Professores da rede municipal de Salvador estão em greve desde 5 de maio, cobrando o pagamento do piso salarial nacional e valorização da categoria.
Vitória Louise, Macé Silveira e Eduardo Monteiro | Salvador (BA)
TRABALHADOR UNIDO – Desde 5 de maio, professores municipais de Salvador estão em greve exigindo o cumprimento do piso salarial, além de direitos trabalhistas e valorização profissional. Organizados pelo sindicato, realizam ocupações, protestos e passeatas para conscientizar a sociedade.
Entre as ações, destacam-se a ocupação da Estação Lapa, protestos na Prefeitura e na Câmara Municipal e passeatas com carro de som. A mobilização cresce a cada ato, reforçando a necessidade de a classe trabalhadora ocupar as ruas em defesa dos direitos.
“Há 13 anos, sofremos uma política de fragmentação e descontinuidade, com aparência de diálogo. Lutamos pelo piso desde 2011. ACM Neto não pagou, gerando um déficit de 58%. Bruno Reis mantém o processo, desidratando nossos salários”, relata Denise Sousa, coordenadora pedagógica no subúrbio ferroviário.
A precarização corta verbas, piora o serviço e reforça a ideia de que o público não funciona, para justificar privatizações. Arthur Neto, há 18 anos na rede, denuncia: “Há dinheiro para a educação, mas o prefeito não quer mostrar onde está. Se é para artista no Carnaval, há verba. Prometeu ar-condicionado nas escolas, mas há salas com mais de 40 alunos, todos passando mal”.
Sem realizar concurso para efetivos desde 2019, a Prefeitura só contrata temporários via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda).
Cristina Brites, há 24 anos na rede, adoeceu pelo excesso de trabalho: “Não somos ouvidos, não há perspectiva. A greve continua até conquistarmos o piso”.
Repressão na Câmara Municipal
Na votação do projeto de lei que não contemplava os professores, a categoria foi impedida de entrar na Câmara por apoiadores pagos pela base do prefeito. Além disso, os trabalhadores foram agredidos por seguranças e PMs com spray de pimenta, pó químico e empurrões, tudo incentivado por vereadores fascistas, que provocavam os manifestantes e os criminalizam nas redes, acusando-os de vandalismo. Após intensa pressão, os vereadores se esconderam numa sala para votar o PL.
Após a votação, os professores reafirmaram a continuidade da greve e o compromisso com a luta, marcando nova assembleia.
Matéria publicada na edição impressa nº314 do jornal A Verdade