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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Estudantes da UFSC inauguram Sala Lilás em defesa da vida das mulheres

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Estudantes e integrantes do Movimento de Mulheres Olga Benario ocuparam, em 30 de abril, uma sala abandonada no Centro de Convivência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.

Sofia Garcia | Florianópolis (SC)


MULHERES – No dia 30 de abril, o Movimento de Mulheres Olga Benario e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina ocuparam uma sala abandonada do Centro de Convivência da UFSC, em Florianópolis. O ambiente, que estava servindo de depósito de cadeiras, agora é um espaço para organização das mulheres estudantes contra a violência e o assédio na Universidade.

A situação de segurança das mulheres na universidade é alarmante. A falta de iluminação no campus Trindade, somada à ausência de políticas de segurança voltadas para a permanência das estudantes, tem aumentado os casos de assédio e de violência. No dia 18 de março, um homem foi preso por ter cometido, entre outros crimes, uma tentativa de estupro contra uma estudante da UFSC em plena luz do dia.

O ocorrido gerou grande comoção dentro e fora da universidade e, no mesmo dia, a Agência de Comunicação da UFSC soltou uma nota afirmando que não havia tido nenhuma tentativa de estupro. Dias depois, a nota foi apagada. Logo após o caso, estudantes criaram um grupo de WhatsApp para que mulheres se acompanhassem por trajetos do campus à noite. Em pouco tempo, o grupo chegou a mais de 900 participantes, que diariamente compartilham novos relatos de assédios e abusos sofridos dentro da instituição.

Essa sequência de casos fomentou a revolta em centenas de estudantes, que se mobilizaram para denunciar não só a violência, mas a omissão da Reitoria diante dessa situação calamitosa. Assim, o grupo organizou um ato, no dia 21 de março, exigindo respostas, além de mais iluminação e contratação de mais profissionais da segurança.

Ao ocupar a sala, um espaço central no campus, as estudantes fizeram uma grande limpeza, organizando também o ambiente do prédio como um todo. Na primeira hora de abertura da sala, mulheres trabalhadoras terceirizadas do Restaurante Universitário nos procuraram para denunciar pagamentos atrasados e as condições de insalubridade no serviço. A denúncia culminou na organização das trabalhadoras em frente à Sala Lilás, em uma plenária que dirigiu um ato até o gabinete da Reitoria e, no dia seguinte, no Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, 1º de Maio, as mulheres conquistaram seus pagamentos.

Em um mês de atividade, as trabalhadoras e estudantes, junto com o Movimento Olga Benario, realizaram cine-debates, sarau, grupo de estudos e um curso de instalação elétrica para mulheres. Além disso, o espaço vem cumprindo seu propósito de organizar lutas e articular-se com coletivos como o de mães estudantes da UFSC, de pessoas com deficiência, de mulheres do curso de Direito e diversos Centros Acadêmicos.

Provando que somente a luta conquista, a Sala se tornou aquilo que as estudantes mais precisavam: um espaço seguro de apoio para estudantes, mães, trabalhadoras e, principalmente, um lugar para organizar as mulheres na luta pelo fim da violência de gênero na UFSC. Nas reuniões abertas da sala, as estudantes debatem os próximos passos das lutas das mulheres na universidade, construindo através do poder popular uma universidade em que as estudantes podem se formar sem medo e com dignidade.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

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