Palestinos tentam usar todos os meios possíveis para sobreviver e resistir a genocídio imposto por Israel.
Felipe Annunziata | Redação
INTERNACIONAL – “Você vê quanto custa um pedaço de comida? Um pedaço de morte, não um pedaço de pão! Você vê como vamos para a morte, para tentar conseguir comida para as crianças!”, em mais um dos milhares de apelos que circulam nas redes digitais, um palestino denuncia ao mundo a fome e os fuzilamentos na fila da comida em Gaza.
O que tem acontecido na Palestina hoje mostra a realidade do plano genocida de Israel e dos EUA. O ditador israelense Netanyahu nesta semana anunciou que o seu governo aprovou um plano para ocupar definitivamente a Cidade de Gaza, principal centro urbano da Faixa.
Mesmo sofrendo a condenação dos povos do mundo, o regime sionista afirmou que o objetivo é impor o controle total dos militares da região e o estabelecimento de uma administração civil não subordinada à Autoridade Palestina. Isto é na realidade um eufemismo para anexação.
Palestinos lutam pela sobrevivência
A situação em levado o povo palestino a buscar todas as formas de sobrevivência. Nas redes digitais, principalmente no Tik Tok e no Instagram, palestinos que ainda conseguem conexão com a internet, denunciam diariamente e rotina de genocídio. A falta de recursos financeiros e o alto preço do pouco alimento que entra faz com que muitos usem as redes para pedir ajuda financeira.
Outras famílias tentam sobreviver mandando seus entes queridos para as filas da comida organizada pela organização de fachada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), controlada pelos EUA e Israel, mesmo isso significando o risco de fuzilamento sumário. O objetivo israelense é claro, criar um cenário para o extermínio ou expulsão completa dos palestinos de Gaza.
Apesar disto, alguns palestinos tentam encontrar meios e ajuda para sair da Faixa para garantir a própria sobrevivência ou de suas famílias. Não porque queiram abandonar sua terra natal, mas porque, como seus avós há 78 anos atrás, estão sendo expulsos de suas terras.
Mohammed Siam, estudante palestino de engenharia de 21 anos, contou ao Jornal A Verdade, a situação pela qual passa. Desde o início dos massacres, ele viu sua universidade ser bombardeada e destruída, a University College of Applied Sciences.
Siam tenta, junto com outros civis, sair da zona de genocídio e tentar reorganizar sua vida. Para isso, se organizam através das redes digitais para tentar achar uma saída. Através de páginas de solidariedade aos palestinos, ele compartilha um pouco da sua realidade e também dos seus escritos.
“Eu vivia uma vida simples, porém estável. Estava estudando e construindo meu sonho, degrau a degrau. Tinha família, um lar e um objetivo claro e de repente tudo foi destruído.”, diz Mohammed, que teve sua família deslocada 5 vezes desde o início do genocídio.
“Meu objetivo não é sair da minha terra natal, mas apenas sobreviver.”, afirma. Ele nos contou também que já perdeu 20 quilos de peso, uma realidade generalizada em Gaza.
Companhias privadas cobram de 5 a 10 mil dólares por pessoa para garantir passagem segura para a fronteira de Gaza com o Egito. “Apenas um número limitado de palestinos conseguiu sair de Gaza através de canais fechados e muito custosos. Uma das rotas principais é através de Rafah para o Egito, onde milhares de pessoas pagaram entre 5 e 10 mil dólares por pessoas a uma empresa privada.”, afirma Siam.
Palestinos resistem dentro e fora do seu país
A situação de Siam, a mesma de milhões de palestinos que estão saindo ou já saíram de sua terra, em nada muda a luta de resistência que o povo palestino realiza. Pelo mundo, os filhos e filhas da diáspora palestina usam todos os meios para denunciar o genocídio e continuar a luta de resistência contra Israel.
Na realidade, tem sido a comunidade palestina pelo mundo quem tem arregimentado a força dos povos do mundo para pressionar os governos capitalistas a tomarem medidas concretas contra o regime sionista.
No Europa, Alemanha e Eslovênia anunciaram a proibição da venda de armas para Israel. No Reino Unido e na França, os trabalhadores pressionam para seus governos fazerem o mesmo. Nos EUA, apesar de toda perseguição política imposta pelo governo do fascista Trump, a juventude vai às ruas e tem pressionado parlamentares dos dois partidos a tomarem ações contra Israel.
À nossa reportagem, Mohammend Siam enviou um dos seus últimos escritos sobre sua vida diante da fome e do genocídio em Gaza.
“Quando a morte, a fome e o desespero conspiram, a vida se torna um pesadelo insuportável, além da habilidade de qualquer palavra em descrever. É um estado de desespero profundo, onde uma pessoa se torna um frágil esqueleto preso entre o espectro da morte espreitando entre as sombras, a fome que dilacera o interior com seus impulsos cruéis e o medo que se apodera da alma até quase extingui-la. Esta trindade aterrorizante – uma mistura de tormento físico e psicológico – retira da pessoa toda a dignidade, e a deixa nua diante da crueldade da própria existência.”