Apesar de se tratar de um romance histórico, Às Portas de Moscou traz diversos ensinamentos que nos ajudam no dia a dia da militância. No capitalismo estamos em uma constante batalha ideológica contra o individualismo e contra o comodismo. Assim, a leitura desse livro me inspirou e me inspira a combater mais arduamente esse inimigo no dia a dia.
Cassiano Bezerra | Recife – PE
CARTA – Ao saber do lançamento de “Às Portas de Moscou”, fiquei intrigado para ler o livro. Não sou muito chegado na história das grandes guerras que aconteceram no século XX, mas entendo que elas cumpriram um papel importante para a forma como a sociedade se encontra hoje. Afinal, foram guerras estouradas pela disputa dos países imperialistas pelo território e pela riqueza dos países explorados. Mas o que mais me chamou atenção foi a descrição cotidiana de uma guerra, o dia a dia dos soldados e a disciplina.
Aleksandr Bek, autor dessa obra, nasceu em 21 de dezembro de 1902 em Saratov, na Rússia, filho de um médico imperial. Após a revolução russa de 1917, Bek se alistou no Exército Vermelho para defender a URSS da reação. Defendeu, durante toda a sua vida, a moral comunista para a formação das novas pessoas e edificação do socialismo, elementos tratados nas suas obras. Durante a 2ª Grande Guerra (ou Guerra Patriótica para os soviéticos), o autor atuou como correspondente de guerra. A heroica atuação do Exército Vermelho contra os nazistas o inspirou a escrever “Às Portas de Moscou” (no título original: A Estrada de Volokolamsk).
O livro é um relato-romance que mostra como Baurdjan Momych-Uli, um oficial do Cazaquistão (na época uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas), que tem a missão de defender a cidade de Moscou da invasão nazista. Entretanto, o seu comando é formado por voluntários que nunca serviram no exército. O comandante precisa lidar com tarefas diárias de formar soldados, coesionar a tropa, discipliná-los e ensinar o poder do coletivo para o grupo.
Apesar de se tratar de um romance histórico, o livro mostra diversos ensinamentos que nos ajudam no dia a dia da militância. Não estamos em guerra aberta contra um inimigo como os nazistas, mas no capitalismo estamos em uma constante batalha ideológica contra o individualismo e contra o comodismo. O nosso inimigo de classe, a burguesia, está, através de todos meios (escola, comunicação, internet e livros), espalhando a ideologia dominante e garantindo a sua hegemonia. Assim, a leitura e o estudo individual de um militante comunista são muito importantes para combater esses inimigos e fortalecer nossa militância. Esse livro me inspirou e me inspira a combater mais arduamente esse inimigo.
A luta pela disciplina e contra o individualismo
Uma das lições da obra é o fortalecimento da disciplina e atenção a todos os detalhes. Em um dos capítulos, Momych-Uli mostra ao seu batalhão que é preciso disciplina para cumprir com o dever e para vivermos. Ele exemplifica ao mostrar que as imperfeições nas trincheiras construídas pelos soldados, pela falta de disciplina, poderiam levá-los à morte. Também é assim na nossa militância, quando perdemos o horário ou descumprimos uma proposta, perdemos a possibilidade de realizar mais debates ou fazer uma luta.
Também chama a atenção a luta contra o individualismo e pela prioridade que o coletivo tem. Durante a história, Momych-Uli faz o máximo para manter os soldados cuidando uns dos outros e vivendo coletivamente. Em uma passagem do livro, um soldado foge do combate com medo da desvantagem, abandonando os camaradas do destacamento, Momych-Uli o crítica e o expulsa, justificando que essa é uma atitude individualista, portanto, inaceitável, uma mostra de como é preciso praticar a crítica e autocrítica, combater a autossuficiência para construir um trabalho mais sólido.
Estudar e lutar!
O livro é uma representação das lutas que enfrentamos na nossa militância. Aleksandr Bek viu a batalha aberta contra o nazismo e pela derrubada global do capitalismo, mas também os inimigos ideológicos. Lutar contra esses inimigos é fundamental para nos formarmos como quadros da revolução e melhor servirmos ao partido e ao povo.
A leitura nos inspira diariamente a combater esses inimigos que atuam no nosso psicológico. Sempre estamos sendo disputados e é preciso uma resistência diária. Não faltar às reuniões, ter a leitura individual em dia, cumprir e acompanhar as propostas aprovadas em coletivo,
Como disse o general Panfilov em uma passagem: “De nada servirá um comando genial se a preparação do soldado é insuficiente”. Isso reforça a nossa formação comunista e revolucionária. Nos lembra cotidianamente da tarefa que temos diante de nós: derrubar o sistema que hoje é responsável pela falta de moradia, pelas guerras e genocídios e pela fome no Brasil e no mundo. Para isso, é preciso abnegação e senso de coletividade. A leitura é uma das formas de adquirirmos essas características, e Às Portas de Moscou é um lembrete de que a luta de classes existe em todos os terrenos. Sua leitura é imprescindível.