O Grêmio Estudantil Emmanuel Bezerra (GEEB-IVP) faz recuar a gestão autoritária do Instituto Vivaldo Pereira, em Currais Novos, e segue atuando na escola mobilizando os estudantes
Gabriel Borges | União da Juventude Rebelião (RN)
JUVENTUDE – Depois de dias enfrentando arbitrariedades, perseguição política e tentativas explícitas de silenciar a organização estudantil, o Grêmio Estudantil Emmanuel Bezerra (GEEB-IVP) acaba de conquistar uma vitória histórica no Instituto Vivaldo Pereira, em Currais Novos/RN. Desde que os estudantes passaram a reivindicar o básico — uma sala para funcionar — a gestão escolar desencadeou uma ofensiva autoritária. Mesmo com diversas salas vazias e desativadas, a direção se recusou repetidamente a garantir um espaço, dificultando reuniões e inviabilizando o funcionamento regular do grêmio, fundado em 23 de outubro e eleito democraticamente no dia 30 do mesmo mês.
A perseguição começou quando os estudantes realizaram um ato pacífico de colagem de cartazes, cobrando aquilo que toda entidade estudantil precisa para existir, a gestão respondeu da pior forma possível: com ilegalidade. Sem diálogo, sem notificação e sem o direito de defesa, a direção anunciou a suspensão das atividades do GEEB-IVP. No entanto, a própria legislação brasileira é clara: não existe, em nenhuma lei, qualquer previsão de “suspender grêmio estudantil”. A Lei do Grêmio Livre garante autonomia plena às entidades estudantis, protegendo justamente contra esse tipo de abuso.
Vitória dos estudantes
Diante da arbitrariedade, o Grêmio não recuou. Protocolou um documento de defesa na 9ª DIREC, denunciando todas as irregularidades cometidas pela gestão. E foi quando aquilo que as direções autoritárias mais temem aconteceu: a verdade veio à tona. Foi reconhecido que o GEEB-IVP não cometeu nenhuma irregularidade, que o ato pacífico dos estudantes foi legítimo e que a medida da direção escolar era ilegal e nula, por violar a autonomia garantida às organizações estudantis.
A vitória do Grêmio expôs, de forma clara, o abuso cometido pela direção e reforçou a importância da organização da juventude dentro das escolas. Mas a perseguição não terminou com o protocolo do documento, após o grêmio publicar sua nota de repúdio e divulgar o vídeo entregando a defesa à 9ª DIREC, uma onda de hostilidade tomou conta da escola. Estudantes — e até ex-estudantes — manipulados passaram a atacar verbalmente os membros do grêmio, colando cartazes e tentando constranger quem ousou enfrentar as arbitrariedades. A gestão permaneceu em silêncio, alimentando um clima que lembrava antigos métodos autoritários que a ditadura militar usava para destruir o movimento estudantil e perseguir os estudantes.
O Grêmio Emmanuel Bezerra está oficialmente de volta, mais forte, mais consciente e com sua legitimidade reconhecida por instância superior. A tentativa de perseguição fracassou — e, ironicamente, apenas reforçou a importância de um grêmio ativo, combativo e independente, fiel à memória de Emmanuel Bezerra, estudante potiguar torturado e assassinado pela ditadura militar fascista. O que aconteceu no Instituto Vivaldo Pereira não é um episódio isolado: faz parte de um cenário nacional onde a juventude enfrenta velhas estruturas de poder dentro das escolas. Mas também faz parte de uma nova fase histórica: a fase em que os estudantes não se calam mais.