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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A importância das lavanderias comunitárias para as mulheres pobres

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LavanderiaAinda é muito grande o número de mulheres que têm como exclusividade o cuidado com os filhos, com o marido e com as tarefas de casa, restando-lhe pouco tempo para a vida política. Um exemplo desse trabalho opressor e mesquinho é a lavagem de roupas em casa ou no trabalho das empregadas domésticas.

Dona Carmen Lúcia, que mora em João Pessoa com o esposo e quatro filhos atrás da casa de sua sogra, nos relata: “Às nove horas, acabo de fazer o almoço, arrumo a casa e passo o resto da manhã lavando roupa. À tarde engomo a roupa limpa e, no começo da noite, guardo. Esta é minha rotina todos os dias”.

É difícil imaginar que, mesmo com os avanços tecnológicos e o orçamento cada vez mais apertado do brasileiro, ainda haja gente que sustente sua família lavando “roupa de ganho”, mas esta realidade está presente na vida de milhares de mulheres no Brasil.

A profissão de lavadeira é bem antiga na humanidade e, em algumas cidades, já deixou até de existir.  Em determinado momento, a lavagem de roupas se transformou em serviço e depois empresas criaram lavanderias, que, depois da forma manual, passaram a ser mecanizadas, mas devido ao preço, não atingiu diretamente as mulheres mais pobres, que são a maioria da população. Na década de 1980, com objetivo de proporcionar fonte de renda e inclusão social de inúmeras famílias brasileiras, foram criadas algumas lavanderias comunitárias. Esta atividade faz a diferença na obtenção de renda das famílias, sem contar o tempo que lhes sobra para a família, para o lazer e para a vida social dessas mulheres.

Em agosto deste ano, a Prefeitura Municipal de João Pessoa inaugurou uma Lavanderia Comunitária na comunidade Padre Hildon Bandeira.  “Com o objetivo de formar um centro de inclusão produtiva, essa lavanderia comunitária proporciona não só um espaço onde as famílias vão lavar suas roupas, mas uma forma de geração de emprego e renda em economia solidária”, afirma Wanessa Costa, coordenadora da lavanderia e militante do Movimento de Mulheres Olga Benário na Paraíba.

Ela conta também como a lavanderia funciona e como pode melhorar a formação política dessas mulheres: “Temos dois tipos de público; primeiro, aquelas mulheres que lavam roupa por profissão e que, com inauguração da lavanderia, passaram de vinte para oitenta; além daquelas que, por falta de espaço em suas casas, já que a maioria das casas da comunidade não tem quintal, lavam as roupas de seus familiares sem nenhum custo, garantindo assim que lhes sobre mais tempo durante o dia, pois o trabalho diminuiu pela metade. Pretendemos trabalhar a formação política dessas mulheres e as qualificar para o trabalho”.

Dona Firmina, lavadeira há mais de 40 anos, relata: “Antes eu lavava uma trouxa de roupa por dia e hoje, com a lavanderia comunitária, que tem máquinas de tipo semi-industrial, faço o mesmo trabalho em duas horas e, à tarde, participo das capacitações e cursos de qualificação para o trabalho oferecidos pela lavanderia. Estou muito feliz e com mais tempo para meus netinhos”.

Desta forma, as lavanderias comunitárias são um importante passo para diminuir a carga de trabalho doméstico que recai sobre mulheres pobres. Por isso, é preciso que as comunidades se mobilizem para a conquista desse direito.

Rosilene Santana, do Movimento de Mulheres Olga Benario (PB)

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