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quinta-feira, 28 de março de 2024

Estado levou Lucas com vida e entregou seu corpo 15 dias depois

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Após 15 dias, familiares e amigos recebem a notícia confirmando que o corpo encontrado no Parque Natural Municipal do Pedroso é do garoto Lucas Eduardo no ABC Paulista, comprovando seu assassinato.

Jorge Ferreira
UP – Santo André


Fotos: Jornal A Verdade

Nas primeiras horas do dia 13 de novembro, o estudante Lucas Eduardo, de 14 anos, saiu de casa pra comprar refrigerante, na Favela do Amor, periferia de Santo André, no ABC Paulista, e nunca mais retornou. Um morador da região disse ter visto um jovem sendo agredido por policiais militares próximo da casa de Lucas. Sua mãe, Maria Marques dos Santos, relatou ainda ter ouvido seu filho gritar “eu moro aqui” antes de desaparecer.

Daí em diante, foram 15 dias de angústia, sem nenhuma informação do paradeiro do adolescente. O governador João Dória não se pronunciou nenhuma vez. A polícia civil, que está sob seu comando, prendeu no dia 19/11 a mãe de Lucas enquanto ela prestava um depoimento na SHPP (Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Santo André, alegando cumprir mandado de prisão por tráfico de drogas. Apesar dela ter sido inocentada em 1ª instância, o Ministério Público recorreu e conseguiu a condenação. Familiares e moradores apontaram que a prisão foi uma tentativa da polícia tirar o foco da investigação.

No dia 15 de novembro, enquanto ocorria uma forte manifestação no bairro onde Lucas morava, os familiares receberam a notícia de que um corpo havia sido encontrado no Parque Natural Municipal do Pedroso. Apesar de alguns familiares confirmarem o reconhecimento do corpo como sendo do garoto Lucas, outros não tiveram certeza, e por isso foi necessário a realização de um exame de DNA. A confirmação veio na tarde dessa quinta-feira, 28, pelo delegado seccional de Santo André, Francisco José Alves Cardoso.

O estudante Lucas se soma aos milhares de jovens negros assassinados pelo estado todos os anos. A situação de sua mãe é a síntese da condição que é submetida milhões de famílias. Isso porque o sistema capitalista, num país forjado na escravidão da população negra, nunca reconheceu os negros e negras como cidadãos brasileiros. Pelo contrário, os condena à miséria, ao cárcere, assassina seus filhos, e se possível, ainda lucrará com sua dor.

Para que outros Lucas possam retornar para casa depois de comprar um refrigerante, é urgente colocar um fim no projeto de genocídio da população negra que está em vigor desde que se batizou essas terras pelo nome de Brasil. E para isso, de nada adiantará meia dúzia de negros chegarem no topo desse sistema. Essa pirâmide continuará sendo sustenta pelo sangue negro da maioria do povo brasileiro. É necessário lembrá-los que a cada Lucas que eles tombam, milhares se levantam, não para chegar no topo, mas para destruir esse sistema e conquistar a verdadeira libertação para o povo negro.

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