Desde 2009, o prédio da Faculdade de Odontologia de Pernambuco da Universidade de Pernambuco não recebe manutenções e foi condenado em 2019 à desocupação pelo risco de desabamento. Apesar da promessa da construção de casas para famílias sem teto, seis anos se passaram e a construção continua abandonada e sem função social.
Vitor Cesar e Evelyn Dionízio | Camaragibe – PE
EDUCAÇÃO – Não é incomum ouvir reclamações sobre a estrutura das repartições públicas e como influencia diretamente na vivência das pessoas que frequentam esses ambientes. Todos sofrem com a falta de zelo e abandono do governo do estado, seja um trabalhador da própria repartição ou um usuário.
Um caso em especial é do antigo prédio da FOP-UPE (Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco) localizado no bairro de Tabatinga em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. O prédio – com terreno ao redor igualmente grande – foi, por 43 anos, um local de aprendizado e apoio à saúde da população na região. Porém, devido a falta de recursos e o descuido por parte do governo do estado, o que era para ser um marco para a saúde e educação se tornou um símbolo de desprezo e negligência.
Abandono que virou moradia
Desde 2009, o prédio não recebe as devidas manutenções e em 2019 foi condenado à desocupação pela Defesa Civil pelo risco de desabamento. Os furtos de equipamentos e materiais da estrutura local agravaram o cenário de abandono, tornando o que antes era uma autarquia de ensino em ruínas a céu aberto. Os alunos foram largados em diversos prédios da UPE, até que, por pressão popular, em dezembro de 2024 a Universidade anunciou a construção de um novo prédio sede para a Faculdade de Odontologia.
Enquanto isso, diversas famílias desabrigadas começaram a ocupar o imóvel desativado, pois encontraram ali uma oportunidade de ter onde morar. No entanto, em meio a pandemia da COVID-19 no ano de 2020, a UPE decidiu por ameaçar essas famílias com o despejo forçado caso elas não desocupem o espaço por espontânea vontade. Apesar das promessas de disponibilizar o terreno com 4.179,93m² para a construção de moradia através do programa Minha Casa Minha Vida, seis anos depois ainda não há avanço, o que faz com que mais de 80 famílias permaneçam desamparadas e largadas à própria sorte.
Cortes na educação é a causa
A política de Teto de Gastos, aprovado pela Emenda Constitucional n° 95, congela e determina que o Estado brasileiro não pode “gastar” com as áreas sociais mais do que a inflação acumulada do ano anterior. Por outro lado, a medida não impõe esse teto para gastos com o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública, que destinou 46% do orçamento federal para os bancos e acionistas em 2022, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida.
No final das contas, sejam governos de extrema-direita ou governos da social-democracia, os cortes da educação continuam acontecendo. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), por exemplo, contou com menos de 70% dos recursos necessários para funcionar em 2025. O orçamento caiu de R$ 143,1 milhões para R$ 74,6 milhões, como já denunciou o Jornal A Verdade. O futuro das Universidades Públicas brasileiras é o sucateamento e cada vez mais a educação é transformada em mercadoria para que um punhado de bilionários continuem recebendo auxílio do governo. Apenas a mobilização dos estudantes e greves dos servidores públicos é capaz de frear essa realidade.