UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Vila Esperança e Vale da Conquista resistem pelo direito à moradia no Espírito Santo

Leia também

Moradores da Vila Esperança e Vale da Conquista, em Vila Velha (ES), resistem à reintegração de posse e lutam pelo direito à moradia.

Caio Coutinho e Joana Ruffo | Espírito Santo


Os moradores da ocupação Vila Esperança e Vale da Conquista estão, desde segunda-feira (01/09), acampando e protestando em frente ao Palácio Anchieta, sede do Poder Executivo do Estado do Espírito Santo, lutando contra o processo de reintegração de posse de suas residências e exigindo uma ação por parte do governo do estado, representado pelo omisso governador Renato Casagrande (PSB). A Unidade Popular está presente desde o primeiro dia, denunciando a especulação imobiliária, a violência do Estado burguês e ajudando com alimentação, remédios, além de divulgar fortemente os acontecimentos. A única alternativa proposta até então foi uma proposta vexatória de compensação para os moradores. Você, trabalhador, acharia viável demolir a sua casa e a de sua família em troca de uma parcela única de dois mil e duzentos reais?

De acordo com a prefeitura de Vila Velha (ES), a resposta é sim: essa foi a proposta apresentada para efetivar a reintegração de posse do terreno onde mais de 3.500 pessoas residem, nas denominadas ocupações Vila Esperança e Vale da Conquista, em Vila Velha. De forma resumida, essas duas ocupações surgiram em 2016 devido a outra reintegração de posse em um complexo residencial abandonado nas proximidades. Inicialmente composto por 130 famílias, o número de moradores cresceu rapidamente devido ao grande aumento no preço dos aluguéis, causado pela especulação imobiliária cada vez mais acirrada no estado.

É importante ressaltar também que não se trata apenas de moradia. Trata-se de um importante local de construção de afetos, com horta comunitária, ações sociais como o Quintal Quilombo e creches comunitárias para as mais de 500 crianças que ali residem. Enfim, o próprio direito de viver em comunidade e de se sentir pertencente a ela.

Mas sabe o pior disso tudo? A prefeitura de Vila Velha já havia autorizado o local como utilidade pública para fins sociais! Já havia um acordo fechado entre os moradores e os donos para efetivação de um plano de moradia popular na gestão anterior, restando apenas o pagamento a ser concluído. Mas a atual gestão, representada pelo prefeito populista “Arnaldinho” Borgo (ex-PODEMOS), voltou atrás e decretou a reintegração de posse em março deste ano, a qual foi impedida através de muita luta dos moradores e anulada formalmente pelo STF por não apresentar sequer um plano de realocação. Porém, no dia 20 de agosto de 2025, a prefeitura novamente iniciou o processo de reintegração com um “plano” que se mostrou uma verdadeira esmola: um pagamento único de pouco mais de dois mil reais para 150 famílias, de um total de 800. Mas afinal, a quem interessa desapropriar tanta gente de suas terras?

Interessa aos ricos e aos empresários, em especial o grupo Alphaville e Eduardo Balestrassi, que possuem mais de 50 processos de grilagem de terras e desejam construir um condomínio de luxo no local. O prefeito, inclusive, curiosamente, mora em um condomínio de luxo deste mesmo proprietário.

A luta não para. As famílias de Vila Esperança e Vale da Conquista, compostas majoritariamente por pessoas negras, crianças, idosos e chefiadas por mulheres, continuam resistindo e lutando, e não vão parar até terem seus direitos constitucionais garantidos. Abaixo a especulação imobiliária! Vila Esperança permanece!

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos