Mais de 1.400 estudantes que votaram nos dias 23 e 24 de setembro em todos os departamentos do campus e elegeram a chapa do Correnteza para dirigir o Diretório Central dos Estudantes da UEL. Chapa Sacode a Poeira foi inspirada no jornal e movimento estudantil da década de 70 que enfrentou a ditadura militar em Londrina (PR).
Helloisa Ramos, Tawana Tayná, Theo Duarte | Redação Paraná
JUVENTUDE – Reacendendo a chama da história do Movimento Estudantil na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, a chapa “Sacode Poeira: A UEL vale a luta!”, construída pelo Movimento Correnteza, realizou uma campanha eleitoral e uma eleição histórica para a próxima gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade.
Foram mais de 1.400 estudantes que votaram em todos os departamentos do campus. “É uma responsabilidade imensa. Porque todo mundo sabe que é necessário, um Movimento Estudantil e um DCE fortes pra representar os estudantes. Muita gente não sabia o que era o DCE e ficava animado em saber que existe esse espaço para ser a voz deles e os representar”, disse Vitor Hugo Mendes, estudante do 2 ano de Física e militante do Movimento Correnteza.
Poeira: jornal político de resistência
O Jornal Levanta, Sacode a Poeira e dá a volta por cima – ou apenas Poeira – foi uma publicação feita por cerca de 300 estudantes da UEL entre 1974 e 1978, durante a ditadura militar fascista. Além de ser um jornal, o Poeira se tornou um símbolo e sinônimo do movimento estudantil da UEL naquele período e da chapa que venceu as eleições ao Diretório Central dos Estudantes da época.
À frente do DCE e de vários diretórios setoriais da UEL, o Poeira elegeu representantes estudantis em conselhos de Administração, Universitário, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, contradizendo o modelo de ensino superior da ditadura e controlado pela reitoria.
Com o Poeira, os estudantes de Londrina conquistaram o direito à meia passagem de ônibus, derrubaram a obrigatoriedade dos exames finais, derrotaram o projeto de repressão interna e principalmente, lutaram para transformar a universidade em pública e gratuita. Também se somaram aos estudantes brasileiros pela reconstrução da União Nacional dos Estudantes e a União Paranaense de Estudantes na luta pelas eleições diretas para presidente, contra a censura, pela liberdade de imprensa e pelas liberdades democráticas.
DCE de ação na luta pelos estudantes
Quase 50 anos depois, a luta dos estudantes continua. Apesar de o povo ter derrotado a ditadura militar fascista, ainda precisamos lutar por direitos básicos como o fim da escala 6×1, o congelamento do preço dos alimentos e por políticas de permanência estudantil. As 80 vagas oferecidas na moradia estudantil da UEL, por exemplo, são insuficientes para atender aos 15 mil alunos, além do preço do Restaurante Universitário, que atualmente é um dos mais caros do estado e custa R$ 4,70.
“Para levar adiante a luta do Poeira e a combatividade dos camaradas que vieram antes de nós, temos pela frente a tarefa de construir um DCE que seja capaz de envolver todos os Centros Acadêmicos da UEL! Por isso, convidamos a todos os estudantes da Universidade Estadual de Londrina que procure o Diretório Central dos Estudantes, filiem-se ao Movimento Correnteza e à Unidade Popular, tragam suas reivindicações, sugestões e façam parte desta importante entidade. Apenas por meio da nossa organização e da luta pelo socialismo é que sairemos vitoriosos, rumo à conquista de nossos direitos e capazes de escrever um nova história no norte do Paraná”, diz Theo Duarte, estudante da UEL.