Os trabalhadores das obras da Refinaria Abreu e Lima e do complexo petroquímico de Suape, localizadas em Ipojuca na Região Metropolitana do Recife-PE, realizaram duas greve em menos de dois meses. O motivo da última greve, que teve início dia 30 de outubro, foi o descumprimento do acordo coletivo de equiparação salarial entre as empresas do complexo, que pagavam salários diferenciados por trabalhadores que exerciam a mesma função. A diferença chega a ser de até 47%.
Do mesmo modo como tem reprimido as lutas operárias, o Tribunal Regional do Trabalho decretou a ilegalidade do movimento no dia 16 de novembro, e logo a Polícia, a serviço dos patrões, desencadeou uma brutal repressão, abrindo fogo contra os manifestantes e deixando dezenas de operários feridos.
A maior repressão aconteceu quando os trabalhadores marchavam em direção à PetroquímicaSuape, onde iriam se reunir em assembleia na sexta-feira, dia 16. Quando os trabalhadores estavam próximos da portaria, foram reprimidos com bombas de efeito moral e balas de borrachas. Revoltados com a violência da Polícia, os funcionários que estavam na parte de dentro saíram em passeata para se unir a um grupo do lado de fora e realizar mais uma assembleia, que aprovou a continuidade da greve.
Na segunda-feira, dia 19, o aparato policial era gigantesco: cinco ônibus do Batalhão do Choque, dois helicópteros, dezenas de motos e dezenas de viaturas policias, dois caminhões pipas e um veículo do corpo de bombeiros, além da infiltração de agentes da polícia civil e militar entre os operários para descobrir e prender os principais dirigentes do movimento grevista. No dia 21, os operários retornaram ao trabalho.
Rodrigo Rafael, presidente do Sindtêxtil-Ipojuca