UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 23 de novembro de 2024

Burguesia do Paraguai mostra sua face golpista

Outros Artigos

Burguesia do Paraguai mostra sua face golpistaA burguesia e os latifundiários do Paraguai, apoiados pela embaixada do EUA, aplicaram sumariamente um golpe no país, valendo-se das próprias leis burguesas, que sempre permitiram que as classes dominantes impusessem sua vontade.

Em duas rodadas de votação no Parlamento, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi deposto de seu cargo no último dia 22 de junho. Na Câmara dos Deputados o resultado foi de 76 votos a favor do impeachment e apenas um contra, e no Senado de 39 votos a favor, quatro contra e uma abstenção. Assumiu imediatamente a Presidência da República o vice de Lugo, Federico Franco.

Em nota oficial, a Direção Nacional do Movimento ao Socialismo, partido do presidente deposto, afirma: “O Parlamento hoje só representa a si mesmo. Os parlamentares que votaram pela destituição do presidente Fernando Lugo não podem arrogar-se de maior representação que a si próprio. Assim, 115 indivíduos impuseram sua vontade sectária aos 700 mil cidadãos que elegeram Lugo como presidente”.

Da abertura formal do processo de cassação à sua execução, passaram-se menos de dois dias, não possibilitando tempo real para a defesa, nem muito menos tempo para que o povo paraguaio, maior interessado na questão, pudesse opinar ou se manifestar sobre os rumos do seu país. Dada à forma truculenta e apressada como tudo foi feito, a manobra se constituiu num “Golpe de Estado Parlamentar”. Tudo isso, realizado com total monitoramento da Embaixada dos Estados Unidos no Paraguai.

O ex-bispo da Igreja Católica foi eleito como alternativa à dominação dos partidos oligárquicos, ao Partido Colorado – que comandou o país por seis décadas, inclusive sob uma ditadura abertamente fascista –, e recebeu apoio de parte das classes trabalhadoras, que acreditou em suas propostas.

Com o propósito de ganhar as eleições, Lugo construiu uma composição com o Partido Liberal, um dos partidos tradicionais da oligarquia, denominada Aliança Patriótica para a Mudança.

Devido a essa aliança com forças reconhecidamente de direita, um importante setor dos trabalhadores, especialmente dos camponeses, e as principais organizações de esquerda (Movimento Popular Pyhuara e o Pátria Livre) não o apoiaram, além de terem alertado para sua posição de conciliação com os latifundiários.

Como a principal promessa de Lugo para as massas populares foi a realização de uma Reforma Agrária que acabasse com o latifúndio, e esta não se concretizou em quatro anos de governo, os conflitos sociais no campo aumentaram. O último ato desta disputa secular no Paraguai foi o assassinato de 11 camponeses e a morte de seis policiais numa ação repressiva do Estado contra uma ocupação de terras improdutivas. A verdade é que Fernando Lugo, preso à aliança com as forças conservadoras, não conseguiu implementar nenhuma das reformas políticas, econômicas e sociais que prometeu na campanha, perdendo apoio popular.

Apesar de este fato ter sido o detonador da crise que culminou com o impeachment do presidente, este não foi um caso isolado, tendo já o Parlamento aprovado a Lei Antiterrorista, com a sanção presidencial, justamente para reprimir as lutas dos trabalhadores da cidade e do campo.

Centenas de militantes políticos estão sendo processados, perseguidos, demitidos e mesmo assassinadosd e os camponeses paraguaios permanecem vivendo na miséria, sem saúde, sem lar, sem terras, enquanto uma minoria de ricos fazendeiros enriquece cada vez mais.

As forças reacionárias nacionais e internacionais, em especial o imperialismo norte-americano, o Partido Colorado (derrotado nas últimas eleições) e o Partido Liberal (que governava com Lugo na Vice-Presidência) aproveitaram o cenário político de instabilidade e aplicaram sumariamente um golpe, valendo-se das próprias leis burguesas, que sempre permitiram que as classes dominantes imponham sua vontade. Novamente, a história se repete em nosso continente, já tão marcado por manobras políticas, corrupção estatal, golpes e ditaduras militares.

Mas o Governo de Fernando Lugo não satisfazia por completo a burguesia e os latifundiários, já que se inscrevia entre os governos ditos progressistas na América Latina, que possuem certas contradições com o imperialismo ianque e que, permanentemente, são alvo de seus atos subordinadores.

Fica, mais uma vez, a lição: fazer aliança com a grande burguesia e os latifundiários é a mesma coisa que colocar raposas para tomar conta do galinheiro.

As massas populares, os povos originários, os trabalhadores, os camponeses, a juventude e a esquerda revolucionária paraguaia repudiam esta farsa para depor o presidente eleito e não reconhecem o impostor Federico Franco.
Seguirão seu caminho, firmes e de cabeça erguida lutando por seus interesses e pela libertação nacional e social e por um Paraguai socialista.

Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes