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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

“A greve nos ensina que, unidos, podemos conquistar novos direitos”

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Professores e orientadores educacionais da rede pública do Distrito Federal iniciaram uma greve em 2 de junho, após o Governo do DF se recusar a negociar e descumprir compromissos firmados em 2023, como a nomeação de aprovados em concurso e a realização de novo edital. 

Alexandre Ferreira | Brasília (DF)


TRABALHADOR UNIDO – No dia 02 de junho, professoras(es) e orientadoras(es) educacionais do Distrito Federal iniciaram uma greve em resposta ao Governo do Distrito Federal (GDF), que se nega a negociar e não apresentou nenhuma proposta à categoria. Como se não bastasse, o governador Ibaneis Rocha (MDB) não cumpriu vários aspectos do acordo da greve de 2023, como, por exemplo, a nomeação de todos os aprovados no último concurso e a preparação de um novo concurso naquele mesmo ano.

O governador, logo após a decretação da greve, declarou que era uma “greve política”, que não iria negociar e entrou na Justiça, que prontamente decidiu pela suspensão da greve e decretou multa de R$ 1 milhão por dia, caso não fosse acatada. Para piorar, o principal argumento foi por não ter tido o “esgotamento das vias negociais entre sindicato e Governo”.

Esta decisão não intimidou os trabalhadores, que demonstram uma grande disposição com ações de ocupação da sede da Secretaria de Educação, assembleias com mais de 4 mil pessoas, passeatas e atos na frente do Palácio do Buriti, sede do GDF.

Toda esta pressão fez o Governo receber a comissão de negociação durante a assembleia da categoria, onde os professores ali permaneceram, mesmo sob o intenso sol do meio-dia. Logo terminado, o comando de greve se reuniu para avaliar a proposta de nomeação, em dezembro, de 3 mil aprovados no último concurso; prorrogação do atual concurso; abertura de um novo edital até o final do ano; criação de um Grupo de Trabalho para discutir a reestruturação da carreira em até 90 dias; anulação das multas de R$ 1 milhão por dia. Proposta que nada apresentou de concreto na restruturação da carreira, nem aumento salarial e promete nomear apenas 3 mil dos mais de 14 mil aprovados no concurso.

Apesar disso, a atual gestão do Sindicato defendeu no comando a suspensão da greve. As forças políticas que são oposição a atual gestão do sindicato, entre elas, o Movimento Luta de Classe (MLC), defenderam que a proposta era insuficiente. Mesmo assim, foi aprovada a proposta de encerramento da greve na comissão. Só que, quando o sindicato foi recebido na assembleia aos gritos de “GREVE! GREVE!”, não tiveram coragem de apresentar a proposta que eles mesmos defenderam, com medo de serem desmoralizados.

A postura da atual gestão do sindicato é um reflexo de uma política social-democrata, que transforma os sindicatos em entidades administrativas, e não em instrumentos de organização e conscientização da classe trabalhadora. Preferem criticar a categoria, dizendo que ela não tem disposição de luta. A realidade, porém, mostra que o problema está mesmo nessas direções sindicais que fazem de tudo desarticular e desestimular a mobilização de base.

A greve é uma escola de formação

A greve é um estágio avançado da luta, em que o trabalhador, submetido a altas jornadas de trabalho, sofrendo com adoecimento, resultado de um trabalho degradante, percebe como única alternativa se organizar com seus colegas e lutar.

“A greve nos ensina que somos fortes e que, unidos, podemos conquistar novos direitos. Esta experiência demonstra a disposição da categoria em participar ativamente da greve e estamos vendo em toda a assembleia várias pessoas se filiando à Unidade Popular. Isso aumenta nossa esperança”, afirma Felipe Sinicio, militante da UP eleito para o comando de greve.

Lênin, líder da Revolução Socialista da Rússia, em 1917, afirma em seu artigo Sobre as Greves, que a greve é uma “escola de guerra”. Ou seja, um processo rico de muito aprendizado. Momento em que o trabalhador desperta sua consciência, fortalece seu espírito de solidariedade. Para ele, a greve é uma excelente professora: “As greves ensinam os operários a unirem-se, as greves fazem-nos ver que somente unidos podem aguentar a luta contra os capitalistas, as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe operária contra toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial”.

Instrumento de luta

A greve continua e, a cada dia, vem se fortalecendo, tendo vitórias como a suspensão da cobrança da multa milionária, resultado de decisão no STF, e o engajamento de mais trabalhadores. Mas sabemos que o Governo fará de tudo para atacar os professores e sabemos que a atual gestão do sindicato cede facilmente a estas pressões.

Muitas vezes, uma greve é encerrada sem vitórias imediatas, criando uma insatisfação em grande parte dos trabalhadores; vários até decidem se desfiliar do sindicato. É necessário compreender que o problema não está na entidade sindicato em si, nem muito menos na forma de luta greve, mas sim na gestão do sindicato.

Logo, em vez de se desfiliar, é necessário convidar mais pessoas para se filiarem ao sindicato e se organizarem no MLC para construir um sindicato forte e que utilize toda a sua estrutura para organizar a luta da categoria. Junto a isso, é preciso apresentar a alternativa que vai além dos marcos do capitalismo, mostrar que é possível uma nova sociedade, a única realmente feita pelos trabalhadores em seu próprio proveito, a sociedade socialista.

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