Em um criminoso ato racista, o jovem João Victor, de 23 anos, foi assassinado por um empresário que dirigia um veículo, porque teria o “confundido” com um asssaltante.
Redação RN
Na sexta-feira, dia 07, próximo às 23H30, João Victor, um jovem negro trabalhador da Teleperfomance, empresa de telemarketing localizada em Emaús (Parnamirim), estava voltando para casa com seu pai em uma moto quando foi atropelado por uma caminhonete repentinamente.
Douglas, um empresário proprietário de uma pizzaria, é o único e principal suspeito que teria perseguido e jogado o carro por cima do pai e do filho que voltavam do trabalho, alegando ter confundido os dois com bandidos. Após o atropelamento, o suspeito teria revistado as vítimas feridas ainda no chão.
Após o ocorrido, o empresário tentou fugir, mas foi contido por pessoas que presenciaram o acontecimento. João Victor trabalhava na Teleperformance nos últimos horários do dia (fechamento), no produto TAP (TAP Air Portugal), empresa de atendimento para viagens aéreas.
Ao falar com trabalhadores da Teleperformance, e da mesma operação, fomos informados que não houveram comunicados oficiais nem informais. Após a perda, a empresa manteve em funcionamento normal, amigos que trabalhavam precisaram voltar a trabalhar normalmente, mesmo com a ausência de João Victor.
A multinacional que esbanja modernidade e direciona campanhas de vagas de trabalho entre os jovens, é famosa entre os trabalhadores pela jornada exploratória, constantes assédios e abusos que apesar de denunciados, são silenciados.
IMPUNIDADE
Ao ser procurada pela imprensa local, a polícia civil não se declarou, porém foi aberto um boletim de ocorrência por agentes de transporte e trânsito (STTU), categorizado como acidente de trânsito e não tentativa de homicídio motivada por racismo (A real situação).
O ocorrido entra como mais uma estatística de morte da população negra, que por sua vez foi silenciada. O caso lembra o assassinato de Barbara Nascimento, assassinada pela policia no dia 12 de Abril desse ano. Assim como ela, João Victor era trabalhador sob a escala 6×1, apesar de todo o esforço para proporcionar uma vida digna para sua família, foram brutalmente assassinadas pela política de morte que o capitalismo proporciona à população negra.
Assim como o caso de Bárbara e tantos outros no estado e no país, até o momento não houve punição aos seus assassinos. Casos como esses, se somam a um histórico de impunidade, lutar pela memória e pela justiça é um direito da família e amigos.
Infelizmente a posição de João Victor será substituída como se fosse uma ferramenta e não um ser humano. Um trabalhador jovem foi assasinado apenas por que era negro e estava em uma moto com seu pai, não descansaremos até que haja justiça, reparação e paz.