, com o fim da jornada 6×1, adotando um regime de cinco dias de trabalho, com duas folgas semanais.
A primeira rodada de negociações com as empresas aconteceu nos dias 23 e 24 de abril, logo após a paralisação. Mesmo com o atendimento de algumas pautas econômicas, a pauta do fim da escala 6×1 ainda segue na mesa e na cabeça de cada trabalhador, que deseja lutar para conquistar seus objetivos.
Matéria publicada na edição impressa n° 312 de A Verdade