Dupla exploração da mulher beneficia patrões

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Segundo dados de pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, 52% das mulheres compõem a População Economicamente Ativa (PEA). Destas, apenas 26% estão empregadas no chamado mercado formal, ou seja, possuem carteira de trabalho assinada e direitos trabalhistas. As demais trabalham sem registro ou por conta própria, fazendo bicos. Em 2010, quase 40% chefiavam suas famílias, sendo o seu salário o único da casa ou sua principal fonte de sustento. Apesar de a Constituição Federal brasileira prever que não pode haver diferenciação salarial por conta do sexo, a mulher continua a receber salário inferior ao dos homens pelo mesmo trabalho. Segundo pesquisa realizada em fevereiro deste ano pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário delas corresponde a apenas 75,7% do que os homens recebem pela mesma função.

(…) Considerando que ficaremos famintos, se suportarmos que continuem nos roubando, queremos deixar bem claro que são apenas vidraças que nos separam deste bom pão que nos falta.
(Resolução – B. Brecht)

Além de trabalhar fora, a mulher ainda é a principal responsável pelo trabalho doméstico. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, se o trabalho realizado principalmente por mulheres, em casa, fosse contabilizado pelo Produto Interno Bruto do país, nosso PIB aumentaria 10,3%. Segundo essa mesma pesquisa, as mulheres dedicam cerca de 20,9 horas semanais, além da jornada de trabalho, aos afazeres domésticos, porém não recebem nada por isso.

Na realidade, esse trabalho, invisível, fundamental e infindável, favorece aos capitalistas, aos patrões e ao Estado burguês. Isso porque eles não precisam investir em creches, em restaurantes e lavanderias coletivas, já que a mulher realiza tudo isso em casa e de graça. O trabalho doméstico, apesar de imprescindível, é altamente desvalorizado socialmente e aprisionador da mulher ao lar.

Por outro lado e como parte dos problemas que sofrem as trabalhadoras, apenas 13 de cada 100 crianças têm vagas garantidas em creches. O cuidado com as crianças, que deveria ser uma tarefa coletiva, garantida pelo Estado, também recai sobre os ombros das mulheres, que devem se desdobrar para trabalhar, cuidar de casa e ainda conseguir um local em que seus filhos possam permanecer durante o período em que estão fora.

As mulheres trabalhadoras contribuem com seu trabalho para a construção de todo o país. Toda a riqueza desta nação tem a marca de suas mãos e de seu suor: trabalham nos campos, plantando e colhendo os alimentos; trabalham nos supermercados, distribuindo esses alimentos; estão nas escolas, alfabetizando e educando os filhos e filhas da classe trabalhadora; e trabalham também em casa, alimentando a família e cuidando das crianças.

Nos períodos de crise capitalista, como a que vivemos agora, são as primeiras a ser despedidas ou contratadas como mão de obra mais barata e sem direitos; são a maioria entre os trabalhadores que trabalham sem carteira assinada.

Sob o capitalismo as mulheres são, portanto, duplamente exploradas. Exploradas enquanto trabalhadoras, tendo o fruto de seu trabalho roubado pelos patrões, recebendo baixos salários e precária condição de trabalho e oprimidas em casa, sendo responsabilizadas por um trabalho que não deveria ser apenas seu.

É preciso dar um basta a tamanha exploração. Exigimos a redução do preço dos alimentos. Exigimos creches para nossas crianças, nos locais de trabalho e nos bairros onde moramos. Exigimos salário igual para trabalho igual. Queremos redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

De agora em diante, mulher trabalhadora, o que nos espera é a luta, luta por um mundo mais justo, no qual possamos usufruir do fruto de nosso próprio trabalho. Esse mundo mais justo se chama socialismo, e o conquistaremos com a nossa união, organização e luta ao lado de todos os trabalhadores.

Movimento Luta de Classes (MLC)

Movimento de Mulheres Olga Benário