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domingo, 23 de novembro de 2025

Tarifa Zero: o povo quer andar, mas a burguesia bloqueia o caminho

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Enquanto a população brasileira compromete cerca de 30% da renda familiar em um transporte público precário e caro, o debate sobre a Tarifa Zero ganha força no país.

Luna Zanetti e Cacau dos Anjos | Belo Horizonte (MG)


JUVENTUDE – Um dos principais problemas sentidos pelo povo trabalhador brasileiro é o do transporte coletivo e da mobilidade urbana. Altas tarifas são cobradas, um péssimo serviço é entregue e, ainda assim, as empresas responsáveis por garantir o serviço garantem lucros exorbitantes através dos subsídios e da exploração dos trabalhadores.

Não é difícil perceber os problemas ao entrar no ônibus em horário de pico: veículos sem ar-condicionado ou com o equipamento quebrado; o botão de parada sendo a voz dos trabalhadores, que precisam gritar para conseguir descer; o tempo que passamos dentro do transporte para chegar na aula e no trabalho e muito mais…

Tarifa Zero

Hoje, a população chega a usar, em média, 30% da renda familiar para pagar o transporte. São 138 cidades no Brasil onde já foi implementado a Tarifa Zero. Em Belo Horizonte, a cidade com o segundo pior trânsito do Brasil, a tarifa é R$ 5,75, chegando até R$ 20 na Região Metropolitana – sem contar que o preço aumenta anualmente.

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, publicada em fevereiro de 2025, comparou 57 cidades com Tarifa Zero com outras 2.731 que ainda cobram passagem. De acordo com os levantamentos, a gratuidade dos ônibus resultou em um aumento de 3,2% de empregos, 7,5% de empresas, redução de 4,2% de emissão de gases poluentes e diminuição das mortes no trânsito. São Caetano do Sul (SP) implantou a Tarifa Zero e viu o trânsito reduzir, com a retirada de 1.500 carros das ruas por hora.

Esse projeto, pautado também pelo Governo Federal, é pensado a partir de subsídios das prefeituras, além do pagamento obrigatório das passagens às empresas que contratam trabalhadores com carteira assinada. Dados apontam que se as empresas pagarem R$ 220 por trabalhador, seria possível arrecadar R$ 100 bilhões por ano, valor suficiente para financiar o transporte no país inteiro.

Logo, não há dúvidas de que a Tarifa Zero significaria uma mudança radical na vida das famílias trabalhadoras, que usariam a renda para outros fins e teriam um melhor acesso à cidade, cultura e até mesmo um melhor fluxo do trânsito.

A Batalha da CMBH

Em Belo Horizonte (MG), a bancada progressista da Câmara Municipal, liderada pela vereadora Iza Lourença (PSOL), protocolou o PL 60/2025, que visava a garantir o “Busão 0800” na capital mineira. O projeto, já muito avançado nas tramitações das comissões, foi colocado para votação no plenário no dia 03/10.

Foram mais de 300 estudantes e trabalhadores que ocuparam o plenário após intensa repressão dos seguranças, além de outras milhares de pessoas que ficaram do lado de fora da Câmara Municipal, cuja mesa diretora tentou impedir que a população entrasse na “casa do povo”, agredindo estudantes e trabalhadores. Durante o show de horrores e covardia que foi a votação, com 33 votos contra e 11 a favor, os estudantes fizeram um jogral e mostraram a força do povo organizado, amedrontando os vereadores reacionários, que saíram intimidados.

Mobilidade urbana

Pensar a mobilidade urbana é dar dignidade para a vida do povo pobre brasileiro. Os protagonistas desse debate não devem ser os que andam em carros de luxo e helicópteros, mas sim aqueles e aquelas que sofrem com a exploração desumana do sistema capitalista, a classe trabalhadora.

Mas só a Tarifa Zero não resolve todos os problemas. É urgente a construção de uma luta nacional pela estatização do transporte, para arrancar das mãos da máfia o que é nosso por direito. É preciso construir uma nova sociedade para acabar com a farra dos empresários capitalistas que lucram com nosso sofrimento.

Matéria publicada na edição nº324 do Jornal A Verdade.

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